Magnus Bane não existia

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— Quer ir comigo ao novo bar 'O Pandemônio'? Ouvi coisas boas sobre o lugar.

— Não esta noite, Jace. — disse Alexander, com os olhos na tela do computador. — Tenho um trabalho a concluir.

— Besteira. — disse Jace. — Hodge não poderia elogiá-lo o suficiente esta manhã. Ele disse que você estava adiantado em todos os seus prazos.

Alexander continuou digitando. 

— Estou ocupado. — disse ele secamente.

Jace deu um suspiro. 

— Me diga que você não vai dormir aqui de novo.

— Eu não durmo aqui. Aconteceu um total de duas vezes.

— Olha, isso não é saudável, Alec. — disse Jace. — Primeiro você se recusa a sair de casa, agora você a evita como uma praga. — Alexander não disse nada, mantendo os olhos na tela. Houve um silêncio tão longo que ele começou a pensar que Jace havia ido embora. — Faz meses... Ele não vai voltar. — Alexander apertou a mandíbula e não disse nada. — Apenas aceite e siga em frente.

— Eu segui em frente. — Alexander disse, muito uniformemente. — É por isso que estou aqui. Trabalhando.

— Você não está trabalhando, Alec. Você está se escravizando. No final do ano, você ficará podre de rico ou morto de exaustão. Não tenho certeza do que é mais provável neste momento. — Jace fez um som irritado. — Esqueça aquele garoto. Ele foi embora sem se despedir. Ele é um merdinha ingrato...

— Saia. — Alexander disse.

— Vamos lá, cara, você sabe que eu estou certo...

— Saia. — Alexander disse novamente. Deve ter havido algo feio em sua voz, porque Jace se encolheu e saiu sem dizer outra palavra.

Quando a porta se fechou atrás dele, Alexander se recostou na cadeira e passou a mão nos olhos cansados. 

Jace estava certo: ele estava se sobrecarregando. Mas trabalhar era bom. Trabalhar mantinha sua mente ocupada.

Alexander beliscou a ponte do nariz.

Pelo amor de Deus.

Já faziam quase dois meses. Por quanto tempo ele se sentiria uma merda?

Pior. Por quanto tempo ele se sentiria uma merda por alguém que aparentemente não existia?

Ainda era difícil acreditar que tudo o que Magnus havia dito era uma mentira, mas os fatos não mentiam: Magnus Bane não existia. 

Quase fez Alexander pensar que Magnus era apenas um produto de sua imaginação. 

Exceto que ele não foi o único que viu Magnus. Ele era real. Ele tinha sido real.

O pensamento trouxe uma dor familiar em seu peito. 

Apesar de sua raiva, ele ainda não conseguia descartar a possibilidade de que algo pudesse ter acontecido com Magnus. 

As pessoas simplesmente não desaparecem, especialmente sem levar seu passaporte e pertences com elas.

Jace ficava dizendo a ele para esquecer, continuava dizendo que Magnus era um merdinha ingrato por ir embora daquele jeito. 

Alexander gostaria de poder seguir esse conselho, mas o problema era que ele não conseguia acreditar nisso completamente. 

Depois de sua raiva e mágoa iniciais, Alexander tinha pensado sobre seu relacionamento com cuidado e não conseguia acreditar que Magnus — seu sincero, doce e inocente Magnus — era realmente uma pessoa de merda.

Jace zombou quando Alexander disse isso a ele. 

— Sincero? Inocente? Ele mentiu até sobre o nome dele! Vamos lá, eu sei que você gostava dele, mas certamente você não pode ser tão cego. Ele era uma raposa fingindo ser um coelho, e você acreditou.

Jace estava certo. 

Racionalmente, Alexander sabia disso. Irracionalmente, ele ficava pensando sobre a maneira como Magnus sorria para ele, a maneira como ele se aninhava nele, a maneira como ele tremia sob seu toque, a maneira como ele respondia a seus beijos, sua boca ansiosa, doce e inocente pra caralho. 

Uma pessoa podia mentir, mas a linguagem corporal não.

Ou ele estava apenas se iludindo?

Provavelmente. Porque nenhuma explicação fazia sentido. Alexander até considerou a possibilidade de Magnus ter partido porque se sentiu culpado por trair sua noiva, mas isso não explicaria o passaporte falso e sem identidade.

Sem mencionar que Magnus não teria feito um maldito bolo para ele.

O bolo ainda estava quente quando Alexander chegou em casa. Foi a coisa mais enlouquecedora.

Ele podia literalmente cheirar o xampu de Magnus no ar, como se Magnus tivesse acabado de passar por ali.

Jace revirava os olhos toda vez que ele tentava argumentar que Magnus não poderia ter saído por sua própria vontade.

— A menos que ele tenha sido abduzido por alienígenas, não há desculpa para ele. Pare de ser tão cego, Alec! Pare de inventar desculpas para o idiota. Esqueça ele. Há muitos peixes no mar. Que diabos, eu nem te reconheço mais.

Sim, Jace estava certo.

Ele tinha que ser realista. Magnus era um mentiroso. Tudo o que ele fez foi mentir. 

Magnus — se o nome dele fosse mesmo Magnus — tinha ido embora e não queria ser encontrado.

Talvez tivesse chegado a hora de seguir em frente.

Star Crossed Lovers (Malec)Onde histórias criam vida. Descubra agora