Yon

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Hinata, depois de sair da sala de música, foi a correr em direção ao seu quarto bastante feliz com a ideia de ir a um baile. Ao chegar no seu cantinho daquela casa, ele logo abriu um baú que guardava debaixo da cómoda e de lá retirou um fato muito especial para si.

- Não é lindo? - pergunta aos animaizinhos que o assistiam rodopiar pelo quarto com a roupa em frente ao corpo. - Era do meu pai!

- Acho que está levemente velho. - opina Nishinoya, logo em seguida levando um pequeno cachaço de Asahi pela indelicadeza.

- Bem, talvez esteja fora de moda, mas eu concertarei! - ele pega num livro com bastantes modelos de vestidos e fatos. - Aqui deve ter algo, deixa ver... Ah, este daqui!

- Que bonito! - elogia Asahi olhando o desenho. - Mas, como faremos?

- Bom, cortarei as mangas, precisarei de uma faixa e talvez de uma tira de coro para...

- HINATA! - ele ouve uma das irmãs gritar por si e solta um suspiro de desagradado.

- Já vou, já vou! - ele sai do quarto em meio a reclamações, deixando os animaizinhos desapontados para trás.

- Pobre Shoyo! - começa Nishinoya. - Mal começa o dia e é logo "faz a sopa", "lava a loiça", "passa a roupa", "limpa os móveis".

- Assim ele não terá tempo para preparar a roupa! - lamenta Azumane enquanto analisava o modelo do livro.

- Então faremos por ele! - sugere May, um dos outros ratos. - A gente vai fazendo os cortes necessários e vocês os dois poderiam tentar achar uma faixa e uma tira de coro!

- Boa ideia May! Vamos Asahi e bom trabalho pessoal! - o pequeno rato começa a puxar o amigo para fora do quarto e começaram a andar pelos túneis, apenas a vaguear pela casa à procura de algo que lhes seja útil.

Ao ouvirem uma grande barulheira no andar do quarto das moças, dirigiram-se para lá e não foi uma grande surpresa ao vê-las resmungar com a mãe sobre as suas roupas fora de moda que tinham sido compradas na semana passada.

- Eu sempre uso esta faixa sem graça alguma! - Hitoka atira a peça para o chão, onde já estavam amontoadas outras peças.

- E este casaco de couro? Que coisa horrível para uma dama utilizar! - reclama Kiyoko e a madrasta, farta de ouvir as filhas, mandou-as de volta aos respetivos quartos.

Aquilo foi como ganhar na loteria para os dois ratinhos que, assim que viram o cómodo vazio, correram para buscar as peças necessárias, tendo muito cuidado para não acordar Lucifer que dormia no canto do cómodo, completamente despreocupado com a vida.

Ao voltarem para o quarto no sótão, depararam-se com uma confusão enorme de tecidos e linhas, mas o traje de Shoyo estava espetacular. Notava-se que faltavam elementos na roupa, mas isso logo seria tratado com os materiais trazidos pela dupla.

Depois de muito medir, cortar e coser, estava tudo pronto para o pequeno ruivo que se matava de trabalhar no andar debaixo. Ele esfregava o chão menos empolgado que o normal, pois percebeu que a hora de ir ao baile se aproximava e ele não iria ter tempo para arranjar uma roupa decente, tal como a sua madrasta planejava.

Assim que ele terminou de limpar, ouviu o som dos cavalos lá fora e ele sabia que tratava-se da chegada do carroceiro. Com o desapontamento no olhar, ele dirigiu-se ao quarto da madrasta e bateu na porta, sendo atendido pela mesma.

- O carroceiro chegou. - diz desanimado.

- Mas Hinata, tu ainda não estás pronto? - o tom cínico na voz dela irritou profundamente o pequeno corvo, mas este apenas respondeu com calma.

- Eu não poderei ir.

- Não vais? Que pena. - ouviu-se risadas baixas vindas das irmãs que se aprontavam no quarto da progenitora.

Com o coração magoado, o ruivo começou a subir as escadas lentamente até seu quarto, com as costas curvadas de tão cabisbaixo que estava. O seu quarto encontrava-se silencioso, nenhum sinal dos animaizinhos, apenas ouvia-se o som do sino do castelo real ao longe, o que chamou a atenção de Hinata.

- Sabes uma coisa? Nem quero saber, ao entrar naquele salão acho que ficaria simplesmente... encantado! - ele resmunga para o nada enquanto observava a janela, esta que teve a sua atenção desviada quando as portas do seu roupeiro abriram com a ajuda dos passarinhos. Dentro estava o seu traje que foi transformado em algo mais moderno e sofisticado para um baile.

- Que perfeição! - ele pega na roupa e analisa de perto, com um sorriso enorme nos olhos que empolgou todos os animaizinhos. - Como posso agradecer?

- Indo ao baile e teres a melhor noite da tua vida! - responde Nishinoya que observava o seu amigo com olhos brilhantes.

- Mas despacha-te! Elas devem estar a sair! - alerta Asahi e o criado começou a vestir-se o mais rápido que pôde.

No entanto, no hall de entrada, a madrasta dava uma última olhada nos trajes das duas filhas e dava-lhes umas últimas dicas antes de partirem para o castelo.

- E lembrem-se de quando virem vossa alteza... - a mulher ia abrir a porta para sair, mas foi interrompida pela voz de Hinata.

- Esperem! Por favor esperem! - viram o moço descer as escadas com uma roupa formal nunca vista antes por elas. - Não é lindo? Não acham que está bem para o baile?

Começou uma gritaria por parte das irmãs, que estavam revoltadas com a ida de Hinata ao palácio, mas ambas foram caladas pela progenitora que já não aguentava os gritos.

- Basta! Afinal foi uma combinação, não foi, Hinata? - o ruivo sorriu inocente e concordou com a cabeça. - E eu, quando dou a minha palavra, olha, que interessante.

Ela começou a aproximar-se do criado, deixando-o alerta junto com Asahi e Nishinoya que observavam tudo do canto da sala.

- Este couro que usaste para ajeitar as calças, está muito destacável, não achas, Hitoka? - pergunta à loira que trajava vestimentas nos tons esverdeados.

- Realmente, o couro está muito... - ela percebe de onde vem o couro e a sua fala toma outro rumo. - Ora seu grande ladrão! Devolve isso!

A loira, subitamente, aproxima-se de Hinata e com uma puxada só, consegue arrancar as tiras de couro costuradas na calça, deixando o criado e os dois ratinhos completamente desesperados.

- E essa faixa é minha! Devolve a minha faixa! - Kiyoko não ficou para trás e também começou a arrancar pedaços do traje.

- Seu mal criado!

- Seu corvo borralheiro!

- Chega meninas, chega! - intromete-se a matriarca que apenas apreciava a situação. - Está tarde, temos que ir! Boa noite, Hinata!

Foram as últimas palavras da mulher antes de fechar a porta e levar consigo a esperança de Hinata de encontrar a felicidade.

Completamente destroçado, tanto fisicamente como emocionalmente, o rapaz começou a correr para o jardim, mais especificamente para a fonte onde ele tem as memórias mais felizes da sua vida. A fonte onde ele passava a maior parte dos dias com o seu pai, o seu refúgio.

Ele sentou-se no chão com um baque e apoiou a sua cabeça num banco para deixar a sua tristeza libertar-se em lágrimas. Os animais ao verem o seu estado, ficaram igualmente deprimidos, quietos apenas a observar o humano descarregar tudo.

O clima era sombrio, tanto pelo estado de espírito de Shoyo, como pela falta de luz por ser de noite, mas, repentinamente, um brilho apossou-se do local e desse brilho surgiu uma pessoa sentada no banco, bem no sítio onde o ruivinho chorava.

- Não terei mais nada, nada! - diz em meio aos soluços.

- Nada? Meu querido, tens de parar de falar sem pensar. - o criado levanta a cabeça abruptamente ao ouvir a voz logo acima de sua cabeça.



















Juro solenemente não ser normal !!!

Cinderella [Haikyuu!!]Onde histórias criam vida. Descubra agora