Capítulo 8.

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Após ouvir minha ordem, Celestina prontamente retirou as princesas do museu, deixando que Pedro e eu ficássemos sozinhos.
Ele me olhava sério, imóvel, sua respiração parecia pesada, estava com os punhos cerrados, apoiados na mesa e buscava por uma resposta minimamente razoável vinda da minha parte.
Enquanto eu, retribuía seu olhar sério com um sorriso debochado nos lábios. Afinal de contas, se ele estava aqui para tirar satisfações e tomar as dores da amante, a primeira coisa que receberia de mim, seria o deboche.

Teresa: Non vai me dizer que sua amante foi fazer reclamações de mim para você... -perguntei enquanto continuava mirando-o com um sorriso nada sincero.

Pedro: Teresa, por favor, não fale desta maneira! -suspirou pesadamente.

Teresa: Oh, perdono, preferes que io me refira à ela com outros termos? O que achas de "meretriz", "concubina", "acompanhante", "prostituta"... posso lhe dizer mais alguns, se preferir! -mordi o lábio inferior e lhe lancei um olhar provocativo.

Pedro: Pare com isso, Teresa! Sei onde quer chegar com esta conversa. -saiu de perto da mesa e passou as mãos no cabelo, demonstrando incômodo.

Teresa: Non, você não faz ideia de onde quero chegar! -dei a volta na mesa e fui em sua direção.

Pedro: Dona Luísa não veio reclamar... -parou. -Por que você está rindo?

Teresa: De você! De vocês dois, quero dizer. Conseguem me deixar cada vez mais estarrecida com tanto drama e encenação. -bati algumas palmas e continuei rindo daquela patifaria.

Pedro: Porque demitiu a Condessa, Teresa Cristina? -perguntou bravo.

Teresa: Por que ela é uma péssima preceptora! É incompetente, nunca atingiu às expectativas, nunca conseguiu oferecer um cronograma adequado, tampouco entende quais são as reais necessidades de suas alunas. Isso sempre foi óbvio, o problema é que você fingiu não enxergar por ser um egoísta e por querer que ela esteja sempre por perto. Assim, o caso de vocês se torna mais cômodo, non? -apoiei as mãos na cintura e o olhei de forma desafiadora.

Pedro: Teresa... -disse pausadamente. -Nós consideramos a contratação da Condessa pois, além de ter sido uma indicação de minha irmã, ela é uma pessoa que adquiriu vasta experiência por sua estadia nas cortes estrangeiras. -disse com certa ignorância e continuou respirando fundo.

Teresa: Nós não, você considerou! Você nunca pediu minha opinião, sempre agiu sozinho. Além do mais, vivência em cortes estrangeiras, até eu tenho!  -mantive minha posição. -Io non sou a provinciana ignorante que esta mulher sempre julgou que eu fosse. Sendo assim, decidi intervir antes que suas ações continuassem a nos afetar.

Pedro: Acha que pode demitir a preceptora das princesas e depois escorraçá-la daqui? Que tipo de atitude é essa? -gritou e abriu os braços em sinal de questionamento.

Teresa: Tanto posso, como fiz! Fiz e faria novamente. Seus caprichos, mio caro, já foram demasiado prejudicais para nós. -me aproximei ainda mais dele, sem me intimidar com seu tom elevado. -Você perdeu o direito que tinha sobre a educação das princesas.

Pedro: Ah, eu perdi? Então quer dizer que deixei de ser pai delas? -cruzou os braços e perguntou com ironia.

Teresa: Sì, Pedro, você deixou! -ele me olhou confuso. -Deixou de ser o pai que era antes de permitir que esta mulher fizesse parte de nossas vidas.

Pedro: Eu sempre cumpri com meu papel de pai, Teresa! Você não pode negar isto. Ninguém pode. -me olhou com seriedade.

Teresa: Seu personagem de pai decente durou até ontem. Esse posto deixou de ser seu, quando permitiu que suas filhas presenciassem sua imundice com a Condessa de Barral no jardim. -despejei todas as palavras em cima dele, com uma clara expressão de desdém.

Sinestesia - Pedresa Onde histórias criam vida. Descubra agora