19

273 29 6
                                    


Tori Costello

Engraçado pensar que quando a gente confia em alguém cegamente você nunca espera ser traído. Passei a minha vida toda vendo meu pai trair minha mãe e ela aceitar, mesmo a cidade inteira sabendo e comentando. Agora me ver nessa situação, eu não vou mentir, eu fiquei tentada a voltar com ele e perdoar.

"Afinal, trair é normal, acontece, ele só vai fazer uma vez e nunca mais."

Não vou mentir, passar minha vida toda presenciando aquilo, mexeu em meu psicológico. Mas voltar? Nunca, nunca em toda a minha vida, irei engolir o meu amor e meu orgulho. Mas voltar? Jamais, eu iria ser uma hipócrita a tudo que eu falei e julguei sobre a minha mãe. Lembrar dessa situação acontecendo sobre mim, é ridículo, apenas e difícil de acreditar.

Ao contrário de minha mãe, eu não fiquei deprimida no quarto e mostrando a todos que eu estava pra baixo. Eu não sou igual.

Aqui estava eu, cantando para meus fãs em uma live, aqueles que realmente me amam, e que eu tenho a certeza que nunca vão me trair ao ponto de me machucar e que vão me defender com unhas e dentes.

— I really don't know... — Termino de tocar em meu piano.

Sorrio e respiro fundo para dar mais uma vez satisfação, que até de uma gaia eu levei. 

— Bom, como todos vocês já viram...— Não consigo terminar de falar então deixo a frase no ar.

Respiro fundo e olho para meu celular.

— Eu iria dizer várias palavras do quanto ele é incrível, ou até mesmo dizer que acabamos o relacionamento em uma boa. — Brinco. — Sebastian e eu não acabamos bem, ele me traiu e a única coisa que eu ganhei confiando em um relacionamento depois de anos sem me relacionar, foi um belo de um chifre. — Nego com a cabeça rindo e coloco minha mão em meu rosto. — Enfim, eu quero mais é que ele se foda. Esse idiota e essa Vadia que se fodam, porque eu não preciso de nada disso. — Mostrei meus dedos do meio pro celular. — Enfim, estou finalizando o ano de 2017 com um belo de um chifre na minha cabeça. — Bufo. — Bom, acho que vou ter que aumentar a altura da porta, porque o chifre não vai passar. — Falo seriamente olhando pra porta de minha sala.

— Aí meu Deus. — Grita minha irmã gargalhando.

Eu olho para ela que tava deitada no sofá branco mais pra frente me observando em tudo.

— Vitória foi corna. — Grita gargalhando.

Eu a encaro de cara feia.

— É eu e você com chifre, sua idiota. — A mando dedo do meio.

— Veja o lado bom, você não está desprotegida. — Prende o riso.

— Vai se foder. — Brigo.

Ela continua a gargalhar.

— Bom, era só isso. Eu não me apaixono por ninguém nunca mais, porque ninguém presta e viva a minha vida de solteira. Ihuuu. — Digo com uma falsa animação me levantando. — Tchau, gente. Vou pra balada. — Digo antes de acabar com a live.

— Acho que você vai ter que fazer uma reforma pelas portas. — Avisa minha irmã.

Além de ter que aturar o chifre, eu tenho que aturar ela.

—————

Ela pode até levar chifre, mas não perde a piada.

O negócio é levar chifre e rir igual a Tori

Ser quem eu souOnde histórias criam vida. Descubra agora