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Manoela:

Laura ficou em choque e nada mais falou. Peguei o celular de sua mão e pedi informações.

Um policial me informou que seu pai estava em um táxi e foi colidido com um caminhão próximo ao aeroporto. Estavam o levando para o hospital público, mas pedi que o levasse para o HSC, pois a sua filha dele era médica. Agradeci e desliguei.

Laura permanecia em pé no meio da sala.

- Ei, precisamos ir ao hospital. Você tem que vir comigo.

Laura continuou paralisada e levou uns cinco minutos até eu convencê-la a descer comigo, até meu carro e irmos ao hospital. Chegamos em uns dez minutos.

Laura entrou junto comigo, calada e em choque.

- O que houve? - Fernando apareceu. - Hoje é domingo, não?

- O pai de Laura sofreu um acidente e já deve ter chegado.

- Sim, temos um caso no trauma.

Rapidamente Laura correu até o trauma e fomos atrás. Seu pai estava sendo atendido por alguns médicos, mas estava acordado e lúcido.

Laura ficou conversando com o pai, enquanto me afastei e ficou conversando com Fernando sobre a movimentação naquele domingo. Enquanto trocávamos informações, notei que Laura era bem parecida com o pai, tinha herdado a beleza do pai e o gênio, pois o homem parecia cabeça durão e sério igual Laura.

- Então, você estava com a Laura? - Fernando me perguntou e lhe encarei. - Vocês chegaram juntas, não?

- Isso, chegamos juntas. - Fernando permaneceu me olhando e suspirei. - Fui na casa dela, mas assim que cheguei ligaram e informaram do acidente.

- E você foi fazer o que lá?

- Você pergunta demais. - Respondi e ele riu.

- Tudo bem, vou fingir que não existe nada de sexo entre vocês duas. - Ele ergueu as mãos e riu novamente. - Vou fazer minha ronda, chefe.

Fernando saiu para o outro lado e me aproximei de Laura e do seu pai.

- Ah, pai, essa é a Dra. Manoela, diretora-chefe do hospital.

- Oi, boa noite, prazer, sou José Werneck, pai dessa moça. - Ele sorriu e fez uma careta, talvez com dor.

- Oi, o prazer é meu, Sr. José! Está sentindo alguma dor? Como posso ajudar?

- Não, acho que está tudo bem, é que eu não gosto muito de hospitais. - Ele sorriu. - Não sei como minha filha seguiu essa área, eu fazia de tudo para não levá-la na emergência.

Laura sorriu de lado, parecia tímida e envergonhada com a presença do pai.

- Mas ela é uma ótima médica, tenha certeza disso. Se precisarem de mais alguma coisa, podem me chamar.

Antes de me afastar, escutei José perguntar a filha se eu era solteira, então contive o riso e também não me virei para ver a cena, mas queria ter feito.

Fui para a cafeteria e fiquei bebendo uma garrafa de água por uma hora, até Laura me mandar mensagem, perguntando onde eu estava. Logo, ela disse que iria me esperar no estacionamento, pois seu pai já estava bem e iria receber alta.

Fui até o estacionamento e destravei o carro ainda longe, para que ela entrasse primeiro. Entrei quando cheguei próximo e ela estava bebendo uma garrafa de água.

- E aí, como está?

- Com muita fome. Podemos comprar alguma coisa pra jantar?

- Claro, podemos fazer retirada e ir para sua casa, o que acha?

- Tudo bem.

- Quer me contar o que houve com seu pai? - Dei partida no carro enquanto pedia sushi em um dos meus restaurantes prediletos.

- Ele está bem, foi mais o susto. Não fraturou nada. Só estou um pouco irritada, pois ele vai sair do hospital direto para o aeroporto.

- Ele não para? - Questionei.

- Não, ele diz que é igual a fábrica, não pode parar nunca. - Ela revirou os olhos.

Coloquei a mão na sua perna para lhe acalmar, mostrar que que eu estava ali, com ela.

O restante do caminho foi em silêncio, apenas o som calmo da música. No restaurante, a deixei no carro e fui pegar a comida. Em vinte minutos, chegamos em seu apartamento.

- Ele chegou no aeroporto. - Ela disse assim que colocamos à mesa.

- Me dê isso, por favor. - Peguei o celular de sua mão e coloquei no sofá. - Nada de celular durante o restante da noite.

- O que você precisava falar sobre a Juliana?

Servi o suco e o molho shoyu para nós.

- Terminei tudo com ela. Na verdade, avisei que não tenho mais interesse em ter relação sexual ou amorosa com ela.

- Ela reagiu bem? - Ela perguntou, parecia assustada.

- Acho que sim. Não tem por que não reagir bem, terminou, está terminado.

Laura assentiu, enquanto mastigava.

- Você quer falar alguma coisa?

- Nós estamos em que tipo de relação? Olha, Manoela, eu não quero nenhum relacionamento sério agora. Eu gostei de transar, de beijar e tudo, mas sinto que há algo errado, o Marcos virou um amigo íntimo, e eu estar com a mae dele, me deixa mal.

- Somos adultas, Laura. Sabemos o que queremos da vida. Não quero nada sério, até agora, mas quero continuar com você, nem que seja algo casual. - Laura me olhou pensativa. - Mas exclusivo.

- Exclusivo? Não posso transar com mais ninguém?

- Sim.

- Isso é um namoro. - Ela afastou o prato e levantou. Fiz o mesmo. - Sendo que sem o pedido de namoro.

- Mas você quer ficar com mais pessoas?

Laura pegou um vinho gelado da adega e o abriu.

- Ainda não atingi a meta sexual que é fazer um ménage ou uma suruba com umas quatro pessoas, por aí.

Arregalei os olhos e ela deu um gole na garrafa do vinho. Se aproximou de mim, bem colada e sorriu.

- Você topa um ménage?

Segurei sua cintura e ela sorriu. Dei um beijo na sua boca e provei daquele vinho delicioso.

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