#23

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Caminho com ela pelo hospital, parece atenta observando tudo ao seu redor.

- Trouxe a roupa? - Ela pergunta parando em frente a um banheiro.

- Pra que você quer ela? - Pergunto hesitante.

- Para vestir - Ana fala de maneira óbvia.

Bufo e entrego para ela minha bolsa, um sorriso de canto e ela entra no banheiro, espero alguns minutos e sai completamente vestida com um top e um shorts meu que ficam um pouco frouxos para ela.

- Vamos! - A bolsa é entregue para mim de volta e ela me puxa com a mão.

Andamos rápido até uma das saídas do hospital, mas fico exitante.

- Alice você prometeu... - Ana fala e eu solto um suspiro.

Engulo em seco e caminhamos rapidamente para fora do hospital.

- Acho que teremos que correr - Falo e Ana sorri entusiasmada.

Mordo o lábio inferior, tentando dispensar os pensamentos intrusos que me repreendem dizendo que ela não conseguira correr, que pode passar mal, que nos pegarão, entre outras culpas futuras que isso pode acarretar.

- Vamos, vamos! - Ana me puxa pelo braço.

Corremos para fora da área do hospital - não corremos tão rápido para não gerar desconfiança -, quando atravessamos o quarteirão paramos.

- Meu... D...e...us - Ana fala ofegante com uma mão no peito e outra a apoiando na parede.

- Isso não é uma boa ideia! - Falo preocupada.

Ana revira os olhos e começa a tossir, pego meu celular e chamo um Uber.

- Tem certeza? - Pergunto preocupada.

- Sim - Ela responde.

Em minutos vejo um carro parar em nossa frente, verifico em meu celular e o carro bate perfeitamente com as descrições do aplicativo. Entramos e seguimos destino a praia de Copacabana.

Já na calçada da orla observamos em silêncio a praia vazia, as ondas do mar calmas que beijam a areia, os pássaros que voam a procura de onde dormir, o crepúsculo que aos poucos se evidência no céu dando do azul lugar aos tons quentes de rosa, laranja e vermelho.

- Vamos andar - Ana fala e então tira a cânula do nariz.

- O que você tá fazendo? - Pergunto preocupada.

- Não quero usar esse negócio agora - Vejo ela retirando a alça da bolsa do ombro.

Balanço minha cabeça em negativo, além de poder lhe fazer mal ficar tempo demais sem o concentrador, também facilmente seria roubado se deixado na calçada.

- Vão roubar - Afirmo.

- Quem rouba um aparelho de oxigênio? - Questiona a garota pondo o equipamento de pouco mais de 2kg no chão.

Poderia lhe falar o quão é ingênuo seu pensamento, mas guardo o para mim e apenas digo:

- Aqui é o Rio de janeiro, roubam até a roupa do corpo se você ficar meio distraída.

- Tudo bem, mas quem vai carregar? Te garanto que não vai ser eu - Ana diz e eu pego o aparelho do chão e passo a alça pelo meu pescoço.

Meus pés finalmente tocam a areia, olho para o chão e vejo parar ao lado dos meus os de Ana, sem calçado algum criando barreiras.

- Cadê seus chinelos? - Pergunto e Ana revira os olhos.

- Na calçada - Ela fala e sai correndo para o mar.

Nossa Última Noite (Romance Safico)Onde histórias criam vida. Descubra agora