6- Lhe trouxe café, chefe

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O toque suave despertou-me de meu sono tranquilo. Toque esse que, de longe, era o mais aconchegante, mais confortável. Acordar com um corpo em "brasas" enroscado ao meu era uma delícia, mas, acordar com o vento gélido batendo em minha pele nua... sem comparações.

Após três noites tão agitadas, tudo que meu corpo ansiava era um bom descanso. Tive! Dormi como um bebê, sinto-me nova em folha, pronta para mais um dia.

Com o sol brilhando ao lado de fora, elevo meus braços para o alto, espreguiçando-me, deixando meu corpo livrar-se de todo e qualquer resquício de preguiça que possa habita-lo. Foram necessários segundos até que levantasse da cama, seguindo em passadas calmas até o banheiro, onde liguei o chuveiro, enfiando-me em baixo do jato d'água. Enquanto sentia as gotas gélidas por cada parte, molhando cada canto, trazendo-me uma sensação gostosa e relaxante, minha mente começava a trabalhar em tudo que poderia acontecer durante o dia; estava para além de descansada, tinha que haver algo para me divertir. Tirar onda com Margaret não seria tão divertido, provocar Paola... Não, cedo demais. Provocar Estefânia de algum modo?

-Levar um café para a chefe não me soa nada mal -Murmuro para mim, correndo com o sabão pelos meus ombros -Clichê, mas interessante, muito interessante. -Deixo um sorriso se formar no canto de meus lábios, imaginando todas as reações possíveis vindas de minha chefe.

Estefânia sempre fora uma mulher muito elegante, centrada, com uma postura invejável. Quanto profissional, não há comentários negativos à se fazer. Impecável. Mas, será que a mulher é resistente? Nunca ousei chegar muito perto, para não lhe invadir o espaço pessoal. Porém, depois do que vi, com certeza, ela não é nenhuma santinha. Tampouco uma mulher que teme ser vista. Por si só, consegue ser vistosa, notada, mesmo que sem a intenção de chamar atenção para si mesma; como pude deixar passar despercebido algo tão óbvio? Essa pergunta me perseguirá, até que consiga encontrar a resposta. Resposta essa que, deve vir dos lábios dela. Farei com que fale, ou, até mais...

Sem prolongar meu banho e meus pensamentos, termino de banhar-me, enrolando-me na toalha, indo para o closet, onde custo à escolher uma roupa descente. Quando digo descente, não é "comportada" e sim, descente para o que pretendo fazer. Não haverá graça em aparecer de qualquer jeito na frente de Estefânia, por hora, por hoje, ela merece uma boa visão de sua excelente funcionária. Pensando por esse lado, opto por pegar um vestido vermelho bem justo, calçando em meus pés, um coturno preto de cano alto.

Para não demorar-me demais, passo uma maquiagem não muito forte, realçando meus lábios com um batom vermelho; pego uma jaqueta de couro preta, a bolsa, minha cartela de cigarros -Essa que, tem se tornado indispensável para mim - então disparo para fora de casa, subindo em minha moto.

Como de costume, o trânsito a essa hora da manhã, encontra-se como um formigueiro; fileiras e mais fileiras de carro se formam. Buzinas soam altas, resmungos são audíveis, essa é a caótica São Paulo. Anos atrás, eu era uma dessas pessoas irritadas, hoje em dia, qualquer desavença no trânsito eu sano com um "foda-se". Já me acostumei, e, posso dizer veemente que me divirto com as "pérolas" que podem ser soltas logo cedo. Olhando ao redor, parada em um semáforo vermelho, jovens universitários passam alegres sérios -sérios demais- a caminho da universidade, "aborrecentes" passam serelepes em seus grupos bobos. E, as crianças, adoráveis, passam molengas, agarradas na barra da calça de seus respectivos responsáveis. Não evito de sorrir, me sinto em casa vendo tudo acontecer diante de meus olhos. Já estive no lugar de criança, já fui uma adolescente rebelde, e uma universitária tida como "bipolar" já que, amava meu curso, na mesma medida que tinha vontade de jogar tudo para o ar.(ainda bem que não o fiz).

Envolta numa atmosfera nostálgica, eu diria, sou bruscamente puxada para essa realidade, com o som alarmante das buzinas soando; sem dar importância aos falatórios irritados, arranco com a moto pela avenida, chegando em minutos na redação. A melhor parte de se pilotar uma moto é que, demoro muito menos para chegar ao meu destino. Ao estacionar na vaga que já entitulei com "minha" ao invés de adentrar meu segundo lar, me direciono para a cafeteria/lanchonete mais próxima que há. Pelo horário, não deve estar tão movimentada já que, as pessoas pagam apressadas por seu café, retirando-se do local.

O despertar de uma dominadora[BDSM]Onde histórias criam vida. Descubra agora