#06

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Passo os olhos uma última vez pela praça e não vejo Ana, suspiro, olho a hora e me levanto, pronta para ir embora.

- Alice? - Escuto a voz de Ana me chamar.

- Pensei que não vinha... - Falo me virando para ve-la.

- Desculpa, aconteceu um negócio, mas nada demais - Ela fala suspirando cansada.

- Eu já ia embora - Falo andando em sua direção - marcou comigo três horas e quase quatro e não respondeu minhas mensagens.

- Desculpa mesmo, eu desliguei meu celular - Ela fala.

- Ta bom, aonde quer me levar? - Pergunto curiosa e ela suspira cansada.

- Nós já vamos, eu só preciso sentar um pouco - Ela fala e andamos para o banco aonde eu estava sentada.

Nos sentamos no banco, ela tira das costas a mochila que carregava e vejo o quanto parece cheia e pesada.

- Nossa, pra que essa mochila enorme? - Pergunto e ela ri.

- Você vai ver - Ela fala abrindo e tirando uma garrafa termica de dentro.

- Parece pesada - Comento e ela abre a garrafa e da um gole do líquido que está dentro.

- Esta bem pesada na verdade - Ela fala erguendo a cabeça e fechando os olhos.

- Hora que quiser ir me avisa - Falo fazendo o mesmo que ela.

Ficamos uns 10 minutos sentadas em silêncio de olhos fechados, por incrível que pareça não estava um silêncio desconfortável, muito pelo contrário.

- Vamos - Escuto Ana falar.

Abro meus olhos e a olho, vejo que está de pé com a mochila nas costas, me levanto rapidamente.

- Eu levo a mochila - Me ofereço e ela parece pensar.

Ficamos alguns segundos ali e começo a me arrepender de ter oferecido.

- Tem certeza? - Ela pergunta depois de um tempo e eu finalmente solto o ar que nem percebi estar predendo.

- Claro - Sorrio e ela me passa a mochila que realmente está pesada.

- É um pouco longe - Ela fala e começamos a andar de vagar pela praça.

Saímos da praça e andamos, andamos e andamos mais um pouco, Ana para de minuto em minuto para se apoiar em alguma parede ou se sentar em algum lugar.

- Mais uns 3 minutos e chegamos - Ela fala respirando pesado e com a mão no peito.

- Tem certeza que tá bem? - Pergunto preocupada.

- Tenho! - Ela afirma tirando a mão do peito e apoiando em uma parede ao seu lado.

Dou uma olhada no ambiente e percebo que estamos em uma rua cheia de galpões abandonados, talvez o cenário perfeito para um assassinato a sangue frio. Engulo em seco e considero correr o mais rápido possível para longe dali.

- Eu sei que o local é estranho - Ana fala me tirando totalmente de meus pensamentos e fazendo eu focar nela - E eu não vou te matar! - Ela fala rindo.

- Acho bom você nem tentar, por que posso facilmente sair correndo e você ta tão cansada que não consegue nem parar de pé quase - Falo rindo.

- Talvez eu esteja fingindo pra enganar você - Ela fala rindo e eu rio mais ainda.

Conversamos mais um pouco e depois voltamos a andar, "invadimos" um terreno cercado que parecia abandonado, Ana me ajudou a pular o muro e eu abri o portão para ela entrar.

Nossa Última Noite (Romance Safico)Onde histórias criam vida. Descubra agora