Enrolei a toalha no corpo e outra na cabeça, secando os cabelos enquanto saia do cômodo depois de escovar os dentes com a escova nova que ela me deu. Caitlyn se assustou na cama, onde estava lendo; passou alguns segundos me encarando e não dava pra saber se estava distraída ou sei lá que, talvez eu estivesse cagada. Bom, minha aparência devia estar melhor agora; ela devia ter assustado quando eu estava suada e ensanguentada, não limpa.
- Raro pra você ver a subferia limpa?
Ela rolou os olhos e eu dei risada. Gostava de provocá-la de graça. Raiva de mulher bonita é tipo beijo.
- Não sei se tenho roupas que você vá gostar de usar.
- Eu aposto que não tem - me deitei na cama, tentando espiar o que ela estava lendo. - Gostaria de não precisar delas também.
- Que cheiro bom. - Brincou, agora sem desviar os olhos das páginas que lia.
- Sim, é o seu cheiro, Cupcake. - Puxei o livro das mãos dela, tentando não ser uma cavala ogra. Seu olhar se direcionou ao meu rosto e meu coração vacilou. - Por que me trouxe aqui? - perguntei baixo, quase como um sussurro. Foi a vez dela de vacilar. Passou algum tempo com os lábios entreabertos, pensando. Devia ser uma dúvida sincera entre me dar um soco na cara ou não. Ela não parecia brigar de tapa.
Queria pensar nos meus problemas e afins, mas a proximidade me deixava com a cabeça em outro lugar. Ela não recuou, eu não reclamei; meu peito sim. Ele parecia descontente, falhando algumas batidas que deviam ser as do juízo. Nunca pensei que alguém tão bonita por foto pudesse ser ainda melhor pessoalmente. Será que era assim mesmo, ou eu havia passado tanto tempo presa que achava qualquer tramboio bonito?
- Eu não sabia o que fazer. - Ela respondeu, por fim. É, foi uma resposta meio decepcionante, mas eu aguento. Seis anos presa cercada de gente chata, o que poderia me decepcionar mais?
- Podia não ter feito nada. Teria um problema a menos agora. Tentei roubar sua família uma vez, o que te garante que não vou tentar de novo? - Ela trouxe a mão até meu rosto e deslizou o polegar pela minha pele. Suspirei e fechei os olhos. Era a primeira vez em muito tempo que alguém me tocava com tanta gentileza. Tinha vontade de retribuir e de correr. Não sabia qual vontade era maior.
- Você é curiosa. Cuidado, deixei as algemas de pelúcia em casa. Você não iria muito longe. - Seu polegar deslizou até meu queixo e eu não recuei. Quem em sã consciência recuaria?
Dei um sorriso suspeito pela cara que ela fez. E não era pra menos, também. - Gosta de me algemar, não é? Isso não é muito bom pra você. Trabalho melhor com as mãos livres.
Coloquei as mãos sobre as dela e sua pele era realmente suave como algodão. Havia uma droga de corrente elétrica insistente quando nos tocávamos. Subi o corpo devagar sobre o dela para que não se assustasse e a ouvi resmungar baixinho, pois ainda estava molhada do banho. Não fiz mais nenhum movimento. Ela parecia confortável ali e a última coisa que eu queria era estragar.
Passamos tanto tempo ali, deitadas juntas na cama sem nos mexer, que ela fechou os olhos e adormeceu. Tinha uma viadagem rondando minha cabeça que, se uma policial dorme no mesmo ambiente que você, é porque se sente segura.
De fato, ela estava. Preferia morrer do que machucá-la, mas embora quisesse passar a noite toda com o corpo dela no meu, eu precisava ir. Precisava encontrar Powder. Toquei os lábios dela com o polegar, que pareciam ser feitos de veludo. Levantei com as pernas pestanejando, pois queriam ficar. Meu coração também, mas eu não podia.
- Nos vemos por aí, Cupcake. - Sussurrei, deixando um beijo na testa dela.
Desci as escadas de volta à sala de estar depois de furtar uma muda de roupa que parecia combinar parcialmente comigo. O casaco vermelho era bonito, ao menos. Comi o que ela havia preparado e estava me preparando para sair pela porta principal quando ouvi o barulho do gatilho.
- Eu posso explicar, Caitlyn. Não atira essa merda aí em mim não, porra!
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Procurada: VI
FanfictionEm sua primeira tarefa como nova Xerife da cidade, a piltovense Caitlyn Kiramman precisa localizar e deter a criminosa das ruas violentas de Zaun, conhecida como "VI", o que ela acreditava ser uma identificação numérica de uma irmandade. O que ela n...