Acordei com uma luz batendo no meu rosto, sentei. Vi que ainda estava com a vestido da festa de ontem, Carla estava dormindo em um colchão no chão. Levantei, peguei uma roupa de calor e fui para o banheiro, quando me vi no espelho, levei um susto.
Estava horrível, minha cara estava inchada por conto do choro, minha maquiagem toda borrada, meus cabelos todos bagunçado.
Tomei um banho quente e bem demorado, quando sai do banheiro Carla já havia acordado.
- Bom dia - disse ela.
- Só se for pra você - disse me lembrado de tudo que aconteceu ontem.
- Agora você pode me explicar o que aconteceu? - perguntou sentando na cama, sentei do lado dela.
- Ontem na festa, a tia do Bruno me chamou para conversar - comecei a explicar - Depois que me livrei dela fui procurar o Bruno, procurei em todos os cantos e nada, então resolvi ver se tava no andar de cima. Eu direto para o quarto dele, mas quando eu abri a porta me deparei com uma cena nada legal - respirei fundo, tentando inutilmente conter as lagrimas - Tinha outra pessoa com ele, uma menina, bom ela parecia ser mais velha, mas ela estava distribuindo beijos pelo pescoço e rosto dele, só que ele estava parado, não fez nada para impedir ela. Eu não estou mais me reconhecendo, eu não sou assim. Eu vou acho que vou desistir dele.
- Meu Deus! - exclamou - Que cretino. Eu vou arrancar as bo...
- Eu não quero por enquanto falar disse - falei baixinho - To com fome.
- Vamos descer - disse ela - Também to com fome.
Descemos as escadas, a mesa estava cheia de gostosuras. Nunca tinha visto a mesa daquele jeito.
- Bom dia - disse minha mãe saindo da cozinha.
- Bom dia tia - disse Carla.
- Alguém vai vir tomar café aqui? - perguntei.
- Não - respondeu - É pra você meu anjo. Eu sei de tudo, sei de coisas que eu tenho certeza que você não sabe, Bruno me contou tudo ontem.
- Eu...
- E eu quero falar com você - disse ela.
- O papo ta bom - disse Carla pegando uma fatia de bolo - Mas eu vou ali no quarto trocar de roupa.
- Vai lá querida - disse minha mãe.
Carla deu um beijo na minha bochecha e saiu.
- Senta - disse minha mãe.
- Mãe, serio - disse - eu não quero falar disse.
- Você vai me escutar Alice Gray - disse minha mãe - Querendo ou não.
- Desculpa.
- Filha, ontem a noite eu falei com o Bruno - disse ela - E ele me explicou.
- Que ele estava com uma rapariga o beijando e ele não vez nada - disse.
- Também, o nome da menina é Alexandra - disse ela - A ex dele, ele só teve ela de namorada, tirando você. Ela é dois anos mais velha do que ele, mas mesmo assim eles tiveram um namoro, só que ele a pegou traindo com o seu melhor amigo, depois disso essa tal de Alexandra fugiu e só voltou agora. Ela entrou na festa escondida, e deu uma noticia a Bruno que o deixou sem chão, e nessa hora ela o tentou beijar, a hora que ele estava sem chão e a hora que você chegou.
- Mas...
- Alice, ele chorou ontem aqui - disse minha mãe.
Minha cabeça estava um nó. Eu não sabia o que fazer, eu queria sair correndo atrás de Bruno e o beijar, mas estava com raiva dele.
Meu orgulho falou mais alto do que tudo, eu não vou atrás dele, se ele me quiser terá que correr atrás de mim.
- Eu vou pensar mãe - disse - eu to indo para o meu quarto
Subi a escada correndo e entrei no meu quarto, Carla veio e me abraçou.
- Eu ouvi a conversa - disse ela - E ai, o que você vai fazer?
- EU não sei - disse, comecei a chorar - Eu sou uma fraca Carla, uma fraca.
- Nossa! Que fraca foi a Alice ao dizer não para a maioria e sua ânsia de culpá-la por um erro que não cometeu, pelo Bruno que não a contou, o que quer que seja, quando ele deveria cuidar, ouvir e acalmar. Que fraca foi a Alice quando disse que não estava mais se reconhecendo, por isso, quer desistir dele. Que fraca foi a Alice que preferiu ser esquecida a ser humilhada, a justificar sozinha o injustificável por dois. Que fraca foi a Alice ao enxergar que usava como recurso de fuga, a comida, que modificava seu corpo e optou por parar... não precisa ser mais esperto do mundo pra saber onde vai a autoestima de uma mulher nesse caso... Que fraca foi a Alice, quando foi forte o suficiente pra dizer NÃO. Comigo NÃO! Aqui não, eu NÃO sou obrigada. Que força. Que coragem. Pela primeira vez, reconheço que existem pessoas que não se vendem por qualquerum.
As palavras de Carla havia mexido comigo. Ano retrasado, eu gostava de um garoto, mas eu tinha o peso a cima do ideal para minha idade e o menino me esculachava, toda vez que ele fazia isso eu me refugiava comendo algo e isso aumentava me peso, ate que uma hora eu resolvi mudar, fiz dieta e emagreci e agora to aqui, sofrendo de novo por um menino.
- Obrigada Carla - disse - Eu não sei o que seria sem você.
- Eu só não quero que você se auto chame de fraca - disse ela - Pois isso você pode ter certeza que não é. Agora serio! O mundo ta de brincadeira com a gente, porque meninos bonitos, ou é um idiota, ou é gay, ou tem namorada, ou mora longe, ou nunca quer você, ou é famoso, ou é seu ídolo. Por que isso mundo.
Dei risada, isso era a pura verdade.
- Verdade.
- Viu eu fiz você sorrir - disse ela.
- Sua doida - disse.
- Mas ser doida sozinha não tem graça - disse ela - O legal mesmo é ser doida com o seu amigo mais doido ainda. Vem.
Ela me puxou para fora do quarto, me levando ate o quarto onde estava Dan, entramos sem bater. Dan estava deitado, dormindo. Fechamos a porta, olhamos uma para a outra, Carla saiu correndo para o quarto para pegar maquiagem e eu fui ate a cozinha pegar chantili. Voltamos e entramos no quarto dele, com cuidado passamos batom nas pernas dele, nos braços em seu rosto. Passamos chantili no seu rosto, pegamos algo leve e passamos em seu nariz, ele passou a mão que estava cheia de chantili no rosto.
Eu e Carla saímos correndo do quarto, depois de alguns minutos a porta do nosso quarto se abre. Era Dan, sua cara estava toda melada de chantili, e todo pintado. Começamos a dar risada dele, principalmente da sua cara de raiva.
- Eu vou matar vocês, suas vacas - disse ele indo em nossa direção.
E assim começou uma guerra de travesseiros, a porta abriu e minha mãe se assustou com a bagunça, pensei que ela iria brigar comigo, mas ela pegou um travesseiro no chão e começou a brincar com a gente.
Meu dia foi assim, brincadeira atrás de brincadeira. Mariana veio aqui em casa, minha mãe deixo eu faltar amanha na escola, inventei a desculpa que era porque depois de amanha Dan iria embora.
No outro dia acordei com Carla me chamando, tomamos café, e fomos para o shopping comprar roupas. Chegamos em casa já estava tarde.
Subi ate o quarto onde Dan estava, ela tava acabando de arrumar as malas.
- Você precisa mesmo ir? - perguntei fazendo bico.
- Preciso pequena - respondeu me abraçando - Mas eu juro, que quando eu tiver férias de novo eu volto e Ana que vem já vai acabar, ai eu volto pra cá.
- Jura? - perguntei.
- Juro - ele deu um beijo no topo de minha cabeça. - Agora pode me ajudar a arrumar as malas.
- Nem é folgado - disse.
- Vamos - disse ele batendo palmas - Eu to com presa.
- Sim senhor - disse rindo.
Esse dois dias eu esqueci de meus problemas, só a noite que eu lembrava. Eu sabia que uma hora ou outra teria que falar com o Bruno, só de pensar meu coração acelerava e minha respiração falhava.
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Diários de uma garota nada normal
Teen FictionAlice Gray, é uma menina dedica, que teve que ir para uma nova escola. Com rapidez ela conhece Pedro e Aline, onde se tornaram melhores amigos e também tem a paixão proibida ... Ela se apaixona pelo cafajeste do Bruno Albuquerque. Bruno Albuquer...