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JINX - ESCONDERIJO
Zaun, 2h35am.

Dizemos estar cansados de muita coisa, mas continuamos lá. Divagamos sobre solidão: gritamos a plenos pulmões para as pessoas que nos incomodam o quanto queremos ficar sozinhos, mas no primeiro escorregão ou raladinho, procuramos os braços delas pra correr e chorar.

Chorei sozinha por tanto tempo, que cansei de esperar. Claggor me deu um olhar de pesar.

- Dá um tempo, cara - resmunguei, pegando minha arma e a polindo - Baaaaalas! - tentei expressar algum pingo de ânimo. Eles gostavam da minha energia. Não queria deixá-los preocupados.

Todo mundo quer ser meu inimigo. Mal sabem que minha pior inimiga mora dentro de mim: minha mente. Ela vagou ao fatídico sonho que me assombrava. Nele, Violet me olhava com raiva e tudo o que eu via era fumaça e sangue.

- Não. Não passa de um sonho.

- Acorda, Powder, você só dá azar. Por isso ela te abandonou. Mas você tem a nós. Estamos com você - Mylon completou Claggor, o que devia me dar alívio.

As lágrimas quentes que corriam por meu rosto me levaram a dar uma porrada bem dada na mesa. Senti a tábua rachar parcialmente debaixo dos meus dedos esguios. O ambiente mudou de tonalidade, como se alguém acendesse a luz. As cadeiras estavam vazias, bem como o cômodo. Apreensiva, meu coração veio até a boca e voltou. Minha respiração estava descompassada.

- Claggor? Mylon? Não tem a menor graça!

Me aproximei do móvel ao lado, passando um dedo sobre ele. A crosta de poeira ganhou vida em minha pele, mostrando que não via um pano há tanto tempo que me fez questionar quanto dormi. Não os encontrava em lugar algum.

- Não quero ficar sozinha - pedi, ainda os procurando - Por favor. Por favor, não quero - supliquei, me encolhendo rente à parede e deixando o corpo desabar no chão.

Ouvi no fundo da mente a voz de Violet, que dizia, "estou aqui com você", mas também não conseguia encontrá-la.

- Onde você está? Onde? - tentei enxugar as lágrimas, esperando que a voz dela me dissesse.

"Lembra como pedir ajuda? Acenda isso onde quer que esteja, e eu vou encontrar você".

Assenti, pensando no sinalizador e nas tatuagens que andava fazendo pelo corpo. Eu nunca havia me esquecido: inclusive, havia tatuado diversos amontoados de fumaça azul pelo corpo. Seis anos, e isso nunca a trouxe de volta.

- Ela nunca vai te procurar, você dá azar - Mylon tornou a aparecer, me dizendo o que eu, no fundo, sabia, mas odiava admitir.

- Mentirosa.

Deitada no chão abraçada com meus próprios joelhos, em algum momento adormeci. Eu dava azar, podia ser verdade, mas ela era meu trevo de quatro folhas. Se me desse sorte o suficiente, talvez dessa vez ela ficasse...?

Procurada: VIOnde histórias criam vida. Descubra agora