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Josh estava inquieto, pois hoje ergueria seu nome em glórias: tomaria o Wonderland de Song Félix, se tornando o capitão da famosa embarcação. Havia uma fagulha de receio em seu coração, visto que quebraria uma das quatro leis piratas, presentes no acordo do Conselho Lúpus com a Coroa Inglesa. Josh recitou rapidamente o código que regia sua vida:

Art. 1. Disputas por navios apenas serão válidas se desprovidas de artimanhas e trapaças. As lutas deverão ser limpas e justas, sem a organização de motim.

I. Em caso de disputa desleal, quem agiu de má-fé receberá uma punição escolhida pelo oponente.

II. Caso a punição for recusada, o usurpador poderá ser morto pelo adversário.

Art. 2. Ômegas são considerados seres sagrados, devendo ser respeitados em todos os seus pedidos e vontades, sendo expressamente proibido manter ômegas como escravos sexuais ou presos para procriação. Abusos sexuais são puníveis com a morte do agente.

Art. 3. Port Royale é território neutro, fora do comando inglês. Em seu mar territorial, não serão permitidas a prisão de piratas e nem batalhas navais iniciadas pela Coroa Inglesa. Os corsários que desobedeceram, estarão sujeitos às leis da ilha.

Art. 4. Piratas aposentados não poderão ser levados à forca, pois não praticam mais a pirataria. A prescrição ocorre no momento em que abandonam o ofício, podendo o agente ser punido apenas durante o exercício da profissão.

Também estava receoso, dado que ele usaria da confiança do pequeno Mingi para ter o que desejava. A criança de apenas 9 anos adorava Josh, que contava histórias sobre reis, rainhas e castelos para o mini lúpus, que ansiava por encontrar logo o seu soulmate para iniciar uma vida de amor e companheirismo, sem imaginar que aquele seria o dia do encontro.

Josh aguardou até estarem próximos ao cais de Port Royal para colocar seu plano em ação. Andou até Mingi, que brincava com uma espada de madeira, próximo ao timão. Esperava que tudo ocorre bem, pois Félix não era conhecido por sua misericórdia.

— Ruivinho, hoje o tio Josh irá contar uma história diferente. Quer ouvir?

O lobo interior do alfinha tentou aviá-lo para não confiar no "tio Josh", mas a conexão deles ainda não era tão forte devido a tenra idade de Mingi, que não deu bola a inquietação que sentia toda vez que se aproximava do marujo contador de histórias.

— Quero sim, tio!

Josh olhou para diversos piratas, informando-os que era a hora de agir: seria o momento decisivo de suas vidas. Os marujos empunharam as espadas e anunciaram o motim, que não pegou Félix desprevenido como Josh desejava. O capitão conhecia os seus.

O alfa traidor colocou a lâmina da espada próxima ao pescoço do garotinho, que sem entender nada, corria os olhos desesperados pelo convés, em busca de alguém que pudesse salvá-lo.

— Papai! Papai! Socorro! — O menino começou a chorar. Embora fosse um alfa lúpus, ainda era uma criança.

— Calado, pestinha!

No entanto, Mingi se recusava a ficar quieto e continuava chorando, chamando pelo capitão:

— Papai! Me ajude!

Seus olhinhos marejados e vermelhos pelas lágrimas, após algum tempo, conseguiram enxergar a figura de Félix surgindo em meio ao caos. O barulho das espadas se chocando e de revolveres sendo disparados era ensurdecedor. O casaco branco que o capitão usava e seus cabelos loiros já estavam manchados com a coloração escarlate, o sangue dos traidores.

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