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Não sei descrever o que senti vendo aquela cena. Eu não deveria estar sentindo ciúmes, devia? Eu acho que não, mas mesmo assim, ao ver aquilo na minha frente, meus olhos ameaçaram marejar, porém tentei afastar aquilo. Não queria demonstrar o que estava sentindo. Olhando para as pessoas no pátio, pude ver que todos tinham olhares chocados, até mesmo Annie.

O que você está fazendo? — Harvey gritou, afastando a fada do fogo.— Você enlouqueceu?

— Ah, qual foi Harvey? Até parece que você nunca me beijou. — A fada disse, parecendo muito surpresa. — Vai mesmo me trocar por essa semideusa de meia-tigela que acabou de chegar?

Eu juro que pude ver sombras negras passando nos olhos de Harvey no momento em que ela disse a última frase.

— Do que você chamou ela, Abigail? Repita. — ele ameaçou. — Eu não tenho nada com você.

Percebi que a fada estava prestes a repetir a frase, mas Pholos chegou antes que fosse possível.

— Chega disso, não é hora de ficar brigando por namorada, isso vai atrasar a missão.

Harvey se afastou e veio em minha direção. Ele parecia estar se segurando muito para não surtar e lançar uma de suas magias em Abigail, talvez eu soubesse disso por causa da ligação mágica ou por sua cara fechada.

Tristan já estava montado em Rainbow, nos olhando como se fôssemos bombas prestes a explodir. Eu ainda estava sem reação, demorei para processar quando Harvey estendeu a mão para mim, para me ajudar a montar Galaxy. Eu a peguei e subi no dragão, ele subiu logo depois, ficando atrás de mim.

Harvey passou os braços em volta de minha cintura e agarrou as rédeas de Galaxy. Dei um último olhar a todos, parando em Ártemis, que piscou para mim e um estalar de dedos sumiu, virando uma luz e desaparecendo da escola. Tristan saiu do chão com Rainbow e Harvey fez o mesmo, em segundos já estávamos acima das nuvens, nunca tinha montado um dragão mas imagino que outros não tenham toda essa velocidade, esses deviam ter algum tipo de poder, aliás foi Ártemis que nos concedeu aquelas criaturas.

A vista daquela altura era linda, melhor ainda do que a de um avião. Em um dragão você pode sentir o vento e observar cada detalhe da natureza com seus olhos. A EMU ainda podia ser vista dali, e parecia maior do que eu pensava. Tantos lugares que não havia visitado daquele lugar, esperava poder fazer isso quando voltar, ou melhor, se eu voltar.

— Você está chateada comigo? — Harvey perguntou, atrás de mim.

Para ser sincera, acho que estava mais chateada comigo mesmo, não devia me sentir daquele jeito, eu não tinha nada com ele.

— Não

— Ahh, essa resposta não me convenceu.

— Você já ficou com ela? — perguntei

— Sim, já beijei ela uma vez.

— Ah é, eu esqueci que você já deve ter beijado todas as garotas daquela escola.

— É claro que não, eu não beijei você. — Ele disse e pude sentir que estava sorrindo. — É brincadeira... mas se você quiser...

— Cala a boca, garoto. — Eu dei um soco no braço dele. — Juro que se não estivéssemos em um dragão a vários quilômetros de altura eu te empurraria daqui.

— Para que essa agressividade? — Ele soltou uma das rédeas e segurou minha cintura.

— Não me testa, Harvey.

— Não, mas é sério, eu não gosto de Abigail. — Ele fez uma pausa, esperando que eu dissesse algo. — E deixa eu adivinhar quem disse que eu fico com a escola inteira, Tristan. Ai aquele filhote de peixe.

— A conversa aí deve estar boa, mas só avisando que estamos perto do ponto de teletransporte. — Tristan gritou de seu dragão.

Teletransporte? Bem, isso explicava como chegar em Atlantic City tão rápido.

Mesmo Tristan tendo avisado, eu não estava preparada quando aconteceu. Os dois dragões pareciam estar sincronizados, abriram suas asas ao mesmo tempo, Harvey me segurou mais forte, e então Rainbow e Galaxy giraram, como dois parafusos. E em literalmente um segundo, abri os olhos e estávamos na grande Atlantic City.

Era linda a vista daquela altura, os grandes prédios e cassinos enchiam toda a cidade, e o mar dali era perfeito também. Todos daqui já pareciam estar animados, fazia sentido pois devia ser umas onze horas, por causa do fuso horário.

A pergunta que eu me fazia era: Como vamos achar uma pedra no meio de uma cidade desse tamanho? Parecia impossível.

— Uou, como vamos achar a pedra nessa cidade enorme? — Perguntou Harvey como se lesse minha mente.

Circus Maximus Theater. — Tristan berrou. — Eu sempre quis ir.

Olhei para onde seus olhos estavam fixados e vi um enorme painel digital no qual se passava um slogan do Circus Maximus Theater, mostrando que hoje a noite ocorreria um show inédito.

— Viemos aqui para procurar uma pedra mágica Tristan, não para ir em um Circo. — eu adverti.

— Ah qual é, vai ser à noite, temos a tarde inteira para procurar a pedra.

— Ah sim, vamos achar uma pedra super poderosa no meio de uma cidade em apenas uma tarde. — Harvey ironizou. — Você está pensando bem ou já perdeu todos os seus neurônios?

— Pensem bem na minha proposta, é muito boa. — Tristan disse.

Harvey revirou os olhos. E então os dragões começaram a voar mais baixo, chegando quase no chão. Ninguém parecia notar dois enormes dragões descendo perto do mar em meio a multidão. Devia ser por causa da névoa de que tanto falavam nos livros de mitologia grega, eu me lembrava vagamente de ter lido sobre, sabia que era uma espécie de véu que fazia com que os mortais não conseguissem ver o que acontece no mundo mágico.

Rainbow e Galaxy aterrissaram na areia da praia e nós três nos preparamos para descer. Má ideia.

Diana Moore e os Artefatos Mágicos ⚡Onde histórias criam vida. Descubra agora