Capítulo Seven - سبعة (✓)

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"صباح الخير (ṣabāha l-ḫair)

Salaam Aleikum... Desculpe as formalidades, é a força do hábito...".

Catarina me falou isso assim que entrou na minha tenda, já me envolvendo em um abraço apertado.

__ Salam...minha amiga. Parece que faz tanto tempo que não te vejo que bateu até uma nostalgia agora __ Falei para ela assim que saí do abraço. Continuei a segurando pelos braços, e dei uma olhada nela de cima a baixo. __ É tão bom te ter aqui Cat... Preciso de você mais do que nunca, e sei que você pode me ajudar a sair dessa situação... Mas primeiro, como você está? __ Perguntei-lhe enquanto fui preparar uma bebida para ela.

__ Ah, estou com muito trabalho como sempre. Amo meus pequenos, como você sabe, mas agora que tô aqui... penso que preciso de umas férias __ Ela falou, e se esparramou no meu sofá cama, colocando as pernas para cima.

Toda vez que ela me visitava era assim. Parecia até uma folgada!

Nós éramos como irmãos... e isso pra ela era quase que literalmente. Apesar da distância, quando nos víamos, ela me abraçava, me xingava, até me batia por uma coisa ou outra, mas nunca deixava de se preocupar comigo. Claro que tudo isso era recíproco, tirando a parte de bater...

__ Acredito... mas cansei de ter pena de você... você não tem jeito mesmo __ Falei com um falso drama. __ Cansei de te chamar pra viajarmos juntos... lembra que nem faz muito tempo que te chamei pra irmos àquela rave em Londres?! Você nunca me deu uma resposta concreta, além de 'já te retorno', só voltando a me responder no outro dia na maior cara de pau, e com um 'Não posso!' __ Eu desabafei.

Catarina sabia que eu falava a verdade, mas eu também sabia que ela nunca deixaria de atender às necessidade do seu instituto, e ir à uma festa qualquer.

__ Owww... acabou o drama aí meu filho? Você sabe que eu me desdobro em duas para cuidar de todas aquelas crianças e famílias não sabe?! ... Fora que prefiro um cinema em casa do que beber em uma festa até cair __ Ela disse isso enquanto eu lhe dava uma bebida, e ela revirou os olhos pra mim com aquela cara de tédio de sempre. Eu estava mais do que acostumado com ela.

__ Você precisa beber, namorar... precisa relaxar mulher... Um cinema em casa não vai te dar um trato do jeito que você precisa! __ Ela cuspiu a bebida de repente com a minha insinuação. Eu pisquei para ela.

Nós dois sempre fomos do contra. Sempre fomos nós dois contra o mundo. Sempre juramos não ceder a nenhum casamento arranjado. Dormir com alguém que não amassemos, e por aí vai. Meus pais aprenderam a amar Catarina com o tempo, até por sua história de vida, mas eles não gostavam quando eu a visitava no Sudão, ou viajavamos juntos para sua terra natal no Marrocos porque diziam que eu voltava cheio de ideias ocidentais. Claro que isso era verdade, mas não por influência de Catarina. Nunca fui, e nunca seria um homem influenciável. Mas a bondade em meu coração pelo bem alheio era algo que eu compartilhava com ela, e aquilo criou um laço eterno entre nós.

__ Vai à merda, Magnus! Eu estou cansada, mas não estou desesperada a ponto de sair por aí dando pra qualquer um... Até parece que não me conhece __ Ela explodiu, como sempre. __ Falando nisso... aquele teu segurança lá, que tá mais pra robô, eu pegaria...". Ela falou apontando a cabeça lá para fora.

__ Primeiro, te conheço tanto que sei que você vai morrer virgem se não se permitir se aventurar. Você é livre, lembra?! Pensei que queria ser livre pra decidir ser a dona do seu destino... Vai querer que alguém te escolha, em vez de escolher a quem vai se entregar?... pense nisso __ Vi uma sombra de dúvida passar por seu olhar. Foi tão rápido que pensei até que havia imaginado. __ Segundo, tá falando do Ragnor? __ Perguntei com um sorrisinho.

O Estrangeiro (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora