11 - Memórias do desespero daqueles que nunca conheci

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-Você tem certeza?

-Tenho. Eu quero tentar de novo. -Diana disse vestindo-se.

-Tudo bem. Se precisar, eu te busco.

-Ok.

Diana havia decidido tentar atuar como médica novamente. Ela já estava indo há alguns dias para o hospital, cuidando das rotinas e dos pacientes mais leves. Aquele seria o primeiro dia cuidando de pessoas em estado um pouco mais grave. Ela se despediu e foi para o hospital. Levi estava preocupado, tinha medo de que ela pudesse entrar em choque novamente, então, mesmo sem ela saber, ficava por perto.

Naquele dia em específico, estava uma garoa fina. Ele estava na praça atrás do hospital, sentado num banco de concreto, sob a cobertura da banca mais próxima enquanto lia um jornal. As notícias pareciam todas triviais, nada que pudesse prender sua atenção o suficiente, mas serviam para passar o tempo.

-Ah, então você está aqui! -Disse uma mulher surgindo na frente dele repentinamente. Era alta e loira.

-Quem é você?

-Vai fingir que não me reconhece? Sou eu, a Mare. A garota que você deixou plantada te esperando depois que acordou e foi embora.

Naquele momento, as palavras de Hange nunca fizeram tanto sentido. "Um dia você vai se arrepender de sair com essas garotas desconhecidas". Ele sempre achou que não. Não costumava fazer isso sempre, aliás, foram poucas as vezes que ele decidiu algo do tipo, mas ainda sim esperava que nunca mais fosse vê-las novamente, principalmente porque nenhuma vivia no mesmo vilarejo que ele.

-O que você faz aqui? -Ele perguntou.

-Bom, você deixou algo comigo.

Ela então apontou para baixo e Levi percebeu que o jornal escondia algo. Quando olhou, um garoto de cerca de dois anos estava de pé. Tinha o cabelo preto e olhos escuros. Comia alguma coisa doce com muito gosto.

-Acho que está enganada. -Ele ergueu o jornal novamente, ignorando completamente o garoto.

-Eu tenho certeza que não. Seria bom se você pudesse reconhecer o próprio filho.

-Ei! -Ele disse em advertência. -Esse garoto não é meu filho. Não fale isso em voz alta como se fosse verdade.

-Como você pode ter tanta certeza?

-Eu saberia se tivesse deixado um filho para trás. Além disso, eu me lembro de algumas coisas daquela noite, e sei que é completamente impossível esse garoto ter meu sangue.

-Escuta aqui, Levi... -Ela começou, mas foi interrompida.

-Capitão. -Ele respondeu seriamente, sem tirar os olhos do jornal. -É capitão Levi para você.

-Capitão Levi... certo. -Ela pegou o garoto no colo. -Escute bem, eu tenho certeza de que esse garoto é seu filho, e gostaria que você tomasse as suas responsabilidades.

-Garota, escute bem, eu acho que sei o que está acontecendo. Você engravidou, não sabe quem é o pai do garoto e coincidentemente foi bem na época em que nos encontramos. Entretanto, se você está buscando alguém que possa te dar uma vida um pouco mais confortável, está falando com a pessoa errada.

-Jura? Acha que sou uma interesseira?

-Interesseira não. Acho que seria burra se não estivesse procurando o pai do garoto para que vocês pudessem levar uma vida melhor. -Ele fechou o jornal e a encarou. -Ele é seu filho e você claramente se preocupa com ele, obviamente você procura alguém que possa te dar mais estabilidade, mas eu não sou a pessoa certa para isso.

Flower Girl, Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora