Capítulo XV

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Louis

Despenquei na cadeira da minha cabine minúscula, olhando pela janela, mas quase sem notar o cenário da floresta que passava.

Ainda não acreditava no que eu tinha feito. No que ele havia me persuadido a fazer. Sua voz me hipnotizou. Para ser honesto, a ideia de ser fotografado enquanto eu me despia tinha sido excitante.

Confiei nele quando disse apagaria todas ás fotos se eu pedisse. Mas primeiro eu queria dar uma olhada nelas.

No momento em que nós estávamos prestes a transar, eu sai correndo. Me desesperei e sai correndo quando ele olhou dentro dos meus olhos com tanta expectativa ao esperar uma resposta para aquela pergunta. Tive medo, me desesperei e fugi.

Como nós poderíamos voltar a ser o que éramos depois do que ocorreu hoje?

Harry era um homem de quem eu realmente podia gostar. Muito mais que só um amigo............Mas pensar assim era estupidez. Eu queria me casar e ele nunca tinha demostrado a menor inclinação para levar algo a sério. Nesses dois anos em que nos conhecíamos, eu já tinha lhe visto com alguns homens, porém ele sempre me dizia que era só sexo e não os levava a sério. Harry falava repetidas vezes que somente teria um relacionamento quando encontrasse o homem perfeito.

Seria idiotice de minha parte acreditar que eu era o '' homem perfeito'' com quem ele se casaria. Afinal de contas, era só olhar a minha longa lista de relacionamentos fracassados. Eu não devo ser o homem perfeito de ninguém.

Quando estivéssemos de volta a Montreal, ele talvez nem mencionasse os nossos joguinhos do trem. Provavelmente ele iria procurar algum outro homem para se divertir. E...eu me esforçaria para vê-lo como Harry, colocando nossa amizade de volta nos trilhos.

- Cuidado com o que você deseja. - Murmurei baixinho.

Eu estava sempre reclamando que ele nunca mudava a aparência e agora, ele não apenas tinha feito isso, mas acabou me mostrando que poderia ser mais atencioso e excitante do que qualquer homem que eu já tinha namorado.

Logo seria a hora do jantar. Será que eu teria coragem de encará-lo? Eu tinha feito coisas bem malucas, mas nada tão absurdo como um striptease diante de uma câmera. 

Escutei uma leve batia na porta, caminhei vagarosamente com receio de quem poderia ser.

Ao abrir me deparo com o homem que se tornou conhecido e desconhecido ao mesmo tempo. Por um um momento, pensei que ele iria me xingar ou falar qualquer coisa do tipo. Mas, ele não disse nada, apenas me entregou uma caixinha cinza.

- O que é isso? - Peguei a caixinha de veludo e ao abrir me deparei com um lindo colar de beija-flor. O pingente tinha uma linda mistura de verde e azul. - Nossa, isso é lindo demais. Muito obrigado. Qual o motivo desse presente?

Ergui o olhar e nossos olhos se encontraram brevemente.

- Bem....É pra você usar essa noite. - Ele desviou o olhar e começou a torcer os dedos.

- Essa noite?

Harry assentiu.

- Posso te levar pra dançar?

A pergunta me pegou de surpresa, eu realmente não estava esperando por isso. Ele nem ao menos questionou o motivo deu ter saído correndo. Era como se nada tivesse acontecido.

- Claro, eu adoro dançar. 

Meu Deus. Eu não sei mais o que estou fazendo. Nunca me senti tão confuso quanto agora.

Ainda escorado na porta, ele se ofereceu para colocar o colar em mim e logo me puxou para fora do quarto.

- Espera, preciso me arrumar. - Falei enquanto ligeiramente andávamos pelo corredor do vagão.

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