40. Um milagre (Parte 1)

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- Isso é uma porra!!! - Gritou Adam ao perceber que o carro que havia alugado estava morrendo no meio da estrada. - Vou processar a merda dessa empresa.

Ao descer, a chuva torrencial o deixou encharcado em poucos minutos, percebeu logo que era a bateria do carro e o telefone sequer pegava sinal naquela área, para completar parecia ainda estar longe da cidade. Era incomum que aqueles lados próximos à Praia Grande - SC chovesse tanto em pleno dezembro às 06:30h da manhã, o clima agradável da pequena cidade dos canyons que permitia um turismo intenso nos passeios de balões, era o que mais atraia quem a visitava. Mas Adam não tinha essa motivação, sequer tinha ouvido falar dessa cidade até conseguir por meio do zelador do prédio vizinho, a informação de que Antony estava por lá. Um carro surgiu em plena chuva e passou direto por ele ao acenar desesperado que precisava que parassem, mesmo quando ele já havia colocado o triângulo de sinalização. Felizmente o segundo carro, que era uma caminhonete, parou.

- Senhor, pelo amor de Deus, me ajude!!! - Gritou Adam ao lado de fora da janela. - Meu carro parou de pegar no meio dessa chuva!

Um senhor aparentando seus 65 anos, juntamente com uma mulher da mesma idade, abaixou o vidro. Como um milagre, a chuva foi diminuindo e ficando leve.

- O que foi que houve, rapaz? - Perguntou o senhor.

- Eu aluguei esse carro hoje e ele simplesmente morreu, acho que é a bateria!

- Mas que lugarzinho jaguara que tu arranjou pra alugar, ein!?

- Hãn? - Disse Adam espantado.

- Ô bem, ajuda o moço, ele é daqui não. Todo tanso, tá muita chuva e ele vai pegar um resfriado! - Interrompeu a senhora.

- Você tá querendo ir pra onde? - perguntou o senhor saindo do carro.

- Praia Grande... Tá distante? - Adam esperou uma resposta positiva.

- Nem tá, mas com o carro assim, só um milagre mesmo... Distante ou perto, só se fizer uma chupeta!

Adam não entendeu nada, mas não discordou, principalmente enquanto o senhor ajudava a ligar o carro.

- O senhor é de Praia Grande? - perguntou.

- Moro há 14 anos num sítio por lá, mais afastado do centro. Mas dia de chuva assim não tem balão não, viu! - Disse o homem impaciente.

- Tá certo. - Adam respondeu sem muitas delongas, após dar a partida e o carro pegar milagrosamente. - O senhor conhece um rapaz chamado Antony?

- Olhe moço, não tem como saber assim. É "fi" de quem? - Perguntou brutalmente o senhor enquanto guardava o cabo de ligação direta.

- Não faço ideia, mas o nome dele é Antony Chauron... - Ele coçou a cabeça não se lembrando o sobrenome. - Chauniron, Chamberon... Uma coisa assim.

- Chaveron? - Perguntou o senhor parando imediatamente o que estava fazendo.

- Isso!!! Antony Chaveron, você conhece?

- Você conhece nosso menino? - Disse o senhor com os olhos marejados.

- Vocês são pais do Antony? - Adam ficou embasbacado.

A senhora desceu do carro com lágrimas nos olhos ao ouvir aquilo.

- Você conhece nosso menino? Ele conhece, bem? - Disse a senhora desesperada. - Foi Deus que te botou no nosso caminho, moço. Parece até um milagre!

- Não somos pais desse Antony não... Mas a gente conhece os Chaveron, são praticamente os donos dessa cidade. - Ele agarrou a senhora que limpava as lágrimas. - Nosso menino tá noivo de uma Chaveron, o nome dele é Olavinho.

O pecado de SienaOnde histórias criam vida. Descubra agora