Capítulo 14 - À Beira do Abismo

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7 de Abril de 1996.
— Greengrass não estava brincando quando disse que a escola agora seria comandada pelo pessoal da Inquisitorial Squad — reclamou Sarah, jogando a mochila em cima de um pobre primeiranista.
Elas estavam no Salão Comunal da Gryffindor, esperando até a hora do almoço. Depois que Sarah e Amber viram o novo Decreto Educacional, a manhã delas não foi uma das melhores com os Slytherin descontando pontos como desejavam.
Com a traição de Marietta, Amber esperava que Harry se tocasse do tipo de gente que Cho era, mas ele pareceu apenas chateado que ela não soubesse escolher bem os amigos. Talvez a Amber estivesse se metendo demais na vida amorosa do irmão, não apenas por ciúmes, mas para tentar fugir um pouco da sua.
— O melhor que podemos fazer agora é ficar na nossa — murmurou Amber.
— Ficar na nossa? Malfoy descontou 5 pontos do Rony porque a camisa estava amassada e 10 da Hermione por ser uma... — ela hesitou — Você sabe. É melhor ele abaixar a bola ou eu vou dizer algumas coisinhas para aquele loiro oxigenado.
— Sarah, você não quer levar outra detenção com a Umbridge! — repreendeu Amber, preocupada.
— Você não entende, Amber! — Sarah estava furiosa — Eu, Fred e George ficamos quietos na nossa porque vocês nos pediram, mas agora as coisas mudaram! Não vamos deixar Umbridge comandar o colégio.
Fred e George, que acabavam de entrar no Salão Comunal, pareciam orgulhosos da menina, mas Amber percebeu que o sorriso de Fred estava um pouco hesitante.
— Sarah, precisamos falar com você — ele disse, se mexendo incomodado.
Sarah também percebeu isso, já que sua expressão passou de furiosa para intrigada.
— O que aconteceu? — perguntou.
— É melhor conversamos ali fora — sugeriu George, já que Fred não parecia muito capaz de falar.
Eles saíram do Salão Comunal e foram até uma das salas de aulas vazias. Sarah pensou que eles iriam colocar proteções na porta, mas eles não pareciam dispostos a isso.
— Sarah, você está mesmo disposta a tudo para que infernizemos a vida da Umbridge em Hogwarts? — perguntou George, seriamente.
— É claro — respondeu Sarah, como se fosse óbvio, ainda não entendendo a atitude do namorado e cunhado.
— Nós vamos fazer algo durante o almoço, mas não queremos que você se envolva — disse Fred, olhando para a parede oposta.
— Vão me deixar de fora? — indignou-se a garota.
Fred segurou a mão dela.
— Nós precisamos que você continue o caos para a Umbridge — ele disse, evitando olhar em seus olhos — Nós não queremos estar aqui tempo suficiente para que ela nos expulse.
Sarah começou a entender o que eles iriam fazer.
— Vocês vão fugir de Hogwarts? — ela perguntou para confirmar.
— Depois de aprontar uma das grandes — confirmou George, sorrindo levemente.
— Sarah, você não vai — disse Fred, rápida e firmemente, antes que ela tivesse a ocasião de protestar — Sua mãe vai te matar se fizer algo assim.
— E vocês estão preocupados com seus pais? — retrucou Sarah.
— É diferente. Nós já aprendemos tudo o que tínhamos que aprender. Estamos no sétimo ano — disse Fred, negando com a cabeça — Já você ainda está no quarto ano. Nós só faltaremos os exames, mas você nem chegou aos OWL’s ainda.
Sarah abaixou a cabeça, olhando para suas mãos entrelaçadas.
— Não estou pedindo que você deixe de causar o caos, apenas... Tome cuidado. Não queremos que você ganhe mais uma cicatriz — ele acrescentou, acariciando as duas cicatrizes que ela mantinha no dorso da mão.
— Você é a menina mais corajosa que eu já conheci na minha vida — brincou George, também olhando para as cicatrizes — Nem Ginny teria coragem de escrever “Umbridge is a cow”.
Sarah deu de ombros, dando uma risada que não chegava aos olhos.
— Ei! Não fica assim! — disse Fred, a abraçando — Nos veremos logo.
Ela pensou em várias coisas para dizer, mas apenas murmurou um “eu sei”.
— Okay, vamos parar com isso, pois já estou começando a ficar emotivo — brincou George, limpando uma lágrima imaginária.
Fred lhe deu um tapa na cabeça, soltando-se da namorada.
— Se eu fosse você, falaria com Angelina — disse Sarah, virando-se para George.
— Melhor não. Ela vai tentar me impedir — respondeu George, negando com a cabeça.
— Pelo menos, despeça-se discretamente dela — insistiu.
— O George vai acabar entregando o jogo — riu Fred.
— Se não falar com ela, ela vai ficar furiosa — retrucou Sarah.
— Eu já falei com ela hoje — suspirou George, perdendo o humor — Ela vai perceber quanto tudo acontecer que aquilo foi um adeus.
— Depois eu sou o dramático — murmurou Fred.
Sarah deu um sorriso, um pouco mais animado e puxou o namorado para o último beijo deles, por alguns meses.
— Sou inocente demais para isso — debochou George, colocando as mãos sobre os olhos.
— Me surpreenda, Frederick Weasley — disse Sarah, afastando-se — Se for me deixar, pelo menos que seja por algo impressionante.
— Será — prometeu Fred, sorrindo abertamente.
Sarah deu uma piscadela e saiu da sala.
***
Alguns minutos depois que Sarah e os gêmeos saíram do Salão Comunal, Amber guardou os livros na mochila e seguiu para o Salão Principal. Não queria que os Slytherin descontassem pontos por chegar atrasada ou por não comparecer.
“Isso aqui está virando uma escola militar” pensou, amargamente.
Então começou a enorme explosão, Amber correu para a escadaria, misturando-se ao aglomerado de alunos curiosos.
— Droga, marauders — ela murmurou, mas com um sorriso de canto.
Naquela tarde foi quase impossível ter aulas, mas nem Hermione, nem Amber e nem os professores se importaram com isso. De fato, todos se divertiram ao ver o primeiro dia da nova diretora, correndo de um lado para o outro.

Laços de Guerra - 2ª TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora