Recomeços - parte 1

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Quando chegou no local indicado, o líder de seita Jiang se deparou com um caos. Haviam cadáveres por todo o lado e alguns discípulos tentando contê-los, além de muito sangue.

Ao ver que os garotos estavam se saindo relativamente bem, Jiang Cheng avançou à procura do líder Lan.

Quanto mais adentrava o lugar, mais cadáveres ambulantes apareciam e o atacavam, tentando matá-lo. Não que eles estivessem tendo muito sucesso, Jiang Cheng sempre conseguia se defender com o seu zidian.

Ele não era temido como Sandu Shengshou à toa, no final.

De qualquer forma, não demorou muito até que ele conseguiu encontrar as familiares vestes brancas de Lan Xichen. Quando o viu, percebeu que o homem estava em uma situação complicada, tentando lutar com muitos cadáveres de uma só vez e começando a fraquejar pelo cansaço.

Assim, ele avançou imediatamente desembanhando Sandu e empalando um daqueles que o teria acertado. Depois disso, ele não parou, continuando a lutar furiosamente até que quase todos os cadáveres fossem neutralizados.

- Obrigado - fala o Lan, depois de um momento.

Ouvindo o agradecimento, Jiang Cheng volta seus olhos preocupados na direção do maior, o examinando cautelosamente. O homem não parecia estar com nenhum ferimento grave, mas o Jiang ainda o faria ver um médico assim que voltassem. A única coisa que realmente não parecia certa era que Shuoyue, sua espada, não estava em nenhum lugar à vista.

Na verdade, o líder do píer lótus não a tinha visto em uso em momento nenhum da luta, ouvindo apenas o som de Liebing, sua flauta.

Ele franze o cenho com isso e pergunta, depois de um momento:

- Onde está a sua espada? 

Lan Xichen momentaneamente congela com isso, mas ele disfarça rápido. A maioria das pessoas não teria percebido, mas Jiang Cheng não era a maioria das pessoas. Ele havia observado o outro por um tempo considerável, mesmo que o Lan não saiba disso.

- Está bem aqui. - responde Zewu-jun com um sorriso, mostrando a espada que antes estava escondida em sua cintura, no meio das vestes brancas. Escondida demais para que tenha sido usada na luta, intocada demais.

- Então por que não a usou? - pergunta o Jiang, estreitando os olhos.

O sorriso parece estar congelado no rosto do líder Lan quando ele responde:

- Apenas não achei ter necessidade.

Isso preocupa ainda mais o mais novo, se é que isso é possível. Afinal, quantas vezes ele já não havia ouvido essa e outras desculpas de Wei Wuxian? Desculpas para não revelar o verdadeiro motivo pelo qual o homem não queria, ou melhor, não podia, usar a espada?

Não, Jiang Cheng já não era mais tão tolo. Ele sabia, simplesmente sabia, que esse não era o motivo verdadeiro. Ou então, não era o motivo todo.

- Você... - o Jiang começa mas é interrompido pela chegada de um discípulo.

- Líder de seita Jiang, líder de seita Lan. - fala ele curvando-se respeitosamente.

O Jiang, ao ouvir o discípulo, instintivamente endurece as feições voltando a sua postura de Sandu Shengshou.

- Diga - fala ele rispidamente.

Enquanto isso, o Lan também suaviza as feições, voltando a sua postura Zewu-jun, sempre gentil e calmo.

O discípulo engole em seco antes de responder, olhando uma vez na direção de Lan Xichen, que mantinha aquela expressão suave, contrastando com a dureza do líder Jiang, balancenado um ao outro.

- Mais cadáveres estão se aproximando senhor, vindos do oeste. - diz ele.

Isso surpreende a ambos os líderes. Afinal, um número tão grande de cadáveres ambulantes não era tão comum. O que diabos estaria causando o repentino aparecimento deles?

- Estou indo até lá. - declara o menor - Você, reúna os feridos e os leve imediatamente para ver algum médico. Depois, vá até a área de treinamento e se encontre com os discípulos que estão por lá. Forme um grupo e leve-os para o oeste. Vamos acabar com esses cadáveres lá, antes que adentrem mais o território de Yummeng Jiang e machuquem os civis.

- Sim líder! - fala o discípulo, se curvando e se retirando logo em seguida para cumprir as ordens.

Quando Jiang Cheng ia partir em direção aos cadáveres para contê-los antes que esse invadisse mais a sua casa, ele é detido por uma mão em seu braço.

- Espere, eu vou com você. - fala Lan Xichen segurando o Jiang.

Virando-se para Zewu-jun, o menor o encara com a expressão endurecida.

- Não, não vai. - fala.

Foi a vez do maior endurecer a expressão.

- Você vai precisar de ajuda. - fala o Lan.

Estreitando os olhos, o Jiang responde:

- Por isso mesmo que eu pedi para aquele garoto reunir mais discípulos para me encontrar.

Xichen aperta o braço do menor, que ele não havia soltado.

- Até eles chegarem, pode demorar. Você pode precisar de ajuda até lá. - fala ele.

Jiang Cheng ia rebater algo com irritação, mas o mais velho o corta acrescentando:

- Eu também sou um líder de seita, tenho bastante experiência e acho que possuo capacidade o suficiente para ajudá-lo com esse problema. Ou poderia ser que Sandu Shengshou esteja duvidando de minhas habilidades? - termina lançando um olhar desafiador em direção ao outro.

Isso choca o líder de Yummeng que sente a boca se partir.

- Claro que não! - fala com certa indignação - Eu nunca duvidaria de você!

Lan Xichen arregala os olhos sem saber como responder a isso e sendo pego de guarda baixa. A mão que antes segurava o braço do Jiang o solta, com a surpresa.

Parecendo perceber o que disse, o menor tenta concertar, enrubecendo:

- QUERO DIZER... eu nunca duvidaria de suas habilidades! É! Isso! Digo, você é Zewu-jun e sua reputação o precede! Quem duvidaria de você? Eu não faria isso! E... e... ora pare de me olhar com essa cara porra! Apenas vamos! Mas se fizer besteira ou me atrapalhar eu quebro as suas pernas! - tendo dito isso, Jiang Cheng começa a andar.

Lan Xichen ainda estava meio atordoado pelo que o Jiang havia falado, mas conseguiu sair de seu estado de choque e começou a segui-lo.

"Eu nunca duvidaria de você!"  As palavras ressoavam em sua cabeça enquanto andava. Essas palavras, por algum motivo, tinham um efeito engraçado no Lan. Faziam seu coração dar cambalhotas e acelerar.

Não era uma sensação ruim, decidiu. Na verdade, era uma sensação bastante agradável e ele gostava dela.

Além disso, as palavras confirmavam que a tênue amizade entre ambos não estava completamente perdida. Não estando perdida, ela poderia muito bem ser concertada e fortalecida.

Concluindo isso, Lan Xichen abriu um sorriso, o primeiro sincero de simples felicidade que abriu em muito tempo, e apressou o passo para ficar mais próximo do mais novo e conseguir acompanhá-lo.

Xicheng - amarOnde histórias criam vida. Descubra agora