Nate Butler só tem três objetivos na vida: aproveitar o máximo as garotas que te dão mole, se divertir muito nas melhores festas, e focar totalmente na sua carreira como futuro jogador de hóquei profissional. Tudo vai conforme o planejado, até que e...
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Uma vitória que nos deixa completamente isolados na liderança do campeonato não é capaz de satisfazer o treinador Harrick, pelo visto. O cara não nos deu nem uma folga, e colocou todo mundo pra fazer exercícios pesados em uma manhã quente de segunda-feira. O time todo está com ressaca — exceto eu, que não passei o domingo enchendo a cara de cerveja e sei lá mais o quê —, e é engraçado ver as caras e bocas que os meus colegas fazem para levantar peso durante os exercícios de musculação na academia.
O que deixa as coisas ainda melhores é que, desde a minha pequena discussão com Gideon naquele outro dia, ele nunca mais tocou no assunto do meu relacionamento com a Carrie. O recado foi dado, e ele é um cara esperto pra saber que deve respeitar o espaço do capitão do time. Nunca me dei tão bem com ele como me dou com os outros, e vez ou outra, acabo captando um olhar feio sendo direcionado a mim, mas não passa disso.
Parece que tudo está nos eixos. Minha reputação como jogador está intacta, e uma vaga no Bruins parece cada vez mais uma realidade palpável. O treinador tem conversado comigo sobre possíveis interesses de times profissionais, e eu tô em êxtase com essa possibilidade. Sei que mereço isso. Você não está olhando pra um moleque; eu posso fazer gracinha às vezes — acho que a vida não deve ser levada tão a sério o tempo todo —, mas ninguém pode negar que eu me dedico ao time, que foco no treinamento até doer os ossos e que dou tudo de mim dentro do rinque.
Além dessa satisfação profissional, ainda tem a Carrie. É meio óbvio que o nosso relacionamento ainda é meio tênue, mas estamos trabalhando nisso dia após dias. Estamos nos fortalecendo. Acho que me abri pra ela de uma forma que jamais fiz pra ninguém, e tenho a leve impressão de que ela fez o mesmo por mim. Ter me contado sobre o que rolou com aquele paspalho do Peter e sobre os seus problemas familiares foi uma baita demonstração de confiança. E a cada dia eu vejo mais, conheço partes dela que eu sei que estão escondidas para o resto do mundo. Eu não quero me achar o tal, o fodão, mas eu estaria mentindo se não dissesse que não quero ser especial pra ela à esse nível. Quero ser o cara com quem ela conta nas horas tristes, ser o ombro amigo para ela chorar, e seu fiel confidente a quem ela pode confiar seus segredos mais selvagens.
Eu amei Hazel. Mas depois que ela se foi, eu me isolei completamente. Nunca deixei alguém entrar de uma forma mais profunda, e só mostrava para as pessoas as partes que eu achava que elas iam gostar mais. As pessoas me conhecem como um cara carismático, cheio de sorrisos descontraídos e uma piada na ponta da língua. Mas eu sou mais que isso. E Carrie parece enxergar isso, porque, de alguma forma, nossas dores, mesmo que antigas, são um pouco semelhantes. Desde que ela chegou na minha vida, eu consigo visualizar um futuro com alguém do meu lado. Esse é o meu último ano na faculdade e eu não sei o que vai ser daqui pra frente, mas de uma coisa eu tenho certeza: se ela quiser vir comigo, eu posso levá-la a qualquer lugar. Eu quero estar com ela, não importa onde.
Vou para o vestiário me preparar pro treino, e como quase sempre, sou o último a sair. Estou prestes a colocar os patins quando noto uma presença estranha pela minha visão periférica. Viro a cabeça e encontro a última pessoa que eu queria ver nesse momento, e deixo claro minha insatisfação.
