Mingi manteve Yunho em seus braços até o momento que o ômega se acalmou e se afastou um pouco, para conseguir encarar os olhos do alfa:
— Sei que agora eu sou o capitão do Wonderland e por isso, quero te pedir uma coisa.
— Você pode pedir qualquer coisa que eu farei sem hesitar. — Yunho conseguia ler a verdade nos olhos de seu parceiro. Os mesmos que brilharam em devoção.
— Quero que você permaneça ao meu lado como segundo capitão, mas não quero que você seja meu subordinado. Nós somos soulmates, estando no mesmo patamar nesse relacionamento, e quero que continue assim no navio. Um não mandará no outro, mas tomaremos as decisões em conjunto. Esse tricon será mera formalidade. O que você acha?
O ruivo achava que não era possível se encantar ainda mais por Yunho, mas a fala deste provou que ele estava errado. Era possível e estava acontecendo todos os momentos em que passava ao lado do ômega.
— Yunho, eu estarei velejando ao seu lado, pois você é a bússola que me mantém na direção certa. Se esse é o seu desejo, assim será!
O casal continuou se encarando e se aproximando lentamente. Estavam em uma bolha de amor e encantamento, que, infelizmente, foi quebrada por batidas na porta.
O ômega começou a ficar preocupado, mas logo se tranquilizou. Se fosse a Coroa, eles não bateriam na porta e sim estourariam a entrada da residência, sem se preocupar com nada. Afinal, muitas vezes, Yunho chutou portas e invadiu casas para cumprir ordens reais. Ele se arrependia de ter passado tanto tempo sob o controle real, pois, a Rainha deveria saber sua história e ele só foi aceito como corsário como uma forma de tê-lo sob vigilância constante.
"É isso! É por isso que eu fui aceito no Exército Real". Pensou Yunho, que decidiu conversar com Mingi depois da reunião.
O alfa segurava a porta aberta, enquanto várias pessoas entravam e se acomodavam nos sofás e poltronas, após se curvarem em respeito ao novo capitão ômega. Ele reconhecia alguns rostos, mas não sabia seus nomes.
Assim que o último marujo entrou, Mingi fechou a porta, trancando-a e transpassando a trava de madeira, aumentando a segurança da entrada. O ômega ficou em pé, esperando que o alfa voltasse ao seu lado e fizesse as apresentações.
— Yunho, estes são: Hongjoong, Seonghwa e o bebê deles! — Yunho notou o momento em que o ômega corou e o alfa sorriu orgulhoso. — O Joongie era meu segundo capitão e o Seong é o médico do Wonderland.
— Desculpe Joongie, mas agora Mingi é o segundo capitão.
— Sem problemas, Yunho! Preciso de umas férias do timão. — Todos os presentes riram, esquecendo-se dos problemas por um instante. O ruivo parou de rir e continuou as apresentações:
— Aquele, você já conhece, é Wooyoung e o alfa ao seu lado, é San. — Ele apontou para um casal que estava ao lado da lareira, um pouco mais distante do grupo. Eles sorriram para Yunho, que devolveu o gesto. — Woo quase foi morto por Lisbeth na batalha.
— Eu lhe vingarei, Woo! — Yunho piscou para ele, que sorriu macabro.
— Tenho certeza disso! Aqui, nenhum ômega é indefeso. — O capitão concordou com a cabeça.
— Esses são Liam, Zayn e Niall. Eles são novos na tripulação... — Mingi não precisou terminar a frase, deixando no ar que os dois alfas e o ômega ainda estavam em período de avaliação.
— Santo Zeus, eu ainda não acredito que seremos comandados por um ômega lúpus! — O loiro exclamou e parecia ser este o ômega. Yunho ergueu a sobrancelha e fechou a expressão.
— Você tem algum problema com isso? — O clima na sala pesou consideravelmente.
— NÃO! Eu tenho é orgulho disso! Tô cansado de ver ômegas sempre em posições inferiores. Ah, e eu sou o Niall.
— Espero que seja verdade, Niall, para o seu próprio bem. — O ômega loiro continuou alegre como se não tivesse sido ameaçado há poucos segundos. Mingi também estava com uma expressão ameaçadora. Zayn e Liam se mantiveram quietos.
— Este é Robert. — O ruivo apontou para um alfa mais velho, que estava em uma das poltronas. O cabelo longo e roxo estava totalmente penteado para trás e ele tinha uma expressão cansada. — Novo tripulante também. De vocês duas, eu não estou lembrado e minha memória é ótima. — Mingi se referia a um casal que estava sentado no sofá bem em frente ao casal lúpus.
— Mingi, encontrei-as pedindo abrigo logo depois que vocês vieram para cá.
— E decidiu ser um bom samaritano, Hongjoong?
— Senhor, se me der licença, nós temos todos os motivos do mundo para odiar a Coroa, querer queimar cada navio e matar cada corsário. — A mulher de cabelos cinza se pronunciou. Pela expressão, essa era a alfa.
— Então, me convença que você merece fazer parte da família Wonderland, porque nós somos mais que uma tripulação, somos uma família!
— Nós escondemos e acolhemos como nossa uma criança, Perrie, que era filha de piratas. Após sua chegada, tivemos um menino, David. Nós vivemos como uma família por três anos até que um dia nós deixamos os dois com uma babá e fomos até a cidade, comprar os mantimentos... — A ômega começou a contar e seus olhos marejaram. A alfa passou o braço por seus ombros e a puxou para perto, beijando o topo de sua cabeça, repleta de fios verde-escuro.
— Na nossa ausência, a Coroa esteve em nossa residência e matou nossos dois filhos e fomos marcadas como traidoras da Coroa. Desde então, estamos buscando vingança, mas nenhum capitão nos aceitou.
— Ômegas ainda não são bem aceitos em tripulações piratas. — Wooyoung declarou, recebendo concordância dos demais.
— Nós tínhamos esperança de subirmos a bordo do Wonderland e aqui estamos. Sou a Leigh e essa é a Jade, minha parceira.
— Vocês são marcadas? — Questionou Mingi, que não queria manter a regra de Félix quebrada. Marujos do navio deveriam ser marcados, visto que evitava brigas desnecessárias e disputa de parceiros.
— Sim! — Jade virou a cabeça, dando a visão da mordida em seu pescoço. Yunho e Mingi sorriram satisfeitos e trocaram olhares, permitindo que elas fizessem parte da família.
— Sejam bem-vindas!
— Obrigada! Nós não iremos decepcioná-los.
— Conto com isso! Agora que todos já foram devidamente apresentados, é hora dessa reunião começar.
Yunho declarou e o clima, novamente, pesou. A morte fungava em seus cangotes. Qualquer passo em falso levaria à uma consequência sangrenta. Era sua responsabilidade como capitão evitar que isso acontecesse.
— Em alto mar, não teremos chance nenhuma contra o navio de Lisbeth e sua tripulação. — Mingi reconheceu, triste.
— Capitão?! Quer dizer, Mingi?! O que você está dizendo? — San se alterou. O Wonderland não era tão fraco assim. — Nós poderíamos conseguir. Temos Yunho agora!
— Sim, temos. Mas não irei arriscar. Na batalha anterior, estávamos com a tripulação completa e quase fomos dizimados.
Ninguém se pronunciou. Todos sabiam que o ruivo estava certo. O Wonderland não iria vencer. Era uma guerra perdida.
— Mas em terra firme, nós podemos ter uma chance melhor. — Yunho pontuou. — Os corsários não são treinados para combate corpo a corpo em terra firme, sem a presença de canhões. Sempre contam com o balanço do mar para ganhar alguma vantagem ou com as cordas que podem distrair os oponentes. Em terra firme, não há nada disso.
— Nós também não temos experiência em terra firme. — Zayn falou pela primeira vez.
— Não. Mas tem em corpo a corpo, não é? — Os marujos concordaram avidamente. — É a nossa melhor chance e vamos usá-la. Aquela puta da Lisbeth não merece amanhecer mais nem um dia. Nós somos o Wonderland, ou o que restou dele, e precisamos honrar o nome de meu pai e vencer essa guerra!
Todos gritaram e a comemoração disfarçou o barulho de uma porta sendo aberta e de uma pessoa entrando na sala.
— Parece que estavam falando de mim.
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Mar das Maravilhas
RomanceJeon Yunho estava em mais uma expedição marítima sob a bandeira da Rainha, caçando o navio Wonderland comandado por Song Mingi, um dos piratas mais temidos dos sete mares e um alfa lúpus. Mas o ômega não sabia que nessa busca por vingança desenterra...