Capítulo 3.

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Depois de passarmos um bom tempo cavalgando, conversando, brincando e fingindo não ser quem somos, decidi retornar para a Quinta com as meninas. Elas não queriam, pediram para passar o resto do dia às margens do riacho e, no fundo, até eu queria ter continuado lá por mais tempo.

No meio do caminho refleti sobre o que Isabel havia dito... "com certeza não seria imperatriz!". As palavras de minha filha soaram tão forte em meus ouvidos que até agora não me deixaram parar de pensar nelas. Eu já tinha uma certa noção de que Isabel não queria ser imperatriz, que talvez aquele título fosse pesado demais para ela. Mas apesar de ter isso em mente, nunca duvidei da força e da capacidade de Isabel para lidar com tal responsabilidade. E, infelizmente, o meu instinto de mãe sempre me alertou sobre isso. Mas não há nada a se fazer, é algo que foge dos meus poderes. É óbvio que se Pedrinho e Afonso estivessem aqui, tudo seria diferente para Isabel. Tudo seria diferente para todos nós.

Isabel: Mamãe, a Dina dormiu! -ela apontava para irmã que estava apoiada em minhas costas.

Teresa: Io senti, filha! Mas estamos quase chegando. -lhe devolvi um sorriso. -Você está cansada? Às vezes é cansativo sair de uma rotina que estamos tão acostumados.

Isabel: Um pouco, mas estou feliz! É raro termos esse tipo de lazer e por mais que eu esteja cansada, quero aproveitar até o último minuto deste dia. -ela segurava firme as rédeas do cavalo enquanto olhava para frente.

Minha menina... ela é apenas uma menina, mas por muitas vezes demonstra ter a maturidade de um adulto. Este é o reflexo da responsabilidade que lhe foi atribuída desde tão cedo.

Teresa: Que bom que gostou, amore mio! Prometo que teremos mais dias como este.

Logo chegamos e eu acordei Dina para que ela pudesse descer do cavalo. Ela estava sonolenta, coçava os olhos, bocejava e pedia colo.

Teresa: Dina, você já está grande para ficar no colo! -segurei seu rosto com as duas mãos.

Dina: Estou com sono, mamma! -ela ergueu os braços para mim da mesma forma que fazia quando era um bebê.

Por mais que ela já estivesse grande, não era tão pesada, e eu acabei cedendo aos seus pedidos e a peguei no colo. Ela envolveu as pernas em minha cintura e afundou o rostinho na curva do meu pescoço. Mesmo que elas já estejam "crescidinhas" e cheias de opiniões, sempre serão meus bebês.
Entramos na Quinta e tudo estava silencioso, fomos em direção à sala principal e encontramos Celestina no meio do percurso, ela não parecia estar muito contente.

Celestina: Majestade! -se aproximou. -O que a princesa Dina tem? -franziu o cenho com preocupação.

Teresa: Ela só está com sono! -alisei as costas de Dina e ela resmungou algo indecifrável.

Celestina: O imperador já sabe que vocês saíram e não está muito satisfeito! -disse apreensiva.

Respirei fundo e tentei manter o mesmo humor de quando cheguei. Apesar do dia ter sido maravilhoso, eu já sabia que quando voltássemos, teria de lidar com Pedro e toda a sua "fúria". Continuei andando e Celestina seguiu atrás de mim junto com Isabel. Chegando na sala, encontrei Pedro próximo às escadas. Ele estava de braços cruzados, andando impaciente, como se já soubesse que tínhamos chegado. Assim que percebeu nossa presença, pareceu querer dizer algo, mas logo mudou de ideia ao me ver carregando Leopoldina no colo.

Pedro: O que aconteceu com Leopoldina? -ele perguntou esboçando preocupação.

Teresa: Nada, ela só está com sono! -falei sem olhá-lo. -Celestina, leve as meninas para o quarto, per favore!

Isabel: Mamãe, só quero que saiba que jamais esquecerei do dia de hoje! Te amo. -ela se aproximou, falou baixinho no meu ouvido e depositou um beijo em minha bochecha.

Sinestesia - Pedresa Onde histórias criam vida. Descubra agora