Ângela, Phil e eu almoçamos juntos, ela gostava bastante de falar, mas não reclamei, era legal ver sua empolgação quando contava que se mudaria para fora da cidade para trabalhar, e como Phil estava trabalhando duro para abrir um bar.
Durante o dia, Ângela esteve fora, disse que precisava resolver alguns problemas com seu novo trabalho, não havia muito que eu pudesse fazer dentro do quarto, a chuva piorava a cada minuto, Phil estava debruçado sobre a escrivaninha rabiscando papéis. De vez em quando o ouvia resmungar e amassar uma folha, jogando-a longe.
Me aproximei lentamente e olhei por cima de seu ombro o que ele fazia.
—Sua conta está errada. —Eu disse.
O mesmo me olhou por cima do ombro com desgosto.
—O que, exatamente, está errado? —Ele perguntou, não muito simpático.
Dei a volta em sua cadeira e apontei para certo ponto dos cálculos.
—Você está errando a conotação das porcentagens e ignorando redundâncias, faz parecer uma conta maior do que é, te dando resultados absurdamente mais altos que o certo.
Ele me encarou por um momento.
—E como devo fazer, espertinha? —Perguntou com ironia, me cedendo o lápis.
Mudei alguns números de lugar, simplifiquei as redundâncias, cortou o problema mais que pela metade.
—Você também usou as unidades erradas, não pode esquecer de convertê-las. —Disse, e logo finalizei o pequeno problema. —Com o que está investindo e os gastos iniciais, você consegue abrir o seu bar em cerca de três meses, e não em quatro anos, como você previu. Claro que não considerei a margem de despesas de emergência, o que imagino que você também não acrescentou, mas se ponderar ponto a ponto, não tem erro. —Disse soltando o lápis sobre a mesa.
O encarei e o mesmo me olhava intrigado.
—Onde aprendeu isso tudo? Duvido que você mal tenha o ensino médio.
—Algumas crianças mais velhas do orfanato tinham livros de escola, eu apenas lia.
—Garota, gostei de você. Você é minha amiga agora.
Your my friend now.
—Que tal o seguinte: —Começou ele, virando-se para mim. —Não posso contratar um contador no momento, me ajude com a parte financeira, e um terço do lucro é seu.
—Quer ajuda com dinheiro?
—Isso, não sou bom com números, e você sim, me ajude até a inauguração do meu bar, lhe darei acesso irrestrito para consumo, e você terá um porcentual dos lucros até a minha, espero que não, falência. —Ele sorriu abertamente, de fato era um homem muito bonito, e não era uma oferta ruim.
—Eu topo, mas quero uma coisa. —Ele arqueou uma sobrancelha. —Quero acabar a escola, quer dizer, eu só tenho o fundamental, e se um dia quiser cursar uma universidade, preciso do ensino médio.
—Posso conseguir isso. —Ele me estendeu a mão. —Negócio fechado, Liz? —Notei o apelido ao final de sua frase.
—Liz?
—Liz está dentro do nome Eliza. —Analisei sua fala, era verdade. Logo apertei sua mão em concordância.
—Acho que vamos nos dar bem, Phil. —Sorri de volta.
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FanficDepois do reencontro de Hannah com seus irmãos, a aproximação dos irmãos Donfort, e a recente prisão de quem chamavam de O Homem Sem Rosto, Duskwood finalmente desfrutava da estável paz que tanto almejavam. Com a vida voltando aos trilhos depois de...