Encaixo a chave na fechadura da porta do quarto de Cecília e coloco minha mão na fechadura,respiro fundo tentando controlar as batidas demasiadas de meu coração,e para criar coragem para abrir essa porta e suplicando há Deus que minha filha estivesse bem e....viva.Então abro a porta e reparo que o quarto estava tomado pela escuridão,adentro o quarto e vou andando em passos lentos até a janela,puxo a cortina e abro a janela deixando os raios do sol entrarem no quarto e o deixarem iluminado.
Constato que Cecília estava sentada em sua cama,abraçada com suas pernas e com sua cabeça deitada em seus joelhos e isso me impedia de ver seu rosto.
Respiro aliviada por ver que Cecília não ousou cometer nem um disparate,e vou me aproximando dela em passos rápidos e me sento em sua cama.
Toco em seu braço mas minha filha nem sequer se move.
-Filha....-Eu a chamo chorosa e sorrindo fraco.
Mas é em vão pois Cecília continuava na mesma posição.
-Cecília....todos nós ficamos apreensivos com essa sua súbita idéia de ficar trancada nesse quarto e sem se alimentar por quase 4 dias.Eu digo a analisando receosa mas a mesma não se mexe.
Me aproximo mais de Cecília e levanto seu rosto com as minhas mãos,e meus batimentos cardíacos se aceleram ao constatar que minha filha estava totalmente abatida.
Cecília estava pálida,seus olhos azuis estavam avermelhados e inchados,e transmitiam um sofrimento com uma aflição tão veemente que fez me arrepiar da cabeça aos pés....e ali olhando no fundo dos seus olhos não me deparei com nem um resíduo daquele olhar amoroso mas valente que minha menina sempre carregou em seu semblante.
Ela conduziu o seu olhar para longe,e eu sinto minhas mãos ficarem trêmulas ao observar que os lábios de Cecília estavam um pouco arroxeadas,e seu olho esquerdo continuava com o pequeno corte por conta do tapa que senhor meu marido lhe deu,e por Cecília ser branca e estar muito pálida as olheiras estavam bem perceptíveis e profundas,o que denunciava que talvez minha filha não andou dormindo muito bem.
-Filha....vosmecê está bem ???....-Eu questiono Cecília que apenas se vira para me olhar e volta seu olhar para longe-....O seu pai consentiu que o seu noivo viesse hoje para vosmecês darem um passeio na cidade,e o melhor é que vosmecê e Nicolas iram passar o dia todo sozinhos....quer dizer longe das vistas de seu pai e claro que Bentinho,Graça e Lorenzo vão com vosmecês.
Escuto um soluço alto vindo de Cecília e por sua face escorrer lágrimas grossas vinda de seus olhos.
-Meu amor não há pelo que chorar....-Eu digo sorrindo orgulhosa de minha filha-....Vosmecê está noiva do moço mais bem de vida e refinado de Ouro Branco,as senhorinhas dessa cidade devem estar morrendo de inveja pois queriam estar todos no seu lugar,e agora levante dessa cama e venha que irei pedir para Bá preparar um banho quente e cheiroso para vosmecê ficar bela e perfeita para seu noivo.
Cecília novamente não me responde mas se levanta de sua cama,e vai andando em passos lentos na direção de sua penteadeira,e se senta na cadeira que fica de frente para a mesma.
E minha respiração se acelera ao me recordar que Lorenzo estava no mesmo estado de Cecília.
-Irei chamar a Bá para preparar um banho quente para vosmecê.Eu digo sorrindo fraco e indo em direção a porta.
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Romance"....Um amor que ultrapassa todos os padrões impostos pela sociedade...." A história se passa em 1810 na cidade de Ouro Branco no interior de São Paulo,e conta a história de uma mulher chamada Cecília que ainda menina foi mandada pelo próprio pai pa...