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Covardia.

Covardia é o nome que se dá a:
1) Prisões que juntam homens e mulheres no mesmo lugar, principalmente quando falamos de funcionários e,

2) Pessoas que abusam da posição para se aproveitarem das outras.

Havia apostado tudo que tinha em troca daquele celular, mas ao invés de fazer o que precisava logo, perdi a porra do meu tempo flertando com mais uma riquinha mimada. E pior: unilateralmente.

Minha cabeça deu voltas e meu nariz pingou líquido rubro. De novo, de novo e de novo. Não sabia qual era o número daquele último golpe, mas a boca do meu estomago não estava feliz. Olhei o homem que o desferiu com um rancor indescritível. Se um dia saísse dali, não o faria sem antes desconfigurar a cara dele.

- Você sabe por que está aqui?

Balancei a cabeça. Podia ter ignorado, mas sim, sabia. O idiota que me contratou em troca do celular tinha uma corda ateada no pescoço e precisava de alguém pra culpar. Claro, seria eu.

- Nós não admitimos que ninguém mexa com colegas de trabalho.

- Então devia escolher eles bem melhor, já que me contrataram pra foder com vocês - cuspi as palavras, tentando soltar meus punhos. O cara que estava atrás era nojento demais. Segurava com força, com medo de que eu me soltasse, mas ao mesmo tempo não parava de dizer coisas indecentes.

Eu o mataria se pudesse, mas meu corpo estava começando a vacilar. Colocaram um saco plástico sobre a minha cabeça e um deles o apertava, temtando me sufocar. Não tinha forças pra me manter de pé sozinha, então pedi para trás, numa última tentativa de reagir, mas falhei quando ouvi aquela voz no cômodo. Minhas pernas me traíram e meu coração fez uma fanfarra no peito. Eu não sabia se era por quase morrer, ou se era saudade dela. Eu com certeza estava sonhando. Ela não iria tão longe por alguém da subferia.

- Soltem-na - foi tudo que ela disse a princípio, mas foi o suficiente para que o fizessem. Sem ter como me segurar sozinha e pela cabeça estar girando, tombei pra frente e um corpo alto, mas frágil, me segurou. Havia sangue suficiente em meu rosto para arapalhar a visão, mas tentei abrir os olhos e ela estava furiosa. Pedi a deus que não fosse comigo, porque aquele olhar dela desintegraria alguém por si só. Droga, deixava ainda mais gata.

- Cupcake...? - chamei, tentando discernir sonho de realidade - Você está aqui mesmo?

Ela me abraçou tão forte que não precisou responder. Enterrei a cabeça em seus ombros e, pela primeira vez em seis anos, chorei.

Procurada: VIOnde histórias criam vida. Descubra agora