Paramos em frente ao Aurora, os passos de Phil pararam aqui, entrei sem enrolação e andei direto para seu escritório, entrando sem bater.
Dei de cara com o barman no centro da sala, ele parecia cansado e usava um casaco comprido diferente do habitual.
—Você realmente não sabe bater? —Perguntou o barman indignado.
—'Cadê' ela?—Perguntei me aproximando.
—E como que eu vou saber? Quem 'tava' seguindo a pista era você.
Me aproximei a agarrei a gola de sua camisa, o puxando para perto.
—Você estava lá! Me diga por que estava na saída da cidade e depois foi pro hospital? Me diga.
—Cara, eu estou te avisando, me solta ou vamos ter problemas. —Advertiu o barman.
—Phil, isso é sangue? —Ouço a voz de Lilly atrás de mim.
Havia sangue em sua camisa, e um pouco em minhas mãos, ele rapidamente se afastou e fechou o casaco até encima.
—O que você fez? —Perguntei. —Me diga que não machucou ela. Me diga!
—Eu não machuquei! Foram seus amiguinhos do governo. Eu ajudei ela, desde o começo só eu ajudei ela.
—O que está dizendo, Phil? —Perguntou Hannah.
—É bem o que você ouviu. Fui eu que percebi como vocês a deixaram de lado, depois de tudo que ela fez por vocês, fui eu que arrumei a droga que te botou pra dormir, Donfort. E fui eu que a levei pro hospital quando o plano deu certo, fase por fase, a única coisa que eu não fiz foi a falsa ameaça que soltou ela, agradeça ao nosso espião interno. E agora eu fico muito feliz dela não ter me dito pra onde foi.
—Espião interno? Ela... Ela foi embora? —Perguntei.
—Ela se mandou daqui, vazou, fazia tempo que ela queria ir embora, e foi legal o suficiente de limpar a sua barra antes de meter o pé, até quando achou que ela ia aguentar? Todas as ameaças, todo o pânico que essa cidade causou, e vocês esquecem dela como uma simples garrafa vazia, nem considerou como estava a cabeça dela, não é? Logo você, que confiava tão cegamente nela, onde estava você quando ela precisou? Bem escondido como um ratinho assustado.
—Phil, já chega. —Interrompeu Hannah.
—Ah, mas não chega, me responde, Jake, você não a conhece tão bem? Não é tão bom em computação? Não é tão bom em tudo que faz? Em seguir as suas pistas? Onde ela está? Me diga.
Congelei no lugar, o celular dela pesava em meu bolso, nos últimos três dias me dei conta do quão pouco a conhecia, e sem algo para rastreá-la, não posso fazer nada.
Estou impotente de novo.
Seria um desafio encontrá-la, principalmente porque ela não quer ser encontrada, não vai ser fácil, mas acho que posso descobrir para onde ela foi, e então talvez tenha algumas respostas.
—Por que ela queria ir embora? —Foi o que consegui perguntar em meio ao caos de meus pensamentos.
O barman bufou e riu com escárnio.
—É muito simples, ela cansou daqui, cansou de ser usada nos seus joguinhos e cansou de ser procurada apenas quando precisam. Você sentiu isso, não? Ficar sem informações, sem saber o que fazer e sua fonte segura some sem avisar, não é tão legal assim, não é?
Mais uma vez as palavras me atingiram, foi isso que ela passou durante nossas investigações?
—Pra onde ela foi? —Perguntei.
O moreno se sentou atrás de sua mesa e me encarou.
—Eu não sei. Nós concordamos de não saber pra não arriscar a segurança de nenhum de vocês caso o governo venha atrás dela, eles não podem chegar perto de vocês sob uma promessa pública, mas nada impediria de seguirem seus rastros e forjar uma situação. Ela não queria arriscar a vida de nenhum de vocês. Você em especial. —Disse esta última afirmação mais baixo, e com certo desprezo.
A essa altura, as irmãs Donfort haviam se retirado da sala, deixando os dois conversarem a sós.
—Eu não sei o que dizer. —Disse baixinho. —É culpa minha, por não ter percebido, por não ter dito nem perguntado nada, e por não cumprir nossa promessa.
*flashback on*
~Durante as investigações~
—Eu só não quero que você se machuque. —Disse eu.
—Uma análise objetiva não deixa espaço pra ciúmes.
—Mas as minhas preocupações com você sim.
—Você tem razão.
—Me prometa que não vai se machucar.
—Eu prometo.
*flashback off*
Do you promise me?
I promissed.
—Realmente, a culpa é sua. —Disse o barman, indelicadamente.
—O que eu faço agora? —Perguntei, exasperado.
—Conhecendo ela, espere as coisas acalmarem, talvez ela volte daqui uns meses.
—"Talvez"? Alguns meses? —Só pode ser piada. —Tem que ter um jeito de acha-la... Se olhar as câmeras de segurança talvez eu possa...
Mas fui interrompido quando Phil se levantou abruptamente e se aproximou perigosamente.
—Ela. Não. Quer. Ser. Encontrada. —Disse o barman entre dentes, apontando o indicador em minha direção, tocando em meu peito após cada palavra.
—Você é idiota ou o que? Ela pode estar em perigo, se eles chegarem nela...
—Então eu vou dizer de outra forma, uma que você entenda. Se você ousar procurar por ela, e por tremenda estupidez encontrá-la, isso vai chamar a atenção dos caras. —Seu tom se tornou ameaçador, e sua expressão assustadora. —E se eles encostarem num fio de cabelo da minha irmã, eu vou acabar com você e usar a sua pele como tapete.
Não vou negar que nunca imaginei um semblante tão preocupantemente assustador emanando de Phil, e ao mesmo tempo nunca imaginei ver esse outro lado. Protetor. Mesmo com este último, a sensação de medo se alastrou em mim, não duvido que Phil se preocupe com Eliza, e duvido menos ainda do que ele seria capaz se fizessem algo com ela.
"...da minha irmã..."
Me dei por vencido e assenti, o outro respirou fundo e tornou a se sentar.
—Supera, Jake. Nós nunca vamos entender o que se passa na cabeça dela.
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Fiksi PenggemarDepois do reencontro de Hannah com seus irmãos, a aproximação dos irmãos Donfort, e a recente prisão de quem chamavam de O Homem Sem Rosto, Duskwood finalmente desfrutava da estável paz que tanto almejavam. Com a vida voltando aos trilhos depois de...