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Wade Wilson

Era uma noite caótica para os moradores da cidade que nunca dorme. Se o querido Spidey não tivesse interrompido as ações do polvo louco, ocorreria uma epidemia em menos de três dias.

Observando ao longe, vejo a silhueta do herói chegar em seu costumeiro lugar onde sempre nos esbarrávamos, na cobertura da pizzaria do Leo, em Chinatown. O traje em seu corpo estava praticamente detonado, até mesmo sua máscara não estava em seu rosto. Preocupado, tentei me aproximar do edifício onde ele estava, porém parei imediatamente.

Suas pernas mancaram até chegar em uma parede, um muro pouco maior que ele por poucos centímetros. O Aranha encarou aquele local por alguns segundos, me fazendo franzir as sobrancelhas. Antes que eu pudesse me questionar sobre o que ele estaria fazendo, um baque forte soou de imediato. Um soco leve o suficiente para rachar a parede saiu dele, me surpreendendo. O cabeça de teia está muito alterado, tanto que nem percebeu o barulho que fez e nem parece se importar com a própria identidade exposta.

Para ele ficar puto daquele jeito, alguém teve que fazer um mal enorme. Seu estresse estava longe de ser liberado, ainda mais com um corpo tão debilitado como o dele. De longe dava para perceber que sua condição física estava mais merda do que a de alguém que fez uma maratona.

Arrisquei em me aproximar, faltava apenas um prédio para atravessar. Caminhei a passos curtos e lentos, explorando cada parte daquele corpo esgotado. Saltei para a cobertura ao lado da pizzaria, tendo uma vista melhor do aranha, esse que tá tão irado que nem se deu conta que eu estou aqui.

O traje vermelho esconde, mas o chão acinzentado não. Pingos de sangue coloriram a superfície, um rubro vivo e determinado. Ainda na mesma posição, o aracnídeo se deixou encostar a cabeça no muro, suspirando alto e falho.

Finalmente estava pisando na cobertura da pizzaria, tomando coragem para chegar mais perto, entretanto senti a energia pesada emanar dele, o que me fez recuar um passo. É como uma fera se preparando para me jantar.

Em passos silenciosos, teimei em me aproximar o suficiente para que ficasse a poucos centímetros de seu corpo danificado. O cheiro de sangue subiu para minhas narinas, dando um gosto de ferro em minha garganta.

A batalha foi intensa demais, a adrenalina ainda está muito presente em seu corpo. Sua mão treme feito terremoto, seus cabelos castanhos e bagunçados grudavam em seu pescoço suado. Eu diria que ele está muito sexy, se esse não fosse um péssimo momento. Se eu abrir a boca, é capaz de ele arrancar meu fator de cura monstruoso com as próprias unhas.

Ousei tocar em sua mão levemente. Em questão de milésimos, levei uma rasteira, caindo no chão e tendo um rapaz em cima de mim, com o rosto machucado e o punho esquerdo levantado e mirado em minha face mascarada. Sua expressão era pura raiva, mas seus olhos brilhavam como estrelas, contradizendo seus sentimentos. Ou melhor, tudo nele está bagunçado.

- O que você quer? - O tom de voz baixo e grave soou mais como uma ameaça do que como uma pergunta. Levantei ambas as mãos, em sinal de rendição, rindo nervosamente. Eu posso ter uma regeneração foda, mas eu não ousaria desafiar este cara neste exato momento.

- Calma Spidey, sou eu, Deadpool, não reconhece? - Ao que tentei apaziguar, o corpo do aranha se enrijeceu. Seu punho continuou no mesmo canto, apertando e tremendo. Virei o rosto pro lado e fechei os olhos, já esperando que ele me batesse, porém o que ouvi foi um impacto ao meu lado. Abrindo os olhos, vejo sua mão fechada, cobrindo o pequeno estrago que fez no chão ao acertá-lo.

- O que veio fazer aqui? - Perguntou, aparentemente desconfiado. Passei a encará-lo, é um cara bonito e ele não parece se incomodar por eu ter visto seu rosto. O aranha sai de cima de mim, me permitindo ficar de pé ao seu lado.

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