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    𝙏𝙤𝙧𝙞 𝘾𝗼𝘀𝘁𝗲𝗹𝗹𝗼

      " Quando eu fiz 15 anos eu não queria aquela festa enorme estilo o da Larissa Manoela, eu só queria uma festa com algumas pessoas a mais, mas meu pai disse que não tinha condições e pediu pra compreender, e eu compreendi.

  Na época eu tinha duas melhores amigas, mas mesmo assim eu nunca consegui desabafar muitas coisas da minha vida com elas, eu disse da mesma forma que só queria um bolo e pronto. Seria apenas mais um ano que Deus havia me concedido. Nesse dia meu aniversário caia na sexta mais como elas eram um ano mais velhas elas tinham aulas extras por estarem no ensino médio.

     Acontece que eu tinha uma amiga minha onde morava perto da minha escola e disse que sua mãe era quem cuidaria do buffet de uma festa na cidade e disse que quando sua mãe terminasse de pegar o pagamento poderíamos ir no cinema. Aceitei, eu não tinha nada pra fazer mesmo.

    Eu me arrumei e tudo mais e fui com ela. Quando cheguei lá, a festa estava lotada, parecia a festa da Kendall Jenner, tínhamos chegado na hora da valsa. E adivinha só quem estava lá? o meu pai, no qual disse que estava em uma viajem importantíssima para fora do país.

        Eu tinha chegado na hora do discurso quando uma mulher alta, loira, com joias brilhantes subiu lá falou seu discurso e chamou meu pai: "amor vem cá, falar pra sua filha". Vocês tem ideia do que é isso? escutar aquele que você considera seu herói dizer que sua enteada era a filha que ele sempre quis ter? E sabe quem depois subiu? meus dois irmãos, eles não eram da mesma mãe que a minha, mas tínhamos pelo menos 45% do mesmo DNA. caramba.

     A dor que eu sentia não estava escrita. E no final de tudo a garota agradeceu ao meu pai por ter feito a festa e que era o sonho dela. Quando fui falar com ele, ele estava falando pros meus irmãos o quão eu era sem futuro, gorda - pois na época eu tinha um corpo só não sabia como usar, e tinha peso a mais por ser alta o que me fazia gorda - não era nada inteligente, e tinha pedido descrição pra minha mãe, eu e minha irmã não saber de nada.

    Eu não falei nada, corri para o banheiro onde eu tive a minha primeira crise de ansiedade, se a minha amiga não tivesse chegado junto com a sua mãe com certeza eu não estaria viva porque eu não sabia com fazer, o ar sumia de meus pulmões.

     Quando cheguei em casa contei tudo pra minha mãe, e tinha dito pra ela que se ela não se separasse do meu pai dessa vez eu iria morar com minha vó materna, minha mãe como é muito explosiva gritou e chorou horrores no celular. E bem, depois disso meus pais se separaram eu não queria ver ele, a família de meu pai até tentou conversar comigo, mas minha resposta era sempre não.

    Dois meses depois ele assumiu sua família. Com isso minha mãe, minha irmã e eu morávamos em um apartamento minúsculo, mas o suficiente para nós. Eu trabalhava como pequena aprendiz no Banco do Brasil, a amiga da minha mãe que era um dos casais amigos dos meus pais conseguiu pra mim.

Eu não aceitava nada dele, eu dormia 5 horas por dia, seis horas trabalhando, 2 horas ajudando minha mãe em casa, e as outras 11 horas estudando. Eu tinha desenvolvido ansiedade e minha mãe depressão. Eu tinha me afastado de todos os meus amigos eu não tinha ninguém, desisti de confiar nas pessoas.

      Tínhamos ajuda, vivíamos bem, mas não com luxos. Tinha uma prova na qual se consegue pular os anos certo? eu fiz duas, então com 15 anos eu estava no terceiro ano médio. O orgulho da minha mãe e de toda família não era pouca. Então quando eu tinha feito 16 anos recém completados a dois meses atrás. Passei em Harvard com uma bolsa 100%, por pouco eu não aceitei por conta da minha mãe e irmã, eu não queria deixa-la sozinha. Mas era a maior chance, minha mãe chorou de orgulho agradecíamos a Deus e a terra por essa oportunidade.

Ser quem eu souOnde histórias criam vida. Descubra agora