Capítulo Four - أَرْبع (✓)

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Alexander


__ Alec, irmão, olha pra mim. Olha pra mim! __ Jace me chama nervoso. __ Respira ok... Peço mil vezes perdão por tudo isso, dessa vez passei de todos os limites possíveis com você.

Eu fiquei tonto por um segundo. Assim que saí da sala do Xeque, soltei um suspiro de alívio tão grande, que minha vontade era chorar. Estava nervoso, ansioso, apreensivo, tantas coisas se passavam dentro de mim, que agora eu só queria desabar.

Jace estava ali, implorando por perdão, e sabia que estava preocupado. Nossa relação era muito próxima, apesar de não sermos irmãos de sangue, era como se fossemos. Eu não estava mais bravo, mas ainda decepcionado com ele por tudo que houve. Mas não iria fazê-lo se sentir mais culpado do que já estava.

__ Tudo bem, Jace. Graças aos céus, nada grave demais aconteceu. Pelo menos ainda. Irei pedir para ligar para o papai agora, e aí sim, se preocupe com o que ele vai te dizer, sei que ele não será tão gentil quanto eu fui.

Jace me olhou com cara de horror.

__ Alec, por favor, eu não imaginava que tudo isso poderia acontecer assim. Eu não sabia o que estava pensando... eu queria gritar com todo mundo aqui, mas sei que só pioraria as coisas... me sinto tão revoltado!

Jace bufava. Mas ele teria que arcar com as consequências de tudo agora.

__ Sabia que esse seu egocentrismo te traria problemas um dia, só não sabia que me levaria junto também __ eu digo, suspirando. __ Mas nada de revolta, procure respeitar qualquer um, qualquer coisa, enquanto estiver aqui. Lembre-se das palavras do Xeque e, pode ter certeza, ele não estava brincando.

Tinha muito a fazer a partir dali, e precisava manter Jace na linha mais do que nunca.

__ Agora, preciso que tome as decisões certas. Você ficará no meu lugar essa semana. Usarei as ligações permitidas para ligar pra você. E você me manterá em contato com os outros, incluindo papai. Ele deve saber de cada detalhe desse meu tempo preso aqui. Por favor, por favor mesmo, só faz tudo que eu disser, e prometo que vamos sair dessa.

Nos abraçamos, e pedi que ele fosse ao hotel para descansar, afinal, amanhã seria um longo dia para ele. No fundo, tinha um pouco de pena de Jace, pois sabia que por trás daquela máscara de homem gostosão e irresistível, ele tinha medo de não ser amado por seu conteúdo. Ele sempre me falou que amava a Clary porque ela conseguia ver através de toda a beleza que todos viam. Ela nunca o julgou. Compreendia que ele estava inseguro e magoado por tudo, mas claro, ele escolheu pessimamente esse momento para descarregar as frustrações.

Será que eu seria assim quando me apaixonasse por alguém?

Esse pensamento veio de um lugar bem lá de dentro do meu peito, que começou a subir e descer rapidamente com a lembrança do Sheik mais lindo que já havia visto. Não sei como consegui não desmaiar. Ele tirou minhas forças com aquele olhar.

Ele estava acostumado a liderar, a não perder nunca com certeza, por isso seu olhar era de desafio, de altivez, de alguém que sabia qual era seu lugar ali, e ele mostrou tudo isso apenas do jeito que me olhou. Parecia até que ele gostava do que via em mim. Não consegui sustentar seu olhar, tanto por timidez, quanto por não saber até onde eu poderia desrespeitá-lo. Ele tinha um olhar analítico e minucioso. Quando nos encaramos por último, quando ele me defendeu, eu não sabia se o abraçava, se sorria ou chorava aliviado, só queria poder tocá-lo... será que um dia poderei? Seria muita audácia pensar que ele se interessou, mesmo que um pouco, por mim?

Seu olhar me disse algo assim. Não sei se era desejo, mas havia um brilho diferente quando ele o dirigia a mim. Ele era tão lindo. Seus olhos puxados eram um charme. Sua pele tão lisa e sedosa. Aquela boca pequena me fez querer beijá-lo e me fez sentir arrepios por todo meu corpo. Aquele homem varreu qualquer defesa que eu coloquei em torno de mim, da minha profissão, e do meu coração. Mas sabia da rigidez dos árabes, agora mais do que nunca. Não saberia nem dizer como eles tratavam homens gays aqui. Teria que ter muito cuidado com meus pensamentos e atitudes nesse tempo que ficaria aqui.

O Estrangeiro (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora