Nossa Última Noite (Romance Safico)

#13

Seria uma hipérbole eu dizer que essa foi uma das piores noites da minha vida? Quase não dormi a noite, meus pensamentos sempre se direcionavam a mesma pessoa, Ana. Não sei exatamente quantas vezes escrevi mensagens ou gravei áudios para ela, e no final apaguei antes de enviar, não sei quantas foram enviadas e apagadas logo em seguida ou quantas vezes eu considerei ligar para ela, mas no final eu desisti...

Me levanto da cama e vou para a cozinha, abro a geladeira e pego minha pasta de amendoim, faço dois sanduíches e volto para o quarto, agradeço por minha mãe estar dormindo e eu não ter tido o risco de esbarrar com ela e explica a minha cara de quem não dormiu.

Como meus sanduíches, deixo o prato no chão, perto da cama e pego meu notebook, entro no YouTube e coloco um vídeo para me distrair. E depois de horas assistindo vídeos, fico entediada, pego meu celular e entro no WhatsApp, vejo que o grupo das meninas tem mais de 200 mensagens, entro e vejo que a maioria são figurinhas, saio e vejo as outras notificações são de alguns outros grupos que estou, rolo um pouco mais a tela e vejo que Ana me mandou mensagem.

"*vídeo de gatinho fofo* – 6:23 Ninha 💞"
"Se arruma, vamos para um lugar – 6:23 Ninha 💞"
"Passo aí as 8 da noite, vamos dormir fora – 6:24 Ninha 💞"

Leio suas mensagens e não respondo, deixo o celular lado e vou para o banheiro, ligo o chuveiro no quente, tiro a roupa e tomo um banho demorado.

...

- Alice a Ana está subindo - Minha mãe grita da cozinha.

Guardo meu notebook, calço o tênis e vou para a sala. Alguém bate na porta e sei quem é, Ana. Abro a porta e me deparo exatamente com ela.

- Oi - Ela fala sorridente.

- Oi, tudo bem? - Pergunto sem jeito.

- Tudo, vamos? - Ela pergunta.

Pego minha mochila em cima do sofá e saímos.

- Aonde nós vamos? - Pergunto entrando no elevador.

- Para um lugar diferente.

Eu realmente cogitei a tarde inteira se eu saia com Ana ou não, no final eu cedi, não sei se foi o certo a fazer, talvez eu devesse ter chamado ela para conversarmos antes de simplesmente pegar minha mochila e sair do apartamento. Ana parece que tem algum efeito sobre mim, é diferente de qualquer ex-namorada ou ficante, e eu simplesmente não consigo questionar e só sigo suas ordens.

- O que ta acontecendo? - Ela pergunta já dentro do Uber no caminho desse lugar que ela quer ir.

- Eu estava pensando que devemos conversar - Falo séria e percebo que ela se afasta.

Sua mão que tocava meu ombro é recolhida, ela desvia os olhos para não olhar diretamente para mim e suas pernas são afastadas das minhas.

- Ana o que você tem medo? - Pergunto em um tom calmo e preocupado.

- De você - Ela sussurra.

Sou surpreendida com sua resposta, me recolho de imediato e ela parece perceber imediatamente que isso me deixou apreensiva.

- Não! - Ela sussurra novamente - Não é medo de você, medo do que você pode fazer ou algo do tipo... - Ela me diz.

Sinto um peso ir embora, achei que em algum momento talvez eu pudesse ter sido agressiva com ela ou a magoado.

- Eu tenho medo de você se apegar a mim - Ela fala e vejo seus olhos encherem de lágrimas.

Tento me aproximar, mas Ana estende a mão, demonstrando que deseja que a distância continue.