WANDA MAXIMOFF
Frio.
Foi a primeira coisa que senti quando minha bochecha quente pelo choro encostou na porta. Cansada e vencida pelo medo. Eu podia ouvir vários sussurros pelo lado de fora, como se alguém estivesse rindo e ao mesmo tempo tentando fazer silêncio.
Talvez ela estivesse esperando eu gritar novamente.
- Maximoff? Eu não posso acreditar que você já se rendeu!- a voz de Natasha saiu baixa, como se ela estivesse querendo instigar alguma reação em mim. – Vamos lá, grite para mim. Tenho certeza que você é do tipo que grita!
Eu ouvi algumas risadas e o barulho de uma garrafa caindo no chão. É claro que Natasha Romanoff estava bebendo. Eu nunca conseguia entender como alguém conseguia trazer uma garrafa de vodca para dentro do colégio e nunca ser pega. E ela fazia isso todos os dias durante o nosso último ano. Ela mal tinha completado 17 anos, como sequer conseguia comprar essa merda?
Ela esperou em silêncio mais algum tempo, mas me mantive calada. Algo dentro de mim dizia que se eu parasse de berrar como a garotinha que eu era, Natasha destrancaria a porta da sala e me deixaria sair. Ela só queria chamar atenção da trupe de babacas que andavam ao seu lado.
Wanda Maximoff não daria esse presente a eles.
Já havia virado rotina. Natasha tinha se transformado na maior idiota do colégio. Isso fez com que ela começasse a maltratar as pessoas por ai, apenas para manter a sua fama de dona do pedaço. Por incrível que pareça, eu sempre estava no caminho dela quando a idiota supracitada queria fazer algo de ruim. Colocar sal em um suco, colar a mochila na cadeira, esconder as roupas no vestiário.
Hoje ela tinha ido longe demais.
Natasha me trancou na sala de vídeo escura há quase 20 minutos agora e isso me deixou em pânico total. Nos primeiros 15 minutos eu gritei, esperneei e implorei para que ela me deixasse sair, mas isso só causou mais risadas e diversão.
Era por isso que eu estava decidida a me manter calada, até que ela desistisse dessa brincadeira idiota, ou alguém percebesse o que estava acontecendo e me tirasse daqui.
— Talvez eu deva deixar você aí até amanhã. Não é como se alguém fosse mesmo sentir a sua falta. – ela riu mais uma vez e eu apertei meus olhos numa tentativa frustrada de conter as lágrimas.
Por que ela fazia isso comigo?
Eu estava tão concentrada em não chorar, que o primeiro barulho de explosão passou despercebido a mim. Logo em seguida outro estrondo me fez pular. Olhei rapidamente para o ar condicionado que estava agora faiscando por todos os lados e deixando um rastro de fogo que se iniciava do teto e ia até o fim da parede.
—NATASHA! –eu gritei por impulso, enquanto tentava ficar o mais longe possível do fogo. – POR FAVOR, ABRA AGORA ESSA PORTA! ESTÁ PEGANDO FOGO!
-Parece que alguém resolveu dar o que eu queria! – ela gritou rindo pelo lado de fora. – Você quer que eu chame os bombeiros?
A risada alta e clara me fez perceber que ela não tinha ideia do que estava ocorrendo aqui dentro. Parte de mim queria acreditar nisso, mas uma parte de mim mais raivosa e muito mais calejada das peripécias da Romanoff, me dizia que ela estava simplesmente querendo me ver queimar.
Eu comecei a bater e chutar a porta com toda força que tinha, mas o resultado era nulo diante de mim. Lá fora, as pessoas pareciam estar rindo e gritando cada vez mais, enquanto o fogo se espalhava rapidamente pelos os estofados das cadeiras.
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Mistakes
FanficWanda é obrigada a retornar para sua cidade natal e enfrentar seus medos. Natasha é o maior deles