Capítulo XIV

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Harry passou a noite inteira frustrado porque Louis não estava lá para compartilhar a cama com ele. Por que Louis estava sendo tão resistente?

Ou seu plano teria falhado? No começo ele tinha se deixado levar pela empolgação e não percebeu que seu esquema tinha uma contradição inerente. Ao querer arrebatar Louis, e desejar que o homem o enxergasse de outra forma, ele tinha criado Edward e Brian, homens por quem Louis se apaixonaria. Tinha dado certo........Mas depois de um tempo, Louis reconstruía a barreira entre eles, como se a sua mente o lembrasse que aquele era apenas o seu vizinho.

Mesmo assim, quando Harry estava interpretando aqueles homens, ele falava sobre seus sentimentos, talvez não de modo direto, porém falava. Será que Louis não enxergava o que acontecia entre eles? Apesar da encenação do estranho do trem, era dele que o publicitário estava se aproximando cada vez mais.

Suspirando, ele imaginou que precisava dar um pouco de espaço a Louis. 

Do lado de fora da janela, o dia começava a amanhecer e o impressionante cenário canadense surgia devagar. Seu olhar fotográfico ficou aguçado.

Harry havia trazido sua câmera e as lentes na viagem, sabendo que precisava de mais imagens para a sua exposição, porém, até agora, ele esteve concentrado somente em Louis.

Rapidamente vestiu um jeans e uma camiseta, pegou o equipamento fotográfico e seguiu ao vagão de observação. Estava vazio, exceto por uma senhora idosa, de roupa de corrida vermelha e um livrinho de palavras cruzadas no colo.

- Vejo que não sou o único que acorda cedo. - O fotografo falou com um sorriso gentil.

Ela retribuiu o sorriso.

- Sempre fui de acordar cedo. Tenho o hábito de sair da cama pelo menos duas horas antes do George, meu marido. - Ela gesticulou para a câmera. - Você é fotografo profissional?

Harry assentiu.

- É uma grande paixão, há muito tempo.

O trem passou por uma curva e um tom rosado refletiu no rosto da senhora.

- O amanhecer é meu horário preferido do dia. É tão belo. Não acredito que meu marido prefere ficar dormindo ao invés de comtemplar a divindade da natureza.

Vendo a luz em suas bochechas, tão suave quanto um lenço de papel, o belíssimo cenário atrás dela e o livro de palavras cruzadas, Harry ergueu a câmera. Era uma luz difícil de captar, mas valia a tentativa.

Ele bateu algumas fotos enquanto ela admirava a vista, aparentemente sem notar que ele a estava fotografando.

- Cenário impressionante não é? - Perguntou ela.

- É, sim. - Deu uma olhada nas fotos que tinha tirado e escolheu a melhor. - Olha só que linda.

Ela rapidamente olhou para a câmera e sua mão voou para a testa no mesmo instante.

- Meu Deus. Eu achei que você estivesse fotografando o cenário.

- Sim, mas a senhora faz parte dele. - Disse dando de ombros.

- Você tem talento jovem. - Disse sorrindo, depois observou mais atentamente a imagem.

- Se me der o seu email, eu mando uma cópia para você.

- Que adorável, é logico que vou querer. A propósito meu nome é Elisa.

Harry pegou o caderno que registrava ás informações fotográficas, fez algumas anotações sobre a foto que tirou e anotou o endereço da senhora.

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