Louis
Depois que deixei a cabine de Harry, passei o resto da noite virando de um lado para o outro na minha cama estreita. Lá fora o céu estava limpo, mostrando a lua cheia e as estrelas pareciam ainda mais brilhantes. A cena era romântica demais e me fez sentir desesperadamente solitário.
A caminho do casamento da minha irmã caçula, eu não tinha apenas perdido o meu acompanhante para a cerimônia, talvez tenha perdido o meu melhor amigo também.
Achei que eu conhecesse o Harry, mas agora eu me sentia como se não soubesse nada dele.
Eu tinha me aberto com ele mais do que nunca. Em parte, por conta do efeito do trem, que diminuía ás inibições. Mas também foi a estranha combinação de tê-lo como um amigo, em que eu podia confiar, e um estranho que não existia de verdade. Para um estranho que eu jamais voltaria a ver, eu poderia contar qualquer coisa.
Mas a pessoa que eu vinha falando era Harry, e claro que eu sabia disso. Eu devia estar inconscientemente buscando uma desculpa para compartilhar mais de mim com ele. E ele não havia me decepcionado. Ele tinha incentivado, aceitado, feito com que eu me sentisse mais satisfeito comigo mesmo.
Quando amanheceu, eu sabia que precisava vê-lo. De jeito nenhum perderia nossa amizade só porque confundi totalmente o jogo com a realidade, e me vi começar a ansiar por um relacionamento verdadeiro.
A ilusão foi um erro meu não dele. Agora, será que poderíamos colocar as coisas de volta aos trilhos ?
Eu não podia fingir que não tínhamos feito sexo. Mas nós precisávamos deixar isso para trás. Afinal, depois que voltássemos para casa, ele começaria a namorar outros homens e eu.....bem, claro que eu voltaria a procurar o meu par, eternamente. Nós não podemos ficar juntos, isso vai ser um fracasso como todos os outros.
Eu tinha um entendimento melhor de onde havia errado. Pensar nisso, talvez, me deixasse animado se eu não estivesse tão aflito pela possibilidade de perder Harry. Não posso perder, ele é importante demais pra mim.
Precisava falar com ele em particular, então resolvi evitar o restaurante e esperar até que terminasse o café. O nervosismo havia tirado toda a minha fome.
Tomei um longo banho, fiquei me lembrando de cada detalhe do banho que compartilhamos. Quando passei a loção de jasmim, pensei nas mãos dele massageando cada pedacinho do meu corpo. As lembranças eram instigantes, mas droga, eu não queria pensar em Harry desse jeito. Por que não consigo pensar nele só como um bom amigo?
Sem clima para me arrumar, apenas coloquei um jeans e uma camiseta velha que achei no fundo da mala. Depois de passar um bom tempo encarando o espelho, endireitei os ombros, ergui o queixo e fui marchando pelo corredor das cabines de descanso, rumo aos quartos elegantes.
Durante a noite mal dormida que tive, fiquei pensando pela primeira vez em uma coisa. Por que Harry tinha se dado ao trabalho de fazer tudo isso? O guarda-roupa sofisticado, a suíte no Royal York, o quarto romântico no trem.
Encarei por alguns segundos a porta do seu quarto.
Uma parte de mim queria sair correndo e se esconder, mas a outra parte torcia par que ele estivesse ali. Respirei fundo e bati firmemente á porta.
- Harry? Sou eu, o Louis.
Lá de dentro, ouvi algo batendo e droga a porta se abriu. Não dava mais para fugir.
- Louis?
Ele parecia não acreditar que eu estava ali.
Fiquei olhando para ele. Descalço, de jeans e o suéter preto, cabelos despenteados e o rosto recém barbeado, ele estava fabuloso. Uma versão de muita classe do meu velho amigo que costumava ser o sinônimo de desleixo.
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The Neighbor
FanficLouis e Harry são apenas melhores amigos e vizinhos de corredor, para a infelicidade do cacheado que nutri sentimentos pelo doce homem de olhos azuis desde o momento em que se mudou para aquele prédio. Quando Louis precisa comparecer ao casamento de...