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Assim que a transformação acabou e Yunho conseguiu entender um pouco como se equilibrar em quatro patas, ele correu até a alfa, jogando-a no chão, antes que esta pudesse pensar em fugir.

Tudo o que o ômega conseguia sentir era ódio. O tipo mais cru de ódio, pois era culpa da ganância de Lisbeth que agora ele estava sem seu companheiro. E nada no mundo poderia parar sua sede de vingança, que agora estava direcionada a qualquer agente da Coroa.

— Yunho, você ainda não fez nada que possa se arrepender. Deixe-me ir e você nunca mais precisará me ver. Eu prometo. — Lisbeth estava choramingando, aterrorizada. — Eu juro pela vida da Rainha, mas me deixe viva! Eu imploro!

As palavras dela estavam surtindo o efeito contrário do pretendido. Cada frase dita aumentava a raiva do lobo e a vontade de dilacerar a alfa, que poderia implorar o quanto quisesse, mas nada iria mudar seu destino.

— Nós éramos amigos, companheiros de navio! Você não pode fazer isso comigo!

"Amigos o caralho! Você me traiu na primeira oportunidade, sua vadia. Eu posso e eu vou fazer o que eu quiser."

Ele estava irritado pelas lamúrias.

O lobo abriu a boca e começou a salivar em cima da presa, seus fluidos escorriam no rosto da alfa, que se debatia para tentar se livrar das patas pesadas do animal.

Yunho, usando sua pata traseira, pisou em uma das pernas da inimiga. Os ossos se estilhaçaram com a força usada. Agora ela não poderia mais correr. Seus gritos ficaram agonizantes.

Nenhum dos dois prestava atenção no que acontecia ao redor. Se Yunho tivesse olhado, veria que a batalha estava praticamente ganha. Lisbeth era uma das remanescentes. A Coroa havia caído.

O animal saiu de cima da alfa e começou a andar em sua volta, como se estivesse decidindo qual parte do corpo iria arrancar. Ele conseguia ouvir o coração dela batendo freneticamente, tentando antecipar o golpe.

Ele mordeu seu ombro e puxou. O prazer encheu suas veias assim que ouviu a corsária uivar pela dor. Não seria uma morte rápida e sem agonia. Yunho já tinha decidido isso antes mesmo da perda de Mingi. E agora, só tinha mais certeza de que ela deveria sofrer.

Lisbeth precisava sofrer por todas as vidas que ela destruiu e prejudicou sob a justificativa da ideologia da Coroa: que piratas eram a escória do mundo e precisavam ser dizimados.

A escória era a própria Coroa e a Rainha. Hoje quem sofreria a ira dos lúpus era Lisbeth e seus homens. Mas mais tarde, poderia ser a Rainha.

Yunho se cansou de aterrorizar a alfa e, usando as garras, rasgou seu abdômen. Ele deu uma mordida em seu pescoço, deixando o sangue fluir livremente. A alfa estava se afogando em seus próprios fluidos.

O pelo anteriormente branco, estava colorido pelo mais forte vermelho e seus olhos azuis estavam vidrados, querendo mais e mais ver o sangue do inimigo espalhando na terra.

A besta começou a arrancar pedaços e órgãos da presa, sem se importar com mais nada. Os gritos cessaram, juntamente com a respiração, mas Yunho continuava a dilacerar o cadáver sem vida.

Ele não percebeu o fim da batalha e a vitória garantida e também não percebeu a aproximação de Félix, que começou a acariciar seu pelo..

— Yunho, ela se foi. Meu filho, você precisa parar... — O ômega escutava a voz de seu pai, sabia que Lisbeth já estava morta, mas não conseguia parar. Não conseguia retornar a forma humana, pois sabia que precisaria encarar o fato de que seu soulmate estava morto também. — Filho, Mingi precisa de você... Volte para nós, volte para ele.

Ao ouvir sobre seu parceiro, Yunho desabou, sem forças. E tudo ficou preto.

****

Yunho escutava vozes ao longe, mas não conseguia focar em alguma delas. Parecia tudo tão distante. No entanto, a dor da quebra do vínculo tinha desaparecido, confundindo o ômega.

Ele não sabia o que poderia ter acontecido, mas essa mudança não era normal. Deveria estar doendo.

Alguém estava segurando sua mão.

Isso significava que ele conseguiu voltar a forma humana depois de desmaiar. Mas não conseguia recuperar a consciência e avisar que estava bem. Na medida do possível, é claro.

Todos seus sonhos tinham se esvaído em frente aos seus olhos.

Todo o futuro que ele imaginou com seu alfa agora não era mais possível.

A vingança não supriu e não preencheu nenhum pedaço do vazio que ele sentia antes da batalha e que ainda estava sentindo agora.

Ele se forçou a acordar, mas suas poucas forças se esgotaram rapidamente e ele apagou novamente.

****

— Ele já deveria ter acordado, não é? — Mingi suspirou, pela décima vez apenas nos últimos minutos. O alfa se encontrava sem chão. Yunho estava desacordado há dois dias inteiros e o ruivo não sabia mais o que fazer.

— Yunho se transformou sozinho, sem nenhuma ajuda ou suporte. Seu corpo está esgotado, mas ele irá sobreviver. — Seonghwa explicou novamente. — Quem necessita descansar agora, é você! Se ele acordar, nós te chamaremos.

— Não. Eu ficarei aqui até ele acordar.

Félix, lembrando que o alfa era tão teimoso quanto ele próprio, ofereceu uma solução, visto que nenhum deles iria sair do lado do ômega tão cedo.

— Filho, a cama é grande para vocês dois. Deite ao lado dele e descanse. Se ele acordar, você irá sentir.

O alfa concordou com a sugestão, subiu na cama e acomodou-se ao lado do parceiro. Também o aromatizou e o abraçou fortemente. Sentindo o peito do ômega descer e subir, o lúpus fechou os olhos e se permitiu dormir.

Ele sabia que seu pai estaria ao lado da cama e não deixaria nada acontecer com o casal.

Segurança e conforto. Era disso que eles precisavam agora e Félix garantiria que eles tivessem isso. 

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