Conhecendo o ''lar''

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Haviam muitos alojamentos espalhados por sobre a neve,árvores altas sem nenhuma folha, típico do inverno, fui em direção ao primeiro alojamento, quando ouvi uma voz estridente:
-Ei! Aí é o alojamento masculino,não pode entrar, quer morar aqui pra sempre- Era um garota de cabelos lisos, longos e alaranjados, olhos azuis como os meus, era muito bonita.
-Eu sou nova aqui, não recebi nenhuma instrução sobre o lugar- Ela veio em minha direção estendeu a mão e disse:
-Seja bem-vinda a Ollicy, vou te mostrar o lugar, a e meu nome é Ana, o contrário de Ana- comecamos a rir.
-Meu nome era Hanny, agora é Ynnah.
- OK Ynnah ou Hanny? Como prefere?
-Pode ser Ynnah mesmo.
-Então vou te mostrar Ollicy,aqui é um dos alojamentos masculinos, são 10 alojamentos, 5 femininos que ficam no oeste, ali, e os outros 5 que são os masculinos que ficam no leste,os alojamentos também são divididos em blocos A a E F(feminino) e A a E M (masculino), eu moro no bloco CF,as pessoas dos blocos A são as que estão aqui a mais 20 anos, então os outros blocos foram sendo ocupados em ordem alfabética de acordo com a chegada dos prisioneiros,acho que você vai ficar do bloco E, pois o bloco D encheu ontem, pode ser que você fique sozinho lá essa noite, se não chegar mais nenhuma prisioneira hoje, ''eles'' não achavam que viria tanta gente pra esse lugar, estão construindo novos blocos por toda Ollicy,vamos entrar nesse- Era o bloco E, tinha colchões e redes para todos os lados, muitas garotas de todos os tipos, elas me olhavam com tristeza nos olhos, Ana conversava com alguém que chorava, devia ter chegado ontem, dizia algo sobre sentir falta de alguém, lembrei- me de Harold (meu irmão) então algumas lágrimas começaram a brotam e amassavam sair a qualquer momento, outra menina começou a chorar e aquilo foi mexendo comigo, num impulso sai correndo do alojamento,corri muito, até um floresta de árvores secas e grandes,sentei atrás de um tronco e comecei a chorar desesperadamente, tinha sido forte até aquele momento, mas pensar que meu irmão nunca mais me diria como tinha sido seu dia na escola, ou ver seu sorriso quando eu conseguia roubar um pão para o almoço, se ele estaria vivo, aquilo era difícil de suportar, coloquei o rosto entre os joelhos e chorei, chorei e chorei mais, até ouvir o barulho de algo se aproximando, não queria que sentissem pena de mim, todos tinham algo pelo qual sofrer, tentei secar as lágrimas em vão então uma sombra ficou na minha frente, levanteivos olhos e vi um homem alto, parecia forte, ele usava uma toca,mas ainda dava pra ver que seu cabelo era preto, olhos quase verdes,era um marrom que eu nunca tinha visto antes, ele era lindo, ficamos assim nos observando por um tempo então ele perguntou:
-Primeiro dia?
-Sim, pra tudo se tem uma primera vez- Falei ainda entre soluços
Ele se agachou,tirou uma das luvas e limpou minhas lágrimas com seus dedos macios .
-Não fique assim, o primeiro dia sempre é pior, depois você se acostuma.
- Eu nunca vou me acostumar a esse lugar, vou sair daqui, tenho irmão pra cuidar.- Disse quase berrando.
-Eu sei que é difícil entender, mas ninguém nunca saiu daqui, não tem saída, hoje fiz 22 anos e estou aqui, você acha mesmo que eu não queria estar em qualquer outro lugar que não fosse Ollicy?
Ficamos em silêncio, ele se sentou do meu lado e enquanto colocava a luva novamente falou:
-Conte-me sua história para tem vindo parar aqui.

Ollicy, a prisão de geloOnde histórias criam vida. Descubra agora