My Son.

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Enquanto Gabriel não chegava, aproveitei para subir e tomar um banho. Confesso que me sentia estranho tomando banho nesta casa. Dormir naquela cama enorme foi esquisito e, andar por aqui, neste silêncio, pior ainda.

Será que todos os meus dias são assim? Eu fico sozinho o dia inteiro? E, pior, sou sustentado pelo Dean? Não acredito nisso... Logo eu que sempre pensei em crescer e me tornar independente!

Entrei no closet e escolhi roupas simples; short, camisa e chinelos de abelhas que estavam perto da cama. Só podem ser meus, o outro par tem estampas de um desenho que eu nunca vi na vida.

Saí do quarto e desci. Cheguei à sala e me joguei no sofá. Sinto-me como um agregado nesta casa, um hóspede. É muito esquisita a sensação, a casa é basicamente minha! Eu moro aqui faz... Não faço ideia de quantos anos, só sei que moro. É meu lar!

Meu lar.

Por que esta casa parece apenas desconhecida para mim?

Perder a memória é uma merda sim, eu só queria lembrar de certos momentos, mas, tudo é apenas um borrão na minha mente. Batuquei os dedos em minhas pernas e observei em volta, tudo bem decorado; a sala tem uma decoração moderna, uma televisão exageradamente grande, sofás gigantes... Sério, os sofás pareciam camas. Tudo muito lindo, precisava tirar um dia para conhecer minha casa!

É até engraçado pensar nisso... Vou conhecer a casa que eu moro há anos!

A campainha tocou, só podia ser Gabriel. Levantei sorridente num pulo só e corri até a porta. A abri e...

— Puta. Merda!

Exclamei boquiaberto ao ver aquele homem sorridente parado na porta me olhando. Gabriel! O tempo o mudou bastante, mas, aquela boca... É irreconhecível. Assim como seus olhos e sorriso. Seu corpo também estava mudado. Se antes ele tinha um corpo maravilhoso, hoje ele tem o corpo perfeito!

— Então é verdade... – ele comentou, porém, pareceu falar consigo mesmo. Seu sorriso diminuiu um pouco e seu olhar ganhou um brilho triste. Eu franzi o cenho e, em segundos, senti meu corpo ser puxado para frente, envolvido em braços fortes. — Que saudade!

Gabriel falou contra minha cabeça. Me encolhei contra ele, suspirando alegre por tê-lo ali. É bom estar com o meu irmão e amigo no meio de toda essa loucura. Gabriel acariciou meus cabelos e beijou o topo de minha cabeça. Sorri.

— Seu abraço continua o mesmo acolhedor e quentinho de sempre.

Minha voz saiu um pouco abafada pelo fato de estar com a metade dela pressionada contra o seu peito. Ele parece mais alto agora, está forte também. Quer dizer, nós nunca fomos o exemplo de saúde, principalmente ele que se acabava nos doces. Bom, alguém deve fazer a festa neste corpinho...

— Claro que continua! – finalmente ele se afastou de mim, sorriu e fez um leve carinho em minha bochecha. Fechei os olhos para aproveitá-lo. — Mas, me conta – saiu entrando sem nem ao menos pedir licença e ainda me empurrou para que eu saísse de sua frente.  — Como foi que aconteceu essa loucura toda aí? Sam chegou lá em casa desesperado contando tudo, que você tinha perdido a memória, que queria bater em Dean. Quase morri de tanto rir!

Tagarela ele continua também. Gabriel, no quesito falar sem parar, superava Meg. Por falar nela, preciso ver minha amiga, será que ela mudou muito?

Respirei fundo e fui até onde ele está. Sentei no sofá em frente a ele e cruzei uma perna com a outra.

— Eu nem sei como essa coisa toda aconteceu. – dei uma pausa para suspirar, minha cabeça estava baixa. — Eu só acordei ontem de manhã achando que ainda estava no colegial, mas, na verdade, eu já estou casado, com filho, e um marido que, na minha mente, eu ainda odeio profundamente.

𝐒𝐭𝐮𝐩𝐢𝐝 𝐇𝐮𝐬𝐛𝐚𝐧𝐝                                             (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora