Boss (JUKE)

26.

Julie Molina

Chego ao escritório dos Patterson. Não consigo evitar e meu olhar segue direto para a sala de Luke, ele estava lá, logo nossos olhares se encontram e eu desvio o meu.

Ando até a minha sala. Hoje tenho que rever algumas propostas e fazer outras, além de uma reunião rápida com Leonardo. Coloco as minhas coisas em cima da mesa de apoio e sento na minha cadeira, voltando a olhar para a minha vista.

Logo escuto uma batida na minha porta, viro e era Luke. Sinto um frio na barriga e meu coração disparar. Ele entra e volto minha atenção para a tela do meu computador.

- O que você quer? - pergunto sem olhar para ele.

- Eu preciso conversar com você. - sinto ele se aproximar.

- Estou trabalhando e sem tempo para você. - digo ainda sem olhar para ele.

- Arranje um tempo... - ele se curva com as mãos sob a minha mesa. - Por favor!

- Que tal ir para o inferno? - digo olhando para ele.

- Estive lá o fim de semana inteiro. - ele olha para mim.

Não respondo nada e volto a atenção para a tela do computador.

- Julie, o que eu disse naquela noite foi um erro, eu... - Luke começa a falar e eu o corto.

- Não. O único erro foi o meu, de pensar que pudesse ter algo a mais entre nós. De pensar que poderia haver algo bonito por baixo de toda essa arrogância e idiotice. Mas, eu estava errada. Você é vazio por dentro. - digo olhando dentro dos olhos dele.

Levanto da cadeira e cruzo os braços, sentando na ponta da minha mesa.

- Julie, eu... - ele diz e eu o interrompo.

- Eu não sou nenhuma das suas vadias estúpidas das sextas-feiras. Depois daquela sexta-feira eu realmente pensei que... - engulo seco. - Que eu significasse algo para você.

- Julie, você significa, significa muito. - Luke diz em um tom de voz calma. - Eu não fiz nada daquilo. Eu não a chamei para a minha casa, não tinha nenhuma Steph, eu não conheço nenhuma Steph. Era a Sofya, minha irmã. Eu apenas queria que pensasse que havia outra.

- Por que faria isso? - pergunto com a voz fraca.

- Porque eu fui um babaca, um maníaco ciumentos, um completo idiota sem noção. Porque eu pensei que estaria me substituindo pelo Eric e pensar nisso me machucou. Sou do tipo de pessoa que não quer sofrer sozinho, que precisa fazer a outra sofrer também. Eu não sei como pude sequer pensar em machucar você, Julie, você não mereceu nenhuma daquelas palavras. Eu não mereço você, mas estou disposto a te dar tudo o que eu tenho, tudo o que eu sou. - Luke segura as minhas duas mãos. - Por favor, Julie, podemos... Voltar?

Recuo o toque de Luke.

- Não. - digo me afastando dele.

- Por que? Por que não? - ele pergunta franzindo o cenho.

- Será melhor para nós dois... - digo voltando a senta na minha cadeira.

- "Melhor"? Melhor para quem, Julie? Acha que seremos felizes assim? Eu asseguro à você que não seremos, mesmo que você diga o contrário. - ele faz uma pausa. - Eu sei que eu consegui estragar tudo. Estou arrependido, verdadeiramente, mais arrependido que eu mesmo podia pensar que um dia ficaria... Não deixe que isso estrague o que poderíamos ter. - Luke diz apoiado com os braços esticados na minha mesa.

- "O que poderíamos ter"? O que nós temos, Luke? - digo voltando minha atenção para ele.

- Você quer mesmo que eu responda? Julie, você e eu sentimos algo um pelo outro, não pode negar. Eu seria a última pessoa no mundo que confessaria que está apaixonado, acredite, mas, estou disposto a fazer isso por você, por nós. Não deixe que aquilo estrague tudo. - Luke diz perto de mim.