O pecado de Siena

12. L'or Noir

- Então você continua se iludindo com o cozinheiro. - Disse Rafael sem olhar diretamente para Siena, após ela se despedir rapidamente de Antony e entrar no carro.

- Queria entender como você sempre sabe onde eu estou. - Siena proferiu irritada.

- Eu sei de tudo, sempre. - Rafael respondeu com soberba franzindo a testa.

- Na minha terra isso se chama perseguição...

- James, para o L'or Noir. - Interrompeu ele a ignorando e falando diretamente com o chofer.

- Pra onde você está me levando?

- Pra um lugar que você aprenda que é só minha.

O frio na barriga voltava, as mãos tremiam e suavam sem parar, a respiração ofegante e fora de ritmo voltava.

- Mas porque porra eu fico assim quando estou perto dele? - Pensava Siena. - Tudo estava bem com Antony... Bastou Rafael chegar e todos esses sentimentos voltaram à tona.

- Não precisa ficar nervosa, quando você chegar ao L'or Noir você vai gostar! - Falou Rafael tranquilizando-a.

- O que é o L'noir?

- L'or Noir - Ele a corrigiu.

- Você tem ideia o quanto é arrogante? - Ela franziu a testa.

Rafael olhou pra Siena e deu um sorriso malicioso como se tivesse ouvindo músicas para os seus ouvidos. Tocou levemente no seu queixo e chegou perto de sua boca, apenas falando baixinho.

- Você não deveria falar assim com o seu chefe.

Siena estremeceu. Apenas o olhou fixamente, esperando que ele pudesse beijá-la mas não aconteceu. Essa mistura de excitação, frustração e raiva, a deixava ainda mais trêmula. O caminho percorreu uma média de 30 minutos. Siena observava cada pedaço da cidade imaginando o que era o L'or Noir. Até tentou pegar o celular e fazer uma pesquisa no Google mas Rafael segurou levemente a sua mão.

- Eu prefiro que seja surpresa! - Disse olhando pra ela.

Ela o obedeceu e guardou de volta. Siena não saia muito, mas tinha uma ótima memória fotográfica, já estivera algumas vezes pelos lados das praias e sabia que era para lá que Rafael estava levando-a. O carro foi começando a andar mais devagar, ao entrar em uma estrada avulsa à Rodovia SC - 403. Diferente da vista com prédios e comércios, essa estrada parecia levar Florianópolis para outro país, possuía árvores em ambos os lados da pista e mais adiante, a estrada começava a ser ladeada por uma cerca alta de madeira escura e uma mata fechada. Finalmente era possível ver a grande e luxuosa fachada do L'or Noir: Hotel e Clube, que não precisou de paradas ou interrupções para a entrada do carro de Rafael.

- Para o hotel, Sr. Baudin? - Questionava o mordomo discretamente.

- Não, James. Leve-nos para a Lagoa Glènan.

- Peraí, lagoa? Que história de lagoa é essa, Rafael? - Siena entrou em desespero ao mesmo tempo que não conseguia tirar os olhos do lugar que haviam acabado de entrar.

O L'or Noir era um dos hotéis e clubes de golfe mais cobiçados e exclusivos do país. Apenas uma quantidade específica de famílias brasileiras e internacionais, podiam ter acesso ao hotel. O campo de golfe era destinado a essas famílias e a outros membros exclusivos mensais do clube. A área com mais de 6.600 jardas e mais de 50 hectares, possuía uma vista privilegiada da Praia dos Ingleses. Além do hotel que ficava na área central do clube, havia um enorme campo com uma projeção de paisagismo espetacular. James levava Rafael e Siena tranquilamente para uma área mais reservada do percurso, onde havia uma pequena lagoa. Em um determinado momento, estacionou o carro e abriu a porta para Rafael e Siena.