Capítulo VI

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Louis


Por um minuto fiquei encarando e tentando entender de quem exatamente ele falava. Eu o conhecia tempo o suficiente e não fazia ideia de quem ele estava falando.

- Você, está brincando? - Ele era um homem lindo e qualquer um concordaria com isso.

- Infelizmente, não. - Disse ele, mantendo o personagem, interpretando fielmente '' Edward''.- Eu sou apaixonado por esse homem já tem um bom tempo, mas ele não consegue enxergar isso.

- Lamento, amar e não ser correspondido é uma droga. - Falei seriamente.

- Verdade, é sim, mas estou disposto a fazer o que estiver no meu alcance pra provar a ele que eu sou o homem certo. - Ele fixou seus olhos nos meus enquanto pronunciava todas aquelas palavras.

Bem, se ele ama tanto esse homem, porque diabos ainda não se declarou?

- Ele sabe dos seus sentimentos? 

- Acho que não, ainda não. Ele é um pouquinho cego eu acho. - Disse sorrindo. - Mas eu tenho esperança de que ele consiga abrir os olhos logo e perceba que eu posso ser o homem da vida dele. - Os olhos dele brilhavam tanto que poderiam ser confundidos com ás mais belas joias.

- Nossa, você parece ser apaixonado mesmo por ele. - Senti um leve incomodo no peito, como se algo estivesse apertando o meu coração. - Espero que um dia esse cara deixe de ser tonto.

Ele abriu a boca para falar, mas logo acabou desistindo e direcionou a atenção para os caros sapatos.

Quantas vezes eu tinha reclamado enfurecido para Harry, chorando em seu ombro, quando terminei com alguém? Por que ele nunca me contou essa história? Fiquei com curiosidade de perguntar quem era esse homem aparentemente cego que não correspondia pelo sentimento? Mas eu estaria sendo invasivo demais.

O comissário veio tirar nossos pratos de sobremesa e servir mais café.

- E quanto a você Lou, já namorou alguém comum. Um artista faminto por exemplo?

Essa pergunta me pegou totalmente de surpresa.

- Nunca namorei alguém assim. - Alguém que fosse como Harry quando chegou em Montreal. Será que esse era o ponto da pergunta?

- Por que não?

Eu não podia lhe contar sobre a minha teoria de que os opostos se atraem, sobre mim, tão mediano me atraindo por homens incríveis e com certeza eu não queria repetir a nossa conversa de sábado, portanto só sacudi os ombros torcendo para que ele mudasse de assunto.

- Você nunca namorou um homem que fosse apenas um cara legal, normal? - Perguntou erguendo ás sobrancelhas. 

- Bem, na verdade teve um sim. O meu primeiro namorado o Bob. - Eu dei uma risadinha baixinho. - Ele era gordinho e meio nerd. Eu tinha dificuldades em álgebra e por isso acabamos nos aproximando, ele me ajudava depois da escola. Ele era um cara muito legal. - Assenti sorrindo.

- Os caras legais normalmente são os que mais sofrem. - Disse meu parceiro de poltrona, melancólico. - Então, o que aconteceu com o pobre do Bob?

- Eu o levei a minha casa para jantar, empolgado por ter um namorado. Mas foi um verdadeiro desastre. Depois que ele foi embora, meus pais desceram o pau nele. O Bob pretendia trabalhar na loja de materiais de construção do pai dele assim que a escola acabasse, e meu pai disse que eu deveria arrumar um garoto mais ambicioso e minha mãe o achou um idiota sem futuro.

Ele fez uma careta.

- Você despachou o pobre do cara?  

Envergonhado, eu assenti.

The NeighborOnde histórias criam vida. Descubra agora