Capítulo 41; Culpa.

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Cuspi o café para o copo outra vez, ficou frio nos últimos dez minutos, e se há algo desagradável neste mundo, é café frio.

— O que acabas-te de fazer foi realmente nojento. — Viro-me e vejo uma das pessoas mais assustadoras que conheço.

— O que queres? — Respondo, sem qualquer cortesia.

Tive que acordar cedo, e o facto do Joseph estar noutro continente com a Pérsia só alimenta o meu mau humor.

— Nada que tenha a ver contigo. — Responde o Ian com calma. — Parece que hoje não é um bom dia. — Comenta, abaixa lentamente o olhar para a minha barriga inchada, que estava escondida dentro da sweat preta que visto, e que é pelo menos dois tamanhos acima do meu.

— E por acaso algum dia é bom? — Soltei, coloquei o copo de café na lata do lixo à minha direita e cruzei os braços involuntariamente.

O olhar vazio dele deixa-me nervosa.

— Bem, tens razão, não há bons dias. — Concorda ele sem grandes problemas, antes da viagem às colinas eu nunca tinha cruzado palavras com ele, nem o nome dele sabia, embora já o tivesse apanhado a olhar para mim com aqueles olhos grisalhos que pareciam não abrigar vida. — Presumo que estejas à espera da mesma pessoa que eu. — Comentou, a olhar rapidamente para as portas fechadas do laboratório.

Do outro lado dessas portas fechadas, o irmão da Kat, Ethan Hall, ministrava uma das suas aulas de Biologia Básica para estudantes de medicina do primeiro semestre.

— Para que é que precisas dele? — Pergunto.

O Ian tem uma sweat igual à minha, bem, não à minha, à do Joseph.

O rapaz olha para mim, deixa um suspiro escapar e responde:

— Bem, eu já encontrei aquele homem morto, agora tenho que encontrar o assassino, e acho que ele conhece-o. — Diz. Com a expressão séria que tem no rosto, sei que está a falar a sério. — E tu, Alison, para que é que precisas dele?

A minha língua está muito mais pesada agora que o ouvi falar sobre homens mortos e assassinos.

Até me esqueço por alguns segundos do porquê de precisar do Ethan.

— Sinto um interesse particular no projeto de graduação dele, revi-o e tenho algumas dúvidas. — Respondo, a esconder a verdade sob uma fina camada de mentiras.

Sim, revisei o projeto de graduação dele, e é brilhante, mas na verdade o interesse que sinto é preocupação.

E culpa, muita culpa.

Não estou bem desde que voltamos para Los Angeles na segunda-feira de manhã, disse ao Joseph que era certamente uma constipação por causa da água fria do lago para o tranquilizar e fazer com que ele parasse de tentar adiar o voo para Londres.

A mãe dele não parou de ligar durante a semana.

Está a deixar-nos loucos com a insistência dela.

Tenho a certeza de que é mais do que apenas uma constipação, e o irmão da Kat entra na categoria de especialista no assunto de que eu preciso agora.

— O projeto de graduação dele foi premiado pela Universidade, acho que devia tirar um tempo também para o ler mais uma vez. — Responde o Ian, algo atencioso.

Ele olha para mim sem disfarçar.

O coração estoura-me no peito.

— Para de olhar para mim. — Sussurro.

— Não estou a olhar para ti, Alison. — Assegura-me, mas os seus olhos ainda estão em cima de mim de uma maneira pouco tranquilizadora. — Estou a estudar-te.

For You- Joseph Morgan (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora