Chegamos na casa chique do ladoalto da gata chique. E olha, era uma casa bonita mesmo. Não havia ninguém além dela lá, o que tinha dois pontos a se considerar:
1) Eu estava sozinha com uma mulher bonita depois de passar 6 anos na mesma cela que a tia horrorosa dela;
2) Quem diabos morava sozinho em uma casa tão grande?
Caramba, eu e Powder passamos a vida toda dividindo um quarto e ainda achava espaço demais pra nós duas. Desci do carro tentando me apoiar na porta que ela abriu, mesmo com as algemas. Quando estávamos lá dentro, com a cara e a coragem ela as tirou dos meus pulsos e eu suspirei.
- Essa é uma péssima escolha. Você sabe.
- Posso saber por quê? - ela pareceu desinteressada, o que me fez revirar os olhos. Continuou me indicando o caminho conforme andava na minha frente - Estou te dando um resquício de liberdade, um voto de confiança, comida, casa limpa, roupa lavada e um banho de espuma.
- Ainda não me deu o que eu quero.
Ela me olhou de um jeito que me deixou em estado de alerta pra correr.
- Dê em cima de mim de novo e eu juro que a última coisa que vai ver acordada vai ser o teto.
Ergui os braços em sinal de rendição, mas o sorriso disfarçado no canto dos lábios dela me deixava confusa. Era pra parar ou não, cacete? Minha nossa, é por isso que eu gosto de mulher feia. A tia dela não me deixava confusa. Não que eu tenha pegado a veia, mas sempre sabia o que ela queria dizer. Mulher bonita é tudo desgranhenta.
O sangue seco começava a incomodar. Ela entrou em um cômodo gigante logo depois de um quarto e abriu a porta pra mim, que não quis causar mais transtorno, então entrei. A banheira estava logo ao canto e eu suspirei. A água parecia quente pelo vapor, mas ela fez questão de provar antes.
- Parece boa.
- Parece quente demais, Cupcake. Não tem isso na subferia - comentei sem a menor intenção de ser entendida errado. Milagrosamente.
-Então... Espera, você não vai me esperar sair pra tirar essa porcaria de roupa? - joguei a blusa nela e ela devolveu, enfiando o tecido na minha cara. Aquilo ardeu, que mulher demoníaca.
- Pra quê? Passei seis anos fazendo isso na frente de um bando de macho feio tarado. Pelo menos você é bonita. Se gostar de alguma coisa, eu ainda saio no lucro. - Terminei de me despir e deixei as peças no chão, entrando na banheira e me deitando.
Ela estava de olhos tampados pelas mãos, desesperada. Pareceu aliviada quando espiou e eu estava dentro da banheira, o que me fez rir. A Xerife se inclinou sobre mim e pegou alguns vidros. Parecia coisa pra cabelo. Devia ser por isso que ela era tão cheirosa. Peguei um pouco de espuma e estiquei a mão pra passar no rosto dela. Primeiro ela parecia possessa, depois sorriu.
- Nunca esteve em uma banheira antes?
Balancei a cabeça. Claro que não, eu era da subferia. A gente mal tomava banho. Gostosa e burra, do jeito que eu gostava. Ai ai. Pra minha surpresa, ela se levantou e trouxe alguns patinhos de borracha, os colocando sobre a água. Fiquei observando os patinhos. Queria ter feito coisas bobas assim com Powder quando ela era mais nova.
Meu peito doeu e eu afundei os patinhos na água por impulso. Caitlyn suspirou e ia me dando as costas, mas segurei o braço dela. Não queria ficar sozinha. Preferia morrer do que admitir, mas tinha medo dela dar as costas e não voltar.
- Só vou arrumar algo pra você comer, Violet. Não vou a lugar algum.
O problema é que eu vou, pensei. E talvez você não vá me perdoar.
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Procurada: VI
FanfictionEm sua primeira tarefa como nova Xerife da cidade, a piltovense Caitlyn Kiramman precisa localizar e deter a criminosa das ruas violentas de Zaun, conhecida como "VI", o que ela acreditava ser uma identificação numérica de uma irmandade. O que ela n...