Capítulo 20

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O ar ao meu redor cheirava a jasmim e lavanda, minhas costas estavam frias, mas algo quente e macio se enroscava no meu peito

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O ar ao meu redor cheirava a jasmim e lavanda, minhas costas estavam frias, mas algo quente e macio se enroscava no meu peito. Conforme despertava senti os braços delicados de Alice descansando no meu pescoço, ela se agarrava ao meu corpo como se tentasse se fundir, minha mão descansava entre as mechas do seu cabelo, enquanto a outra segurava sua cintura, impedindo que ela rolasse para longe de mim. Sua respiração batia em meu ouvido, e um arrepio percorreu todo o meu corpo. Se isso é um sonho, eu não estou disposto a acordar. Não me permiti abrir os olhos, ou proferir um movimento sequer, na tentativa de prolongar o máximo possível aquele instante. Eu sabia que ele não duraria muito.

Mal tive tempo de apreciar o momento antes de que, como uma afronta do universo, meu celular começasse a tocar.

Alice dá um pulo da cama como se tivesse acabado de ser eletrocutada. Bufo de indignação, ao pegar o celular e de todas as pessoas, a única que eu não poderia ignorar naquele momento. Sebastian não era de ligar com frequência, normalmente ele se contentava com uma mensagem direta e objetiva. No entanto, ele havia sido preso na noite anterior, em minha preocupação com Alice eu havia esquecido completamente disso, que grande amigo eu sou.

— Blake? Você está bem? — perguntei e pelo canto do olho percebi que Alice parou o que estava fazendo para prestar atenção às notícias — você ainda está na delegacia?

Eu precisava agradecê-lo por espancar Trent depois.

— É claro que não, estou na Milburn tomando o pior café do mundo, espero que aquela maldita secretária não tenha cupido dentro, não seria a primeira a fazer isso— Ele murmurou para si mesma a última parte— Onde diabos você está? As coisas estão uma confusão aqui.

Ao olhar para o relógio em meu pulso percebo que já passa das nove, eu estava duas horas atrasado.

— Merda — Alice proferiu meus pensamentos, começando a pegar suas coisas e calçar o sapato— Precisamos ir — ela disse pegando o celular e ligando para alguém , provavelmente Kelly ou Serafim.

— Estou indo daqui a pouco, só preciso passar no apartamento da Alice e trocar de roupa.

Sebashtian riu do outro lado da linha.

— Não precisa correr max, eu certamente no seu lugar não teria pressa.-- ele não esperou que eu respondesse e desligou na minha cara, ainda rindo.

Idiota.

— O motorista está vindo, vamos — Alice comandou, seus olhos não encontraram os meus desde que ela acordou.

Suspirou e pegou meu blazer e enfio minha gravata no bolso, antes de calçar os sapatos de qualquer jeito. Praticamente tive que correr para alcançar Alice, que já havia chamado o elevador.

Pelo visto, voltamos à estaca zero.

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Ela havia se fechado de novo, mas dessa vez eu estava esperando por isso. Durante todo o percurso em que passamos em sua casa para tomar um banho, trocar de roupa e fazer o desjejum, até o caminho para a Milburn, ela não disse uma maldita palavra. Nem mesmo para quebrar o gelo que rivalizava com a Antártida. No entanto, eu achei melhor não força-la, já era quase uma intervenção divina ela ter se aberto comigo, mesmo que pouco, ontem a noite, provavelmente o fez por que estava fragilizada e parte daquele tsunami que ela escondia, vazou pela barragem.

Night LongOnde histórias criam vida. Descubra agora