6 🌌[Reescrito]

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Durante aquela noite, Yunho não conseguiu dormir, mesmo com o movimento das ondas, balançando o navio. Seus pensamentos estavam muito embaralhados e seu lobo interior, agoniado.

Ele estava começando a temer a jornada de volta ao país e questionava-se se tomou a decisão mais perspicaz.

Antes que o sol mostrasse seus primeiros raios, Yunho já estava de pé, com seu uniforme imponente, sua expressão fechada costumeira e espada em seu encalço.

Estava, novamente, olhando o horizonte, de costas para o convés, acompanhando a navegação. Sua mente estava a mil desde que retornou da visita à Kendra.

De vez em quando, consultava seu relógio de bolso, uma herança familiar, mas as horas pareciam se arrastar como uma lesma.

Pouco antes das 7 horas, ele escutou barulhos de louças sendo manuseadas. Yeosang tinha começado a preparar o café da manhã da tripulação, e ele era o mais próximo de "amigo" que Yunho tinha.

Assim que ouviu os movimentos do beta, o capitão tocou o sino de ouro, alertando-o a todos, que a embarcação partiria naquele exato momento. Logo, ele assumiu sua posição, comandando o timão, gritando ordens para seguirem viagem.

Alguns minutos depois estavam se afastando do cais de Port Royal.

O tempo estava fechando e o céu azul bebê dando lugar ao cinza. Iria chover. Yunho engoliu em seco, rodando o timão e sentindo seu lobo interior preocupado, pois sabia que depois da calmaria, sempre vem uma tempestade.

Ele não sabia se estava preparado para se molhar. Seu lobo não estava.

Em menos de uma hora, clarões e faíscas elétricas desciam do céu e rasgavam o horizonte. O vento uivava contra a madeira. A água ainda não havia desabado, mas as nuvens anunciavam o evento.

— Lisbeth, Liam e John! Recolham as velas! Se ficaram hasteadas, iremos perdê-las!

— Capitão, ainda é só vento!

A alfa correu ao seu encontro e tentou argumentar, em vão.

— Eu sei. No entanto, quando a tempestade chegar, não teremos tempo de fazer algo que não seja nos manter dentro do navio!

— Mas, senhor...

— Recolham as velas! Isso é uma ordem, Lisbeth!

Ela abaixou a cabeça, soltou um rosnado baixinho e foi fazer o que lhe foi mandado. Yunho revirou os olhos para o fato dela ter rosnado, afinal, ele também sabia.

O capitão pensava no futuro e ela não fazia planos a longo prazo, nem que fosse para proteger sua própria tripulação. Por esse motivo, ainda era a segunda no comando e não possuía seu próprio navio.

— Yeosang! Use as travas de madeira para trancar o estoque!

— Sim, capitão!

O beta moreno correu para o andar inferior, deixando Jongho, com uma expressão confusa. O outro beta era muito inteligente, mas não prestava atenção em nada que não fosse os mapas e cartas náuticas. E isso ficou evidente quanto perguntou:

— Por que travar as dispensas?

— Porque se o navio balançar muito, toda a comida pode cair ao mar ou molhar. Perdemos alimentos nas duas opções. Mesmo que tenhamos sobrando, não podemos dar sorte para o azar.

O navegador ficou em silêncio, analisando a informação. Logo, voltou a olhar o horizonte através da luneta. As nuvens transbordaram e pingos grossos de chuva começaram a cair, trazendo à tona a sensação de maldição.

— Capitão, olhe! É um navio a estibordo!

Jongho falou, reivindicando a atenção de Yunho, que tomou o objeto das mãos do garoto. Conforme olhava a embarcação, seus pelos eriçavam e seu lobo ficou em alerta.

— Jongho, ainda estamos no mar de Port Royal?

— Não, senhor! Pelos meus cálculos, acabamos de cruzar o limite.

Yunho entregou a luneta de volta para Jongho.

Sua mente trabalhava incessantemente. Não poderiam retornar, pois a Coroa não foge. Não dava tempo de alterar o curso do navio, pois, devido a tempestade, não poderiam ser velozes.

Não poderiam lutar, pois os canhões, àquela altura, já deveriam estar molhados. No entanto, uma batalha ainda parecia a decisão mais apropriada no momento.

Olhou novamente a noroeste e o navio inimigo estava a todo vapor, mesmo naquele tempo. Era hora de se prepararem. O céu já dava sinais que o grande temporal estava alcançando a embarcação inglesa.

— Preparem os canhões!

O capitão gritou e os tripulantes olharam-no descrentes. Ninguém havia percebido a aproximação do navio pirata. Todos estavam focados em sobreviver a tempestade.

— Navio pirata à estibordo! Preparem os canhões e as espadas! Em seus postos, oficiais!!

Logo, o tinir das espadas foi ouvido. Yunho sempre era confiante, mas naquela hora, sabia que sofreriam sérias consequências, e, talvez, irreparáveis.

"Lobo, me perdoe". O ômega tentou se desculpar com seu animal interior, pois, não sabia qual seria o seu destino. "Tia, me desculpe por não cumprir minha promessa". Suspirou fundo algumas vezes. "Meu alfa, me perdoe por te condenar a solidão eterna!"

"Pare de se lamentar! Lute como o ômega corajoso e forte que você, que nós sempre fomos! Agora é hora de sobreviver e não de sentir pena de si mesmo!!"

"Nós iremos morrer?"

"Sim, mas não será hoje! Muito menos pela espada deste pirata!"

"Um conselho?"

"Lute apenas por si mesmo! Deixe que os outros se fodam! Afinal, eles não são confiáveis!"

Yunho automaticamente se lembrou do aviso de Kendra: tenha cuidado em quem você confia cegamente.

"Você sabe de alguma coisa, não é?"

"É apenas um palpite, agora, prepare-se!"

A conversa findou com uma ordem expressa do acastanhado:

— Fogo!

Mas para a sua surpresa, os canhões não dispararam. 

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