Cap. 19

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o que aconteceu? -- eu penso em maneiras de dizer, mas isto me assusta -- por favor não faças escândalo ou não reages mal.

ele me puxou para falar comigo depois da primeira aula, ele agarrou os meus pulsos -- a minha respiração fica acelerada -- ele disse que me amava e que queria namorar comigo, eu como não sinto o mesmo por ele disse que não sentia isso e que não podia namorar com ele -- começo a ficar assustada e começo a chorar -- ele me aleijou, disse que trataria de ti, por pensar uma coisa, e disse que se eu contasse a alguém eu acabaria como a minha mãe.

calma, está tudo bem, eu não vou deixar ele te fazer mal, ele não pode, vais contar isso ao teu pai, ele vai com certeza te ajudar -- ele fala tentando resolver a situação -- ele não me vai fazer mal, ele não pode, e nao consegue. -- ele diz isto com um tom de confiança e calma, fazendo me acalmar -- sn, se eu não te conhecesse acharia que lidaste bem com isto, mas o que fizeste para lidar com o que ele te fez?

nada, eu não fiz nada -- falei assustada, merda, claramente ele perceberia que eu estou a mentir -- eu apenas fui..... -- tentei encontrar o ar e as palavras certas.

sn tem calma, respira, inspira,1, 2, 3, e expira, sei que fizeste algo, isso deve te tar magoado, fisicamente, sn, por favor, fala me o que fizeste, eu não vou ficar chateado, ou te dar sermão, só te quero ajudar -- ele falou, pando e virando me para ficar frente com ele, nós que caminhávamos lado a lado, só ele é que estaria mais calmo, e devia ser forçadamente eu acho.

eu.... eu.... -- começo a chorar, outra vez, mas como é suposto dizer que me cortei? -- eu cortei me, um pouco, mas eu fiquei com tanto medo, fiquei mesmo muito assustada e eu não tinha mais o que fazer, só vi o x-acto, eu não fiz por mal -- falo isto rápido, com um estado muito assustado, eu não conseguia evitar, acabei de dizer que me cortei, como é suposto não estar assustada depois de hoje e com tudo o que se passa na minha mente.

o miya tem os olhos abertos, espantado, assustado e provavelmente preocupado

sn.... onde te cortaste? -- os olhos dele ainda têm aquele medo, e preocupação

eu puxo a saia um tiquinho para cima (a saia é calção meu anjos lembrem isso), vê- se um pouco de sangue seco, e um grande vermelhão

*miya ficou corado com a ação rápida de levantar a saia*

*quando miya volta á realidade após uns 10 segundos*

eu ri um pouquinho, fez me acalmar um pouco essa situação

sn...., custa me saber, e ver que te cortaste, mas não estou desiludido ou chateado, só quero tratar disso agora. -- miya tira a mala do ombro e meta-a no chão, tirando uma bolsa com desinfetante para feridas, e algodão, e pensos rápidos, etc..., quando ele retira tudo ele levanta se e começa a andar até uns troncos de arvores, aparentemente cortados para serem bancos, ele tira mais uma coisa da mala, mas é o sweat dele , ele o coloca no banco-- senta te aí por favor, em cima do meu sweat

eu sentei me 

p-podes mostrar os ferimentos outra vez? --o miya pede, envergonhado 

eu puxei a saia ligeiramente, as saias são calção então não faz propriamente mito mal eu subir mas pronto; eu não gosto de desinfetar feridas, sempre me doeram, geralmente a minha mãe e o meu pai desinfetavam -mas quando eu me aleijava, o meu pai me dava a mão, já a minha mãe... ela dava me um abraço bem forte se eu ficasse calada, mas sabia bem na mesma.

m-miya, vai doer -- digo fazendo uma carinha tristinha

deve doer um pouco, mas tens a minha mãe se quiseres 

eu segurei a mão dele na hora, estava a fazer força com a minha perna e ele ainda nem tinha colocado nada.

ele agachou-se e, colocou o líquido no algodão e começou a passar devagar, aquilo ardia, demais, arrependi me de me ter cortado, eu estava a apertar a mão do miya com muita força, a mão dele estava tão quentinha, e a minha estava tão fria, o calor da mão dele era tão confortante que quase me esquecia da dor horrivel que sentia quando o algodão molhado com aquele liquido ardente entrava em contacto com a minha pele.

ele passou o algodão algumas vezes, e quando acabou enrolou gaze/ligaduras, é volta da minha perna. 

pronto, já está -- ele diz se levantando e arrumando as coisas -- doeu muito?

um pouco, obrigada -- digo compondo a saia e me levantando -- doi me um pouco a perna agora

é normal, mas agora os riscos de infeção são menores -- mete a mochila ás costas 

esqueceste o sweat -- eu falo pegando na sweat de gatinho -- queres que eu arrume?

não precisas, vi que tens as mãos frias, podes andar com ela, esse casaco não te deve de aquecer muito --ele diz me olhando para mim pronto para começar a andar outra vez.

eu tirei o casaco e vesti a sweat dele.

obrigada -- componho a camisola enquanto digo 

não tens de quê, queres continuar a andar?

pode ser -- meto me confortável e começamos a andar outra vez 

ficamos num silencio, onde se encontra uma energia de libertação, um sentimento de que poderei falar o que sinto, é nesse momento que abro a boca

a -- não me sai nada, começo a pensar que não devia ter começado a conversa 

sim o que foi sn? podes falar -- ele tranquiliza me a mente com estas palavras, mas não foram suficientes -- de tudo o que quiseres -- bingo, agora acho que consigo

sabes o pablo? -- inicio a conversa assim -- ele vem me a assustar um pouco ultimamente, ele me tinha dado um colar, até bonito, eu parei de o usar porque me sentia mal com ele, e em casa o meu pai e a nanako também se sentiam mal, então eu o deitei fora; as coisas andam difíceis ultimamente para mim, e acho que para a nanako e o meu pai também, o meu pai anda mais em cima de mim porque acha que eu entrei numa depressão, a nanako anda um pouco pressionada pelo meu pai porque quer que eu faça exames para saber se está tudo bem comigo, eu quero ficar em paz e libertar tudo o que sinto, mas não tem sido nada facil, porque desde que o meu pai anda em cima de mim, que eu não tenho podido chorar, ou fazer nada para me aliviar a dor que eu sinto, os cortes que fiz na perna sinto que foram mais uma libertação de um acumulo de gatilhos e momentos da minha vida, tem sido muito dificil, não andar de skate, não poder chorar, parei de ouvir musica porque ás vezes sentia que vinha o choro, não tenho falado com ninguém a nao ser com o langa, e ele nem sempre falo, tenho estudado demais, acho que viste que as minhas notas subiram. 

eu... eu queria conseguir integrar me melhor, gostava de não ter criado bloqueios emocionais, e gostava de realmente não ter entrado numa depressão, sinto me tão mal, eu queria ser ouvida, entendida, eu me sinto esgotada, sinto me tão sozinha, parece que eu consegui afastar todas as pessoas que eu conheço, tanto as que me fazem bem quanto as que me fazem mal, não queria ter te afastado, a sério, estou muito arrependida disso, mas tinha tanto medo, eu tenho tanto medo -- já estou em lágrimas outra vez -- tudo isto que tem passado na minha cabeça tem me atormentado tanto, tem me assustado, eu fico com muito medo mesmo de perder mais gente, mas sinceramente não sei se essa gente existe, porque eu já não tenho ninguém, o que aconteceu hoje com o pablo, doeu me tanto, a forma fria como ele me disse "se não acabarás como a tua mãe" me doeu tanto, ele me ameaçou e magoou, e ainda disse que te ia fazer mal, eu não quero perder mais pessoas, eu quero ser normal -- acabo de falar com a falta de ar enorme, uma dor no peito horrivel, e a chorar horrores.

não me perdeste, nunca vai perder, eu vou ficar aqui, eu estou aqui, não te deixo ir com a depressão, eu quero, eu vou eu espero de alguma forma estar a ajudar te, a tua mãe é forte, ela criou uma guerreira, uma mulher forte, ele não me vai fazer mal, vamos resolver isso, eu não deixo isso acontecer com vc -- enquanto ele fala eu acabo por cair de joelhos no chão, ele baixa se ficando de joelhos como eu e agarra nas minhas mãos e começa a fazer carinho nelas -- não te vou deixar desistir daquilo que amas.

As palavras dele deixavam me fraca, ele me enrolou nos seus braços, me deixando sentir segura e tranquila com os meus pensamentos, por momentos não queria que aquilo acabasse.


não és melhor que eu (miya x sn)Onde histórias criam vida. Descubra agora