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Desde que Mingi assumiu o posto de capitão do Wonderland, nunca tinha navegado na velocidade máxima do galeão. Até hoje. Todas as normas de segurança marítima tinham sido jogadas aos ares, sendo ignoradas por todos, que se uniram em um propósito maior.

Félix que o perdoasse, mas o lúpus não estava interessado em fazer uma viagem segura, não quando sentia seu soulmate em situação de perigo. Mingi sentia Yunho ficar cada vez mais fraco.

Eles haviam se visto apenas uma vez! UMA VEZ! Não poderia ser a única! E não seria, se dependesse do alfa. Porém, as coisas não estavam facilitando a jornada do navio pirata.

O céu ensolarado no cais da ilha fora ficando cada vez mais distante, abrindo espaço para um horizonte acinzentado. Logo, as grossas gotas de chuva tocaram a face queimada do ruivo. O mar estava começando a rebelar-se. Talvez toda a cena fosse uma preparação para Mingi.

— Capitão, precisamos desacelerar...

— Eu sei, Hongjoong! Recolham as velas! Joongie, reduza a velocidade até uma que seja aceitável.

O segundo capitão havia se aproximado quando notou que o alfa estava um pouco aéreo. Isso não era o ideal. Ele precisava estar atento ao oceano e ele não estava. O outro alfa ordenou novamente o recolhimento das velas e assumiu o timão, enquanto Mingi olhava e direção à fumaça, rezando para não ser tarde demais.

O ruivo estava apoiado no parapeito à bombordo quando sentiu uma mão em seu ombro. Um gesto de solidariedade e conforto.

— Tudo irá ficar bem! Você e Yunho ficarão bem! — San tentava confortar o capitão, pois, debaixo daquela armadura impenetrável, havia um garoto querendo amar seu ômega e ser amado por ele. Um garoto que viveu a vida toda esperando por isso. Não era justo que o maior desejo de Mingi fosse retirado dele dessa forma tão cruel.

— Eu não sei... — Sua voz estava embargada. Mingi estava pouco se fodendo se os novos tripulantes achariam que ele era fraco para ser capitão. Afinal, era o SEU ômega que estava em um navio destroçado e, provavelmente, em chamas.

— Sei o que você está sentindo, mas não deixe o medo te dominar.... Yunho irá precisar de você e de sua força!

— Você não faz ideia do que eu estou sentindo, Choi! — Vociferou Song. O moreno encarou-lhe com a sobrancelha levantada e o capitão lembrou, desviando o olhar do rosto o amigo: — Você sabe...

— Lembra de como eu fiquei quando o Wooyoung foi ferido há algumas semanas? Eu quase enlouqueci pensando na possibilidade de perde-lo e a marca potencializava tudo o que nós dois sentíamos. Eu sentia em mim a dor dele e você me ajudou a permanecer firme! Agora é a minha vez!

— Era meu dever... — O alfa não permitiu que o lúpus continuasse:

— Não! Não era seu dever como o nosso capitão! Você me consolou e esteve ao meu lado porque você quis estar lá! Nós temos uma relação maior que capitão e marujo...

— Nós somos uma família!

Completou o ruivo, sentindo-se um pouco mais confiante. Nisso, ele lembrou de um aspecto importante que não tinha pensado antes.

— Joongie, onde está Seonghwa?

Questionou o companheiro do médico, que ainda comandava o timão. A chuva não dava trégua, impossibilitando a aceleração do navio. O segundo capitão estava ficando frustrado com o mar e com o tempo. Talvez, precisassem desacelerar ainda mais ou até mesmo parar e apenas manter o curso.

— Está na minha cabine. Ele não tem passado muito bem, então, está descansando.

— Desculpa, Joongie, sei disso, mas precisarei dele como médico. Suspeito que Yunho estará ferido.

— Sem problemas! Irei chama-lo...

Hongjoong entregou a embarcação nas mãos do lúpus, agora mais calmo e em condições de tomar decisões coerentes. Tanto Hongjoong quanto Seonghwa sabiam o que estava acontecendo com o ômega, mas ainda precisavam guardar segredo.

A tripulação original era uma família e eles não se sentiam bem em relevar o tal segredo antes de Yunho ser resgatados. Os dois acompanharam de perto o sofrimento do capitão e queriam vê-lo feliz. No instante que o ômega estivesse a salvo no Wonderland, eles contariam.

O alfa deu duas batidas leves na porta do quarto antes de abri-la. Mesmo sendo companheiro do homem de cabelos pretos há anos, ainda respeitava sua privacidade e intimidade.

Ele entrou no quarto e o ômega ainda estava dormindo, vestindo apenas uma cueca e a camisa de seu alfa, que estava fortemente aromatizada. O pau do alfa deu sinal de vida àquela cena. Ele passou a mão nos fios rosa e respirou frustrado. Não era hora para ter uma ereção, mas não era como se ele pudesse controlar.

Sentou-se devagar na cama e acariciou a bochecha de seu amado, que ressonava. Hongjoong nunca se cansaria de apreciar a beleza quase irreal de Seonghwa, agora bronzeado pelo sol.

— Gatinho, está na hora de despertar...

A voz do alfa estava baixinha e calma, acordando-o com carinho. O ômega se espreguiçou na cama, ainda com os olhos verdes fechados, fungando o cheiro de rum que invadia seu olfato.

— Estamos prestes a resgatar Yunho e Mingi suspeita que ele estará bem debilitado. — O alfa explicou o motivo para acordá-lo, quando o ômega pareceu mais desperto.

Seonghwa se sentou na cama, se esticando outra vez e puxou o alfa para um beijo molhado e cheio de línguas. Antes que seu marido pudesse sentar em seu colo, Hongjoong se afastou lentamente.

— Depois, gatinho... Agora você precisa ser o médico fodão que eu sei que você é!

O ômega bufou, mas saiu de seu ninho, indo para perto da porta. A camisa ergueu e mostrou a bunda redondinha do ômega, que era a perdição do alfa.

— Vamos, alfa!

— Primeiro, se troque... — Seonghwa olhou para o alfa por cima do ombro e piscou, provocante. Hongjoong ignorou toda sua sanidade mental e moral, prensando o ômega contra a madeira fria. — Gema baixinho, senão, não vou te deixar gozar! 

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