45. A ilha

517 44 9
                                    

Adam acelerou o carro e o carro de trás começou a correr junto. As ruas que antes estavam cheias por pequenos focos de trânsito, agora já se esvaziavam. Uma pequena perseguição começava, para o desespero dele que não conhecia a cidade direito. Só esteve em Florianópolis duas vezes antes dessa última visita e de forma muito rápida, uma a trabalho e outra para o casamento de um amigo próximo.

- Meu Deus, vão nos pegar! - Gritou Antony desesperado.

Entrando por uma rua que parecia um labirinto, Adam acabou se perdendo ainda mais e ao chegar ao fim dela, percebeu que era sem saída. O carro que os seguia, logo os encontrou, com uma forte luz que irritava os olhos dos três.

- É melhor agir com calma, eu tô armado porra! - Gritou Adam.

A luz do carro de trás se apagou. Por alguns instantes estava apenas o silêncio de uma rua sem saída. A porta do carro se abriu, mas ninguém saiu de lá, até que Adam decidiu sair.

- Não faz isso, Adam. Pode ser perigoso! - Advertiu Sartori.

Adam apontou a arma em direção ao carro, não sabia o que poderia vir ali de dentro.

- Tem calma, não atire.. Por favor! - A voz de uma mulher tentava tranquilizar.

Era Lilly. Ela saiu do carro fechando a porta e calmamente, indo em direção a Adam.

- O que você faz aqui Lilly? - Disse Adam apontando a arma pra ela.

- Por favor, abaixa essa arma... Eu tô tentando ajudar vocês!

Ao perceber que era Lilly, Antony saiu do carro enfurecido.

- Sua falsa do caralho. Como você pode ter feito isso pra Siena, Lilly? Era sua melhor amiga, cara. Incondicional contigo, porra! - Disse ele de forma exacerbada.

- M-me desculpe, eu sei que errei. - A voz dela logo ficou embargada. - Eu quero ajudar a reverter isso, Rafael é muito perigoso e eu não sabia disso... Por favor, vocês tem que acreditar em mim!

- Escuta Lilly, não dá pra confiar em você. Se você quebrou a confiança de alguém que fazia tudo por você, quem dirá a nossa! - Adam pontuou guardando a arma no cós de novo e entrando no carro. - Vamos sozinhos resolver isso, não precisamos da sua ajuda.

- Escuta... - Lilly correu até ele. - Vocês não vão conseguir sozinhos, por favor. Eu devo isso à Siena, deixa eu ajudar vocês... Eu sei onde estão as cobaias, eu investiguei tudo, a secretária Sarah me ajudou para em troca eu conseguir defender ela como advogada.

- Nós também sabemos, sua estúpida! - Antony fechou a porta do carro com força.

- Escutem, por favor, eu sei como chegar até lá... Vocês não tem como atravessar pra chegar na ilha, eu sei como fazer!!!

Ao ouvir isso, Adam que ia girar a chave na ignição pra ligar o carro, desistiu.

- Você não vai confiar nela, né? - Antony indagou chateado.

- Escuta Antony, eu pesquisei e não é fácil chegar na ilha... Vamos precisar de ajuda e a essa hora da noite seria impossível. - Sartori sinalizou.

- Eu não tô acreditando que vocês vão dar ouvidos a essa...

- Você tem uma ideia melhor? - Adam interrompeu. - Eu tenho uma arma e Sartori também, temos formas de nos defender de Lilly se ela tentar algo. É a única chance que temos de encontrar Siena e salvar as outras garotas!

Antony se calou. Adam saiu do carro novamente pra falar com Lilly.

- Se você quer ajudar mesmo, eu vou te revistar e você vai em nosso carro até o cais, vai nos explicar como podemos ir até lá!

Adam levou ela até o banco de trás, onde Sartori a esperava segurando um revólver no cós.

- V-você é a tal investidora secreta que tanto eu ouvi nos últimos dias? Eu vi você saindo da SandUp! - Lilly se espantou.

- Não te interessa, garota. - Sartori respondeu agressivamente.

- Eu sei que é você... Eles devem estar atrás de você... Você se arriscou pra valer!

Lilly sentou ao lado de Sartori e Adam pegou o caminho pro cais.

- Eu juro que não sabia a proporção de tudo isso, vocês tem que acreditar em mim. Eu tentei trazer você pra levar Siena de volta pra São Paulo, Adam. Eu não queria que ela se machucasse com Rafael! - Lilly tentou se explicar.

- Ainda é uma traidora comigo, você sabia que Siena estava comigo, Lilly Annie. - Gritou Antony.

- Eu sei, mas Rafael já estava no seu encalço. Ele não ia te deixar em paz enquanto estivesse perto dela. Quando soube que Adam e Siena estavam transando, fiquei mais aliviada porque imaginei que ela ia pra São Paulo...

- Como é a história, porra? - Gritou Antony enquanto Adam respirou fundo.

- Antony, escuta...

- Escuta o caralho, tu se aproveitou de Siena, cara?

- Escute, por favor. - Adam falava calmamente enquanto Sartori e Lilly se entreolhavam. - Isso tudo foi um plano pra que Lilly não desconfiasse que estávamos investigando, eu sabia que ela tinha me trazido pra cá pra isso, então fiz ela acreditar nisso.

- Eu sabia! - Lilly exclamou com certa animação.

- Cala a boca, porra... Deixa eles se resolverem. - Sartori falou baixinho pra Lilly.

Adam já estava pertinho do Cais, estacionou perto do muro de uma das casas abandonadas que tinha perto.

- Presta atenção, Antony. Tudo isso aconteceu quando você se afastou dela, mesmo com a substância no cérebro, Siena falou pra mim com todas as letras o quanto gostava de você. Siena não gosta de mim, não gosta de Rafael, ela ama você... Então para com essa porra e vamos salvar sua mulher!

Antony consentiu com a cabeça se convencendo e logo todos saíram do carro.

- Olha ali, aquele é meu amigo. - Lilly acenou pra um rapaz que estava parado no cais perto de uma lancha médio porte Sport Coupé NX360. - Estamos saindo há uns dias e ele me falou que tinha uma lancha. Ele decidiu me ajudar, não dei muitos detalhes sobre o que tá acontecendo.

- É ele que vai pilotar? - Perguntou Adam andando com todos para a borda do cais.

Ariano, dono da lancha, cumprimentou todos e pilotou ela em direção a Ilha Ratones. Algumas conversas paralelas distraiu ele das verdadeiras intenções do grupo. Adam solicitou que ele parasse discretamente e sem chamar atenção, em um lugar que a vista da casa de Rafael não alcançasse.

- Por favor, Ariano, fique aqui e nos espere. Logo voltaremos! - Pediu Lilly.

Como pararam longe do cais de desembarque na ilha, entraram no mar que estava bem calmo e raso, e foram até a beira da praia.

- Você acha que tem alguma guarda? - Perguntou Sartori baixinho.

- Só está Rafael e o pai dele. - Lilly cochichou. - Deve ter alguns funcionários, mas não deve ter guardas.

- Como você sabe? - Indagou Adam.

- Sarah me contou que os seguranças da SandUp iriam entrar em treinamento a partir de hoje, por causa do arrombamento que teve por lá...

- Foi a gente que arrombou, Lilly. - Adam revirou os olhos. - E outra coisa, segurança da SandUp é diferente de segurança pessoal!

- Não tem guarda. - Antony afirmou com confiança.

- Como você sabe, cara? - Sartori o interrompeu.

- No dia que eu e Siena estivemos aqui, tinham poucos funcionários e nenhum segurança. Acho que quando ele traz alguém aqui, não pede guarda...

- Vamos ter que arriscar! - Complementou Adam.

Passo a passo por meio das árvores, o grupo chegou até o jardim central da mansão. Foram costurando o caminho pelos cantos, evitando que fossem avistados de qualquer janela. Adam percebeu uma movimentação vinda das árvores do lado oposto onde eles estavam.

- Fodeu, tem alguém ali!

O pecado de SienaOnde histórias criam vida. Descubra agora