2. O Sr. Baudin

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Todos os fins de semana eram iguais, Siena acordava, preparava um café da manhã reforçado pra ela e sua amiga Lilly Annie e depois ia caminhar aos arredores do condomínio. Antes de decidir morar com Lilly, Siena residia na Zona Oeste de São Paulo com sua mãe recém divorciada. O bisavô de Siena veio da Itália nos tempos antigos e casou-se com uma brasileira de também nome Siena, daí veio a homenagem: Siena Napolitano!

- Como o sorvete? - Perguntara um ficante certa vez, Siena sorriu sem graça afirmando que sim.

Ela não curtia muito sair, mas sentiu que precisava quando a pressão do divórcio dos pais falou mais alto em casa. Foi nesse tempo que ela conheceu Lilly, a rebelde filha de dois advogados de prestígio. Tinham amigos em comum em algumas festas na noite paulistana e a loucura de Lilly contagiava a todos.

- Essa menina é realmente louquinha, mas eu gosto dela! - Dizia Siena pra amigos em comum.

Em uma vez, Lilly misturou bebidas alcoólicas com LSD e ficou só de calcinha em plena festa, alguns homens foram a loucura e algumas garotas ficaram irritadas. Siena não pensou duas vezes, pegou sua jaqueta e a cobriu. Levou para o banheiro e tentou acalmar Lilly que estava fora de si. O sentimento de gratidão no dia posterior foi intenso. Lilly já estava no sexto período de Direito quando Siena ingressou na faculdade de Contábeis, ambas decidiram transferir pra Florianópolis e começar uma vida nova longe de casa. Agora Lilly já formada, estava trabalhando em um escritório de advocacia enquanto Siena estava no "maravilhoso" Nonna Cucina.

- Amiga, meu Deus que dor de cabeça! - Disse Lilly bocejando, descabelada às quase 11h da manhã.

- Caramba Lilly, você dormiu até tarde. - Disse Siena prontamente servindo um café.

- Nossa, a festa de ontem foi ótima. O Rafael é louco e safado, pediu pra que eu tirasse a calcinha e dançasse me exibindo pra ele. Que fetiche estranho, né?

Siena quase deixou a xícara de café cair, enrusbeceu e um pouco trêmula afirmou com a cabeça.

- E seu currículo, você mandou pra ele?

- Acabei esquecendo de pedir o número dele, Lilly!

- Não tem problemas, toma! Aproveita e envia agora. - Respondeu Lilly enquanto enviava o número - Eu não sei bem no que o Rafael trabalha por lá, mas acho que ele pode te ajudar. Na verdade eu nem sei pra que ele trabalha, ele é playboy.

- Sério? Mas você não conversou com ele? Tipo, perguntou coisas da vida dele?

- Ah que caretice, Siena! Eu tô mais interessada em saber o tamanho do pau dele, depois que eu sentar, vou atrás de saber a banda preferida dele.

Siena riu amigavelmente entendendo como era Lilly. Mandou um "Oi" pra Rafael que a respondeu com rapidez.

Siena:
"Oi Rafael, aqui é a Siena amiga da Lilly."

Rafael:
"Oi, Siena. Me lembro de você!"

Siena:
"Acabei esquecendo de mandar o currículo pra você, queria saber se ainda posso enviar"

Rafael:
"A pancada no lustre te fez esquecer, né? hahaha"

Siena:
"Hahaha acho que sim"

Rafael:
"Faz o seguinte, o CEO da empresa, o Sr. Baudin, está precisando urgente que preencham a vaga de assistente."

Siena:
"Oh céus, também preciso urgente sair daquela espelunca do Nonna Cucina"

Rafael:
"Você pode vir aqui na empresa e tentar falar com ele diretamente, traz um currículo e vê no que vai dar."

Siena:
"Você está na empresa?"

Rafael:
"Sim, precisei vir resolver algumas coisas. Você vem?"

Siena:
"Vou me arrumar!"

- O Rafael disse que o CEO, Sr. Baudin, está na empresa. Preciso me arrumar e correr pra lá. - Falou Siena com pressa.

- Tenta um decote e coloca seus peitos pra jogo amiga, vai que você consegue conquistar esse ricaço com esse corpinho que Deus deu!

- Não sei se fiquei mais chateada pelo machismo ou porque sou uma tábua reta, sem peitos... - Siena sorriu e ao mesmo tempo revirou os olhos com ar de frustração.

- Ô chata, eu só tava brincando. Vai, boa sorte lá. Ah e você é uma grande gostosa! Depois me conta tudo.

Siena correu pro quarto e se vestiu rapidamente. Provou várias roupas e finalmente vestiu-se com uma saia lápis preta tamanho médio, acima do joelho, uma blusa de manga longa branca com poá preto, um salto baixo e um coque messy. Fez uma maquiagem rápida e correu pra empresa. A SandUp Flash! era uma empresa de tecnologia que valia alguns bilhões. O Sr. Baudin tinha iniciado seus negócios em Provença com sociedades em outras empresas e depois decidiu abrir seu próprio negócio, a SandUp. Essa empresa possuia filiais em alguns lugares do mundo como Roma, Porto, Seul, Londres, EUA e agora decidiram abrir no Brasil. Siena chegou quase que correndo às escadarias em frente à SandUp, um prédio de 7 andares, arredondado e com uma arquitetura moderna, a fachada envidraçada e a logo da empresa nas cores prata, laranja e verde escuro, chamavam atenção de quem passava pela frente. Siena ficou embasbacada com o tamanho do lugar e rapidamente se lembrou do seu atraso, mandou uma mensagem rápida para Rafael.

Siena:
"Onde você está?"

Rafael:
"Estou aqui na recepção!"

Rafael acenou pra Siena e ela correu ao seu encontro. A empresa era ainda mais bonita por dentro, logo na recepção havia um jogo de poltronas confortáveis e modernas, nas cores da empresa, para os visitantes. No teto, alguns lustres e luzes embutidas acompanhavam o hall até os recepcionistas. Eram dois homens e duas mulheres, todos com trejeitos de modelos internacionais, com um fardamento impecável que pareciam lembrar comissários de bordo. O balcão de atendimento verde escuro, branco e amadeirado com vidro, fornecia um ar de modernidade e a parede branca, com detalhes em vidro e madeira ripada por trás dos recepcionistas, deixava o ambiente ainda mais sofisticado. As paredes de vidro logo a frente, permitiam que fosse possível ver todo o movimento da rua. Nas catracas, ficavam dois guardas fardados e após elas, havia um corredor com quatro elevadores aparentemente enormes.

- Não vamos precisar dar o nome na recepção? - Perguntou Siena em desespero.

- Não se preocupe, eles sabem que você está comigo.

- Rafael deve ter um bom cargo aqui - Pensou Siena, para contar a fofoca pra amiga Lilly.

- Vem Siena, vou te levar ao Sr. Baudin.

Rafael puxou Siena até um dos elevadores e apertou o botão para o último andar. Siena que estava nervosa, ficou ainda mais ao entrar no elevador sozinha com Rafael. Percebeu como ele estava incrivelmente sexy, com uma camisa abotoada azul claro e uma manga 3/4, uma calça slim preta apertada que ela já se lembrara do volume e um sapato social de couro, tudo impecável. Ao abrir o elevador, lá estava o sétimo andar. Rafael agarrou o braço de Siena levemente, a guiando pelo local. Um corredor enorme com diversas salas de reunião grandes e vazias, uma pequena recepção com uma mulher estonteantemente linda ao telefone e do outro lado uma parede de vidro que dava pra ver uma boa parte do centro de Floripa. Ao fim do corredor uma porta enorme em madeira.

- Ali é a sala do Sr. Baudin?

- Sim, Siena!

Rafael soltou o braço de Siena abriu a porta, fechou e rapidamente foi até a cadeira presidencial. Sentou-se como um rei.

- Prazer Siena, Rafael Baudin!

O pecado de SienaOnde histórias criam vida. Descubra agora