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Lisbeth foi para cima de Yunho, que também já estava com sua espada em mãos e o choque das armas ressoou pelo terreno. Félix e Mingi deram as costas aos dois inimigos duelando e se preocuparam em manter os outros corsários longe do ômega, protegendo suas costas.

Todavia, ambos sabiam que não poderiam proteger Yunho naquela luta. Era uma batalha sua e ele precisava termina-la sozinho, para que um fim fosse colocado de forma definitiva.

Yunho agradeceu pelo conselho de Song para descansar e repor energias. Ele iria precisar bastante disso naquela manhã. Lisbeth era uma oponente a altura para o ômega, visto que ela tinha sido treinada por ele. Mesmo sabendo que ela poderia trai-lo, Yunho aceitou treiná-la. Que arrependimento!

Gritos e sons de tiros e colisão de espadas reinavam na floresta. Os pássaros já haviam deixado as arvores há um bom tempo, protegendo-se em outros lugares da ilha. O ômega pedia para que todos os seus ficassem vivos, mas era pedir demais.

As espadas chocavam-se violentamente e nenhum deles recuava. Yunho tinha decidido manter a luta do lado de fora de sua residência para evitar que os feridos ficassem vulneráveis a ataques cruéis.

Após vários minutos que pareceram horas, Yunho, em um momento de relapso da alfa, conseguiu desarmá-la, jogando sua espada no meio de um arbusto. Contudo, se distraiu com o barulho da espada caindo junto as folhas e não conseguiu desviar do chute no estômago. Ele caiu para trás, ofegante, e bateu as costas na terra firme, irradiando a dor por seu corpo todo.

Ignorando o desconforto, rapidamente, se pôs em pé outra vez, segurando a espada firmemente. Não poderia entregar a luta. Nunca iria fazer isso. Olhou para a alfa, que estava com a pistola na mão, apontando para si.

— Desista, Yunho. Você não pode me vencer!

— Um Song nunca desiste! — Yunho precisava sair da mira da arma. Mas como? Lisbeth não era alguém fácil de distrair e nem ele era, porém, o restante de sua família estava em risco e isso diminuía sua concentração na luta que estava travando.

— Será uma honra te matar e colocar seu corpo em exposição na Capital!

— É como dizem: sonhar não paga imposto!

Um rosnar alto foi ouvido e Lisbeth desviou o olhar para sua esquerda, momento em que Yunho chutou seu braço e a arma voou longe. A alfa partiu para o combate corpo a corpo, pegando o ômega de surpresa. Eles se engalfinharam e socos e pontapés foram dados.

Ela prendeu-o ao chão e bateu sua mão várias vezes na terra até que Yunho soltou a espada. Ele puxou seus cabelos e jogou-a para o lado, ficando em cima da alfa e socando seu rosto.

Lisbeth levou as mãos ao pescoço do ômega para tentar enforca-lo, mas ele se soltou do aperto e pulou para trás, levantando-se em seguida. Passou o dorso da mão na boca a fim de limpar o sangue que escorria. Ele sabia que estava com alguma costela quebrada.

— É só isso que você tem para me oferecer, sua insignificante? — Yunho começou a provocar a alfa enquanto ela se levantava, usando esses segundos para recuperar seu fôlego.

Deu uma rápida olhada ao seu redor e os corsários estavam sucumbindo rapidamente na batalha contra os seus. Não conseguiu ver Song nem Mingi, mas sentia pela ligação que seu alfa estava ferido, possivelmente sangrando.

— Você não irá se levantar e me encarar? Eu acho que não. Acho que você prefere ficar nesse chão imundo, que é onde você pertence! — A raiva no tom do ômega era palpável.

— Eu posso fazer muitas coisas do chão, Yunho, apenas me observe.

A alfa disse rindo e apontou a arma para a esquerda do ômega, que franziu a testa, não entendendo o que a corsária iria fazer. O gatilho foi apertado antes que Yunho conseguisse olhar para o lado.

Um grito rasgou o ar e o ômega sentiu a dor em seu peito, caindo de joelhos.

— MINGI!

Seu alfa tinha sido atingido, fechando a ligação entre eles. Yunho tentava forçar o vínculo com seu soulmate, mas não chegava a lugar nenhum. A raiva e o desespero tomaram conta dele. Yunho mal conviveu com Mingi para perde-lo tão cedo.

— Eu não preciso de muito para te destruir. Você deveria ter ouvido meu conselho e morrido no naufrágio do Illusion. Mas você não sabe o seu lugar e não sabe acatar ordens.

— Sua cadela... — Yunho murmurou baixinho, sentindo a raiva fluir por seus poros. Sua cabeça estava baixa, então ninguém poderia ver que seus olhos estavam em um azul flamejante.

— E agora seu alfa está morto e logo você também estará! — A alfa se levantou e estava caminhando para o ômega de joelhos, que parecia indefeso e exausto. A arma quente ainda pesava em sua mão.

Yunho não fazia ideia do que estava acontecendo com seu corpo. Apenas sabia que não deveria ser normal sentir todos os ossos do corpo quebrando ao mesmo tempo. Ele caiu com as mãos no chão, sentindo mais dor do que poderia aguentar sem sucumbir.

Os primeiros sinais de mudanças sentidos pelo ômega foram a sua visão que ficou muito mais aguçada e seu rosto que deformou, alongando sua mandíbula e seus dentes criaram presas afiadas. Após, seus braços e pernas se alongaram e criaram espessos pelos brancos. Logo, o rabo apareceu.

A dor da transformação foi excruciante, mas a dor de perder seu companheiro foi ainda maior.

Yunho não acreditava que tinha conseguido alcançar sua forma lupina sozinho, sem ajuda de ninguém, mas iria aproveitar a oportunidade.

O grande lobo branco rosnou para Lisbeth, que estava pálida como a neve que caía na Inglaterra. A alfa deu um passo para trás, aterrorizada.

— Que porra é essa? — Ela sabia que Yunho era um lúpus, mas pensava que apenas os alfas se transformavam. Ela jogou a arma no chão, sabendo que balas não funcionariam contra o lobo e procurou, avidamente, alguma espada que por ventura pudesse estar próximo de si. Não havia nenhuma.

Ela poderia jurar que se os lobos pudessem sorrir, Yunho estaria sorrindo para ela naquele momento. A realização caiu sobre seus ombros como se pesasse diversas toneladas. Ela havia perdido. Não havia nada a fazer a não ser rezar para que fosse um fim misericordioso e sem dor.

Pelo olhar do lobo, não seria. 

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