29. A serpente de olhos azul-anis

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- Venha comigo, Siena! - Disse Rafael, ajudando Siena a se vestir, pegar sua bolsa e suas coisas, levando-a para a porta em madeira que havia na sala enquanto a mulher loira gargalhava.

- O que porra é essa? - Indagou Siena. - Você é casado?

- Olha, é uma longa história... Só vem comigo.

Rafael tirou um pequeno chaveiro com duas chaves do bolso e abriu a porta, se deparando com um pequeno corredor com um elevador. Ao entrarem no elevador ela percebeu que haviam apenas três botões, um escrito "7", outro com um ícone de carro e um terceiro botão amarelo sem nenhum ícone ou escrita. Havia ainda um botão vermelho, que Siena acreditou servir para algum alarme, caso o elevador parasse de funcionar. Rafael apertou o botão com o ícone de carro.

- Mas e esse botão amarelo? - Pensou ela.

- Me desculpe, Siena. Eu não queria que você descobrisse isso assim! Ela não é bem minha esposa, estamos casados apenas no papel.

- Eu estou extremamente decepcionada com você! - Disse Siena baixando a cabeça.

- Sei que está, Siena. Mas você precisa me ouvir! - Rafael tocava em seu queixo. - Eu sei que você acredita em mim, você me deseja, me ama...

- Não, Rafael... Eu não quero...

Rafael a abraçou. Ela estremeceu e sentiu as mãos e pés formigarem. O frio na barriga intensificou, dessa vez como em uma montanha russa prestes a descarrilhar.

- Eu sei que mesmo decepcionada você acredita em mim. Eu sei que você não vai se afastar de mim...- Sussurrou Rafael.

- Como pode estar tão seguro disso? - Indagou Siena.

O painel do elevador mostrava o ícone de um carro piscando, a porta do elevador se abriu e sem respondê-la, Rafael a puxou levemente para um pequeno corredor com uma porta de vidro fosco escuro ao fim. Rafael novamente tirou o chaveiro e abriu essa porta, que os levou até o estacionamento.

- Por que você tranca tudo? - Perguntou Siena rispidamente.

- Não gosto de ninguém bisbilhotando minhas coisas! - Rafael respondeu sem meias palavras.

- Pelo visto você deve ter muitas coisas a esconder! - Disse ela com um tom de ironia para um Rafael tenso.

Ao sair para o estacionamento, Siena percebeu que já havia visto essa porta, quando enxergou a placa "Área restrita - Perigo de Alta Tensão".

- A porta!!! - Ela esbravejou lembrando-se que já havia visto essa porta antes.

- O que tem a porta? - Perguntou Rafael desconfiado.

- V-você es-esqueceu de trancar. - Disfarçou.

- Eu tranco depois, olha... O importante é que você me espere aqui. Eu vou resolver aquele problema lá em cima e depois vamos conversar!

Rafael voltou para o pequeno elevador enquanto Siena andou devagar até seu próprio carro, nas últimas tentativas de não obedecer mais Rafael, jogou a sua bolsa em cima do banco do passageiro e saiu do estacionamento, sem esboçar nenhuma reação. Mais uma vez sentia a vontade de chorar mas as lágrimas permaneciam presas.

- Ele é casado! - Gritou com raiva costurando outros carros com rapidez e fúria.

Chegou na frente do próprio condomínio e passou alguns minutos parada, tentando recuperar o fôlego.

- Ele tem outra. Ele enganou Lilly e me enganou. - Siena respirou atordoada. - E por que não estou chorando? Nem triste? Porque mesmo sabendo disso, sinto que não me magoei?

O pecado de SienaOnde histórias criam vida. Descubra agora