Mar das Maravilhas

22 🌌

Horas antes, na masmorra do Illusion...

Yunho ainda estava emburrado com Yeosang. Na verdade, se sentia traído. E com razão. Afinal, o alfa conhecia praticamente todas as verdades sobre sua vida, no entanto, permaneceu todo esse tempo em silêncio, deixando que o ômega vivesse em meio a várias mentiras.

Jongho nunca falaria ao alfa, mas ele concordava com Yunho. Se estivesse em seu lugar, também se sentiria traído e toda a amizade seria colocada à prova, como estava ocorrendo agora. No entanto, ainda sentia dó de ver o alfa todo deprimido.

— Yunho, me deixe explicar... — Exasperou o alfa, mais uma vez, tentando convencer o amigo a escutá-lo.

— Yeosang, você teve diversos anos ao meu lado para me contar tudo o que sabia sobre mim e você preferiu continuar me escondendo as coisas! Por favor, não quero conversar mais! — Ele nem ao menos olhou para o lúpus ao responde-lo. Estava muito decepcionado.

Agora, mais do que nunca, se sentia sozinho no mundo. Sabia que não poderia confiar em tia Kendra. Seus pais estavam mortos. Seu soulmate era um pirata que ele cultivou ódio durante vários anos. Seu appa não era seu appa biológico. Sua omma mentiu para ele durante toda sua infância. Seu appa alfa também era um pirata e estava vivo, aguardando sua chegada. Também nutriu ódio por ele por mais anos que pôde lembrar. Sua vingança, a qual lhe moveu por tanto tempo, agora estava acabada.

Nada mais estava no lugar para Yunho. Tudo o que ele conhecia havia desmoronado bem em frente aos seus olhos. Yunho ainda estava debilitado, uma vez que seu lobo estava fraco e a ligação estava exigindo cada vez mais do ômega.

"Meu garoto, sei que você está destruído, mas agora não é a hora para isso".

"Como assim? Agora eu tenho hora para me sentir desiludido e sem importância? Me poupe!"

O diálogo com o lobo não pôde continuar, uma vez que Josh adentrou o porão, sendo acompanhado por Lisbeth, que sorria satisfeita. Nenhum dos prisioneiros sequer percebeu a aproximação da embarcação da Coroa. Foi uma abordagem silenciosa demais.

Ainda assim, ao ver a alfa, eles pensaram que o resgate havia chegado. Os dois alfas se aproximaram nas grades e Lisbeth soltou uma gargalhada, batendo palmas.

— Yunho, você não imagina como é bom te ver acorrentado a uma parede sem perspectiva de salvação! — O choque de Yunho foi grande. Lisbeth não veio salvá-lo, mas rir da sua desgraça. Os três corsários ficaram perplexos.

— O quê? — A voz do ômega saiu abafada. Ele sabia que a alfa era invejosa, porém, não imaginava que ela o trairia daquela forma. Pensava que todos seus subordinados eram leais a ele. Que engano!

— Você achou mesmo que eu estava aqui para te salvar, bobinho? — Ela trocou um olhar cúmplice com Josh, que se remexeu desconfortável. — Óbvio que não! Você está no lugar em que merece estar: preso em uma cela imunda, servindo apenas para procriar! Isso que combina com você, seu ômega petulante!

— Então, você sabia do meu subgênero?

— Sua querida tia me vendeu essa informação por algumas moedas de ouro há alguns meses. Aliás, você vale menos que 10 moedas de ouro! Acima de qualquer coisa, eu fico imensamente feliz que você nunca mais irá segurar um timão!

Os olhos de Yunho lacrimejaram, só que ele não iria chorar e também não iria avisar que Lisbeth iria se arrepender totalmente daquela traição. Passou as mãos nos cabelos e se levantou, confiante, ignorando toda a dor que sentia no corpo e o esforço que era necessário para manter-se em pé. Ele não fora criado para ser um covarde.